“Sejam fortes e tenham
coragem, todos vocês que põem a sua esperança em Deus, o Senhor! ” (Sl 31:24)
Irmãos,
bom dia.
Essa
semana na audiência geral no dia 25 de janeiro, o Papa Francisco falou sobre a
esperança, e destacou a história de Judite e sua coragem serviu de ajuda ao
povo de Israel.
Confira
a Catequese do Papa:
Entre as figuras de
mulheres que o Antigo Testamento nos apresenta, ressalta aquela de uma grande
heroína do povo: Judite. O Livro bíblico que leva o seu nome narra a imponente
campanha militar do rei Nabucodonosor, que, reinando em Nínive, alarga as
fronteiras do império derrotando e escravizando todos os povos ao redor. O
leitor entende encontrar-se diante de um grande invencível inimigo que está
semeando morte e destruição e que chega à Terra Prometida, colocando em perigo
a vida dos filhos de Israel.
O exército de
Nabucodonosor, de fato, sob guia do general Holofernes, estabelece cerco a uma
cidade da Judeia, Betulia, cortando o abastecimento de água e minando, assim, a
resistência da população.
A situação se faz
dramática, ao ponto que os habitantes da cidade se dirigem aos idosos pedindo
para se renderem aos inimigos. Suas palavras são desesperadas: “Não há mais
ninguém que possa nos ajudar, porque Deus nos vendeu em suas mãos para sermos
abatidos diante deles pela sede e por terríveis males. Chegaram a dizer isso:
“Deus nos vendeu”; o desespero era grande naquele povo. Agora o chameis e
entregueis toda a cidade ao povo de Holofernes e a todo o exército para que a
saqueiem” (Jud 7, 25-26). O fim parece agora inevitável, a capacidade de se
confiar a Deus se exauriu. A capacidade de se confiar a Deus se exauriu. E
quantas vezes nós chegamos a situações de limite onde não sentimos nem mesmo a
capacidade de ter confiança no Senhor. É uma tentação ruim! E, paradoxalmente,
parece que, para escapar da morte, não resta nada a não ser entregar-se nas
mãos de quem mata. Eles sabem que estes soldados entrarão para saquear a
cidade, tomar as mulheres como escravas e depois matar todos os outros. Esse é
justamente “o limite”.
E diante de tanto
desespero, o chefe do povo tenta propor um ponto de esperança: resistir ainda
cinco dias, esperando a intervenção salvífica de Deus. Mas é uma esperança
frágil, que o faz concluir: “E se passarem esses dias e não chegar ajuda, farei
como vocês disseram” (7, 31). Pobre homem: estava sem saída. Cinco dias são
concedidos a Deus – e aqui está o pecado – cinco dias são concedidos a Deus
para intervir; cinco dias de espera, mas já na perspectiva do fim. Concedem
cinco dias a Deus para salvá-los, mas sabem que não têm confiança, esperam o
pior. Na realidade, ninguém mais, entre o povo, é ainda capaz de esperar.
Estavam desesperados.
É em tal situação que
aparece na cena Judite. Viúva, mulher de grande beleza e sabedoria, ela fala ao
povo com a linguagem da fé. Corajosa, repreende o povo (dizendo): “Vós quereis
colocar à prova o Senhor onipotente, […]. Não, irmãos, não provoqueis a ira do
Senhor, nosso Deus. Se não vai nos ajudar nesses cinco dias, Ele tem pleno
poder de nos defender nos dias que quer ou também de nos fazer destruir pelos
nossos inimigos. […] Por isso esperemos confiantes a salvação que vem Dele,
supliquemos que venha em nosso auxílio e escutará o nosso grito, se a ele
agradar” (8, 13. 14-15. 17). É a linguagem da esperança. Batamos à porta do
coração de Deus, Ele é Pai, ele pode nos salvar. Esta mulher, viúva, arrisca
até mesmo fazer um papelão diante dos outros! Mas é corajosa! Vai adiante! Esta
é uma opinião minha: as mulheres são mais corajosas que os homens (aplausos na
sala).
E com a força de um
profeta, Judite chama os homens do seu povo para reconduzi-los à confiança em
Deus; com o olhar de um profeta, ela vê além do estreito horizonte proposto
pelos chefes e que o medo torna ainda mais limitado. Deus agirá certamente –
ela afirma – enquanto a proposta dos cinco dias de espera é um modo para
tentá-lo e para escapar da sua vontade. O Senhor é Deus de salvação – e ela
acredita nisso – seja ela qual for. É salvação libertar dos inimigos e fazer
viver, mas, em seus planos impenetráveis, pode ser salvação também entregar à
morte. Mulher de fé, ela o sabe. Depois conhecemos o fim, como terminou a
história: Deus salva.
Queridos irmãos e irmãs,
nunca coloquemos condições a Deus e deixemos, em vez disso, que a esperança
vença os nossos medos. Confiar em Deus quer dizer entrar nos seus desígnios sem
nada pretender, também aceitando que a sua salvação e a sua ajuda nos alcançam
de modo diferente das nossas expectativas. Nós pedimos ao Senhor vida, saúde,
afetos, felicidade; e é justo fazê-lo, mas na consciência de que Deus sabe
tirar vida também da morte, que se pode experimentar a paz também na doença e
que se pode ser sereno também na solidão e feliz no pranto. Não somos nós que
podemos ensinar a Deus aquilo que deve fazer, aquilo de que precisamos. Ele o
sabe melhor que nós e devemos confiar, porque os seus caminhos e os seus
pensamentos são diferentes dos nossos.
O caminho que Judite nos
indica é aquele da confiança, da espera na paz, da oração e da obediência. É o
caminho da esperança. Sem nenhuma renúncia fácil, fazendo tudo quanto está nas
nossas possibilidades, mas sempre permanecendo na sequência da vontade do
Senhor, porque – sabemos disso – rezou tanto, falou tanto ao povo e, depois,
corajosa, se foi, procurou o modo de se aproximar do chefe do exército e
conseguiu cortar a cabeça, degolá-lo. É corajosa na fé e nas obras. E procura
sempre o Senhor! Judite, de fato, tem o seu plano, o faz com sucesso e leva o
povo à vitória, mas sempre na atitude de fé e de quem tudo aceita das mãos de
Deus, segura de sua vontade.
Assim, uma mulher cheia
de fé e de coragem restaura força ao seu povo em perigo mortal e o conduz nos
caminhos da esperança, indicando-o também a nós. E nós, se fizermos um pouco de
memória, quantas vezes ouvimos palavras sábias, corajosas, de pessoas humildes,
de mulheres humildes que alguém pensa que – sem desprezá-las – são ignorantes…
Mas são palavras de sabedoria de Deus! As palavras das avós… Quantas vezes as
avós sabem dizer a palavra certa, a palavra de esperança, porque têm a
experiência da vida, sofreram tanto, confiaram em Deus e o Senhor faz esse
presente de nos dar o conselho de esperança. E, seguindo por aqueles caminhos,
será alegria e luz pascoal confiar-se ao Senhor com as palavras de Jesus: “Pai,
se queres, afasta de mim este cálice. Todavia, não seja feita a minha, mas a
tua vontade” (Lc 22, 42). E esta é a oração da sabedoria, da confiança e da
esperança.
(Com
tradução de Canção Nova)
(C. L – Minions Católicos)
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