Maria, serva fiel

(Por Rodrigo Damasio)

Oi, gente! Acho que o ponto da fidelidade de Maria já tinha sido abordado em algum texto esse mês, mas estou aqui conversando com ela e me deparei com um lado que para mim é diferente, então resolvi partilhar. É comum para nós associarmos a fidelidade de Maria com o seu sim diante da anunciação, com o seu permanecer aos pés da cruz, acontecimentos que, convenhamos, a não ser pela extensão teológica a realidade das nossas vidas são distantes da nossa realidade. Eu simplesmente não consigo ver o anjo Gabriel entrando na minha humilde residência e me dizendo que vou conceber do Espírito, I'm sorry. Mas a fidelidade de Maria, que pode ser vista nesses dois cumes, não pode ser resumida a eles.
Onde eu vejo a fidelidade de Maria mais claramente, é simplesmente na escolha de fazer todas as coisas por amor, numa fidelidade que foi capaz de chegar aos extremos porque foi amadurecida, provada, forjada nas chamas do amor de Deus. A anunciação foi só o começo de uma jornada de Maria que decidiu fazer uma oferta de vida, oferta essa que se traduziria não em uma aceitação de um dia, mas em uma fidelidade renovada a cada dia. Maria não simplesmente disse "faça-se em mim segundo a tua palavra" e ficou assim e “é nois”, não foi e não é assim. Aquele ato foi renovado a cada dia, a cada enjoo matinal da gravidez, a cada contração nas dores do parto, a cada noite mal dormida, a cada simples refeição feita para alimentar o Homem-Deus e a José, a cada história na hora de dormir, em resumo, a cada respirar um novo sim, uma nova oferta de amor, em todas as coisas. Note comigo que essa fidelidade não se traduzia somente a uma vida espiritual e religiosa (apesar de nós vermos claramente que essa dimensão ocupada o coração naturalmente orante de Maria), Maria foi fiel no seu ser família ao ir cuidar de Isabel na visitação, foi fiel no seu ser esposa, foi fiel no seu ser mãe, soube fazer da sua humanidade por inteiro uma oferta a Deus, teve enraizado no seu coração que a fidelidade era um pertencer inteiramente, em todas as coisas.
É inevitável ao olhar essa oferta incondicional da Mãezinha não questionarmos a nós mesmos: até onde vai a minha fidelidade? Eu por exemplo, posso dizer que na maioria das vezes sou fiel com a minha missa diária, com minha adoração, com a minha lectio, mas e com os meus estudos? E com o meu ser filho? Família? Amigo? É muito comum quando nos encontramos apaixonados por Deus (fato do qual eu sou culpado) nos esquecermos que Ele nos colocou num mundo onde a nossa fidelidade e oferta é exigida de várias maneiras, e isso faz com que a nossa oferta de vida a Deus demande uma fidelidade em vários lugares que não se limitam a Igreja ou a capela, mas que tomam conta de uma vida inteira. A minha fidelidade hoje (falando de mim mesmo) precisa tantas vezes sair do seu comodismo para ser um filho melhor, um estudante mais dedicado, um amigo mais atencioso, e também um filho de Deus mais fiel e consciente de ser amado por Ele. Em Mateus 25,21 vemos na parábola que aquele que é fiel no pouco, Ele vai confiando mais e permitindo participar na sua alegria, e o viver mais, a capacidade de uma fé mais corajosa, capaz de seguir com mais amor, é algo que nas pequenas coisas da nossa vida vai sendo exercitada e construída. Se a minha fidelidade a Deus se limita a minhas missas e minhas horas na capela, se ela não me configura com Cristo no concreto da minha vida, algo precisa ser revisto. 
Hoje eu quero te convidar a fazer com Maria essa experiência, de primeiramente sentir esse amor de Deus, e sentindo esse amor a cada dia renovado ser capaz de dar um novo sim, um sim de vida inteira, decidido e apaixonado, desejoso de corresponder esse amor que inflama o seu coração. Quando estiver lendo e chegar aqui, pare um pouco, respire, olhe para o seu dia, para a sua vida, e diga: "Senhor, como a minha Mãezinha, eu oferto a ti esse e todos os momentos, eu ofereço a ti tudo o que tenho e sou, com toda a minha fraqueza e limitação eu desejo ser como tu és, em todas as coisas. Eu desejo fazer de cada respiração, de cada mínimo gesto, uma oferta de amor a ti. Desposa-me, Senhor com o teu Espírito, para que inflamado por esse amor eu possa ser fiel a ti em todas as coisas, na minha oração, na minha família, nos meus estudos e no meu trabalho. Capacita-me, Amado, a caminhar com a tua Santa Mãe, e a fazer da minha vida uma oferta constante e fiel de amor apaixonado" 
Que através da vivência com Maria da fidelidade diária, nas menores coisas, a Nosso Senhor, sejamos forjados no fogo do Espírito para suportar as grandes provações com amor e decisão e mereçamos permanecer ao lado da Virgem Santa consolando seu filho aos pés da Cruz.


Maria santa e fiel, ensina-nos a viver como escolhidos.
           Olhos voltados para o céu e por Ele construir a nova vida.
(Maria do Novo Homem – Mensagem Brasil)

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