São Pedro e São Paulo

(Por Agenor Ferraz e Mariana Neves)

Hoje, a Igreja celebra o dia de São Pedro e São Paulo. Eles são considerados os “cabeças dos apóstolos”, pois foram os principais líderes da Igreja Cristã Primitiva. Foram homens de grande fé, zelavam por levar a Palavra às pessoas, viveram a radicalidade que o Evangelho nos pede. Foi difícil sintetizar, mas buscamos contar a história desses santos homens sem que perdesse a essência da história de cada um.
Simão filho de Jonas, ou Barjonas, assim era conhecido São Pedro nos seus tempos antes de conhecer Jesus. A história acredita que, Pedro e Jesus, pela proximidade de suas idades teriam convivido, e em alguns momentos poderiam ter estado no mesmo lugar. Por exemplo, no episódio em que Jesus acaba por se perder de Maria e José, aquilo era o costume daquele povo, então todos saíam caminhando juntos, logo é possível que Pedro e Jesus tenham se cruzado ainda quando eram crianças, mas sem haver um dialogo que já tenha sido registrado. 
No instante em que Pedro conhece Jesus, ele já estava casado, e já tinha uma idade avançada. Por ser pescador tinha uma posição de respeito ante os outros homens e uma família muito bem estabilizada. No entanto, como já falamos da idade dele, o mesmo já estava ali mais por uma questão de respeito a sua idade e tudo o que sabia do que pela sua capacidade de trabalho. Era um homem de coração duro, e, no linguajar popular ranzinza, e fiel seguidor da Torá.
No momento em que encontra-se com Jesus, há a troca de seu nome. Simão significa aquele que balança, quando Simão acredita quem é aquele que vos falava, Jesus muda seu nome para Pedro, na tradução literal e mais próxima do original, seu nome é alterado para Cefas, que significa Pedro. Cefas significa pedra que pode ser moldada.
Diante de todos aqueles sinais que Pedro demonstrava a Jesus, este passa acreditar em Pedro e em tudo o que Deus teria revelar em sua vida. Sem dúvidas, ele é o apóstolo mais citado na Bíblia, e em vários momentos vemos uma grande oscilação em Pedro, desde ser um homem de extremo amor e fidelidade a Jesus, quando diz que não o abandonará na Santa Ceia, até o momento em que ele nega três vezes antes de sua crucificação no momento em que era perseguido.
Vendo tantos episódios de oscilação, muitas vezes nos perguntamos por que a escolha desse homem que mostra tão pouca segurança. A resposta é simples, na verdade Pedro é a figura do ser humano. Quantas vezes nós não negamos Jesus no nosso dia a dia? Negar, não necessariamente, precisa ser dizer que não é de Cristo, mas na verdade, negamos Ele quando pecamos. Mas, assim como ele provou inúmeras vezes da misericórdia de Deus, assim somos nós, varias vezes caímos em nossos pecados e nunca desistimos de estar perto do Pai, assim como Pedro o fazia.
Após a morte de Jesus, Pedro foi escolhido para ser o guia da igreja, e é eleito por Jesus o primeiro papa. E assim conduz a igreja até a sua morte. O martírio de Pedro aconteceu da seguinte maneira: o cristianismo continuou a ser perseguido, e Cefas era muito visto, tanto que, no ano 67 d.C ele é preso, e condenado a crucificação. No momento de sua morte, alegando não ser digno de morrer como Jesus pede para ser crucificado de cabeça para baixo e assim sofre seu martírio. São Paulo, que também é conhecido como o apóstolo dos gentios, nasceu em Tarso. Antes de sua conversão, chamava-se Saulo, o perseguidor dos cristãos. O seu pai pertencia à seita dos fariseus o que fez com que ele também buscasse se aprofundar no conhecimento da lei, indo estudar na escola de Gamaliel (um dos grandes mestres da Lei na época), em Jerusalém.
