(Por Stella
Araújo)
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!” (Mt.
5,8)
Boa tarde,
irmãos! Que a paz de Nosso Senhor esteja em vossas vidas.
O tema do
texto de hoje abordará a questão da pureza. Bem sabemos que somos chamados a
ter um coração puro, um coração segundo o Coração de Jesus. No entanto, devido à
concupiscência, somos levados ao pecado, nos deixando seduzir pelas tentações que
aparecem ao longo do nosso caminho.
“Concupiscência”! Mas o que
vem a ser essa palavrinha tão complicada? “Em
seu sentido etimológico, a concupiscência
significa qualquer forma de desejo humano. A teologia cristã lhe deu o sentido
particular de moção do apetite sensível que se opõe aos ditames da razão
humana. E por fim, o Apóstolo Paulo a identifica como a revolta que a “carne”
provoca contra o “espírito”. Ela transtorna as faculdades morais do homem e,
sem ser pecado em si mesmo, inclina-o a cometê-lo “(CIC § 2515).
No tocante a
essa inclinação para o pecado, São João distingue três espécies de
concupiscência, as quais são: da carne,
dos olhos e da soberba da vida. Sendo que no nono mandamento está contida a
proibição da concupiscência carnal e no décimo, a proibição da concupiscência
em relação aos bens alheios.
Irmãos! O
Catecismo vem nos advertir que o “coração
é a sede da personalidade moral: “É do coração que procedem as más intenções,
assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e
difamações” (Mt 15,19). A luta contra a concupiscência da carne passa pela purificação
do coração a prática da temperança”.
Vivemos em
uma constante batalha contra o pecado, nadamos contra a correnteza do mundo. Na
conjuntura atual em que estamos inseridos, somos chamados a viver segundo a
carne, atendendo os desejos de nosso corpo e buscando incessantemente o prazer
e a satisfação de nossas vontades, seja por meio do sexo ou qualquer outro meio
que nos cause uma falsa sensação de contentamento. A mídia, a sociedade, as
pessoas nos influenciam a tal permissividade.
Por meio do
sacramento do batismo, recebemos a graça da purificação de todos os pecados. Mas
nós, os batizados devemos travar uma constante batalha contra a concupiscência.
Sabemos que essa luta não é nada fácil. Porém, o catecismo nos traz
recomendações para continuarmos firmes e fortes lutando contra todo tipo de má
inclinação, a fim de alcançarