(Por Mariana Neves)
Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas
estas coisas vos serão dadas em acréscimo (Mt 6, 33)
Olá, pessoal! Há duas
semanas eu comecei a citar aqui sobre a gastrimargia, uma das três doenças
espirituais fundamentais, e a filáucia, que é a mãe de todas elas. Hoje, eu
irei abordar sobre as outras duas doenças espirituais primárias, que são a
vanglória e a avareza. Juntos, vamos entender um pouco mais sobre esses males
que nos atingem e muitas vezes nem percebemos.
A vanglória, conhecida
também como cenodoxia, é quando temos uma opinião excessivamente boa sobre nós
mesmo. Ou seja, a pessoa tem um conceito muito elevado sobre si, tem a presunção
de se achar especial demais. Porém, essa presunção leva a pessoa ao precipício
e ela acaba se tornando vaidosa e se achando o centro do mundo. Mas a vanglória
não consiste só em se achar demais, mas se achar de menos também. Achar que é a
pessoa mais miserável de todas e ter a vaidade a ponto de se achar digna de ser
miserável também caímos na vanglória. No final somos todos iguais, somos todos
medíocres. Nem no pecado nós somos originais
Quanto a avareza, ou filargíria,
é a amizade pelo dinheiro. Nesse caso, a pessoa acha que irá alcançar segurança
e tranquilidade no acumulo dos bens, mas ela acaba se precipitando na desgraça.
O salário da filargíria é o medo. Pode ser o medo em relação à segurança, à
inflação, o medo de um investimento mal feito. Ter dinheiro não é pecado, o
problema é a avareza, é fazer dos bens materiais a sua salvação. “Felizes os
pobres pois se depositaram em Deus a sua confiança e sua esperança”.
Tanto a gula, quanto a
vanglória e a avareza destroem a nossa saúde espiritual e até mesmo a nossa
vida. Porém, Jesus nos dá o ensinamento sobre como curamos essas doenças, que
foi inclusive o Evangelho da semana passada.
Para a gula, o jejum “Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim,
não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao
oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á” (Mt 6, 17-18);
para a avareza, a esmola: “Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta
diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem
louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando
deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua
esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á” (Mt
6, 2-4); para a vanglória, a
oração: “Quando orardes, não façais como
os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas,
para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua
recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta
e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto,
recompensar-te-á. Nas vossas orações, não multipliqueis as
palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras”
(Mt 6, 5-7). Essas são as três práticas quaresmais.
Como eu disse na semana
passada, a filáucia é a mãe da gula, da vanglória e da avareza. Dessas três,
brotam mais cinco doenças. Da gula deriva a luxúria, da vanglória o orgulho e a
vaidade. Se você tira a comida, o dinheiro e a glória, os três ídolos, gera na
pessoa a ira. Mas se alcançou as três coisas e não alcançou o esperado, gera a tristeza.
Ao longo do seu processo de luta espiritual contra esses três males, se perde a
força e a esperança a pessoa sofre da acídia.
Evágrio Pôntico, um monge
do século V, diz: “Realmente, é pouco
provável que se caia nas mãos dos espíritos da fornicação senão cair antes na
gula. E não há quem, tendo sido perturbado pela ira, não tenha previamente
caído nos prazeres de uma boa mesa, pelas riquezas e pela glória. E não há modo
de fugir do demônio da tristeza, se não suporta a privação de todas essas
coisas. Assim como nada pode fugir do orgulho, ninhada do diabo; se não há
erradicado antes a raiz de todos os males, que é o amor pelo dinheiro, sim é
verdade, como disse Salomão, que a indigência faz o homem humilde”.
Infelizmente, nós não
paramos só nessas três doenças espirituais fundamentais. Essas três se
ramificam em mais cinco, que se ramificam em outras e assim nós vamos matando a
nossa vida com Deus. O pecado nos afasta de Pai, nos impede de contemplar o
amor e experimentar a misericórdia. Vamos juntos fazer dessa leitura uma forma
de nos aproximar cada vez mais do que o céu tem a nos oferecer.
Enquanto eu ouvia as
aulas do curso de doenças espirituais para preparar esse texto, eu ia vendo o
quanto eu ainda sou cheia de mim mesma. É como eu sempre falo, enquanto eu vou
escrevendo, eu também vou apanhando. Não adianta eu escrever a vocês se em mim
não surge efeito também. Por isso, vamos caminhar juntos e crescer na nossa
espiritualidade para que possamos ser testemunhos autênticos do amor de Deus,
para que somente Ele cresça e seja o maior motivador de nossas vidas.
Que Nossa Senhora de
Guadalupe nos guie com Seu amor de Mãe! Deus nos abençoe.
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