Foi nessa época que Saulo conheceu o cristianismo, que ainda era considerado uma seita. Tornou-se um grande inimigo dessa religião e daqueles que a seguia. Em Atos dos Apóstolos, temos a narração da morte de Santo Estevão, o primeiro mártir da Igreja. Como que para mostrar a sua aprovação diante do martírio de Estevão, Saulo segura as vestes daqueles que o apedrejavam (cf. Atos 7, 54-60; 8, 1). Era autorizado a identificar e prender os cristãos de forma violenta, o que dizia fazer em nome do Senhor. Porém, eis que Jesus faz com que Saulo tenha um encontro com Ele em Damasco.
“Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém todos os homens e mulheres que achasse seguindo essa doutrina. Durante a viagem, estando já perto de Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues? ’ Saulo disse: ‘Quem és, Senhor? ’ Respondeu ele: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão’ Então, trêmulo e atônito, disse ele: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ Respondeu-lhe o Senhor: ‘levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer.’” (Atos dos Apóstolos 9, 1-6)
Saulo foi até Damasco, onde passou três dias sem ver, sem comer e nem beber. Em uma visão, o Senhor falou a Ananias, um discípulo dócil ao Espírito Santo, que fosse ao encontro de Saulo afim de que ele impusesse as mãos sobre Saulo e o fizesse recobrar a visão. Ananias fez o que o Senhor pediu e enquanto pediu sobre Saulo o Espírito Santo, escamas caíram de seus olhos e ele voltou a enxergar. Depois disso, Ananias o batizou.
“Eis uma verdade absolutamente certa e merecedora de fé: Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro. Se encontrei misericórdia, foi para que em mim primeiro Jesus Cristo manifestasse toda a sua magnanimidade e eu servisse de exemplo para todos que, a seguir, nele crerem, para a vida eterna” (I Tim 1, 15-16)
Saulo então se converte e passa a se chamar Paulo. Com a mesma radicalidade que vivera o judaísmo, Paulo agora se abraça com a Igreja de Cristo. A cruz passara a ser para ele o rumo de sua vida, a luz de seus passos, a fortaleza de sua virtude, o seu único motivo de glória. Esse amor agora o impelia a falar, pregar e percorrer os confins do mundo para conquistar almas para Cristo. “Ai de mim se eu não evangelizar” (I Cor 9, 16).
São Paulo não temia a morte. “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gal 2, 20). Foi condenado à morte, mas por ser cidadão romano, não podia ser crucificado como São Pedro foi. Ele foi condenado à decapitação no ano de 67. Conta a tradição que ao ser decapitado, sua cabeça rolou e bateu três vezes no solo e fez brotar três fontes que podem ser vistas ainda hoje na Igreja de San Paolo all Ter Fontane, na via d’Ostia, em Roma.
Paulo lutou até o ultimo momento com entusiasmo, desprendimento, heroísmo e entrega para levar a todos o Evangelho de Cristo. Ao se encontrar com a luz de Cristo, viveu a radicalidade em sua vida. A história de São Paulo é riquíssima e podemos ter acesso a ela na nossa bíblia. Ele fundou muitas comunidades e escreveu cartas a elas, dando origem às treze Epístolas de São Paulo. São elas: Carta aos Romanos, 1ª e 2ª Cartas aos Coríntios, Carta aos Gálatas, Carta aos Efésios, Carta aos Filipenses, Carta aos Colossenses, 1ª e 2ª Cartas aos Tessalonicenses, 1ª e 2ª Cartas a Timóteo, Carta a Tito e Carta a Filémon.
E o que queremos dizer com tudo isso? O que a história de São Pedro e São Paulo tem a ver com as nossas vidas? Ambos foram homens comuns, que não conheciam Jesus, mas no momento em que tiveram um encontro verdadeiro com o Cristo não hesitaram em viver a radicalidade do Evangelho, de dar toda a vida para Deus, de gastar a vida por Aquele que se entregou na cruz por nós. Peçamos a intercessão desses santos para que possamos ser discípulos autênticos de Jesus.

São Pedro e São Paulo, roguem por nós!

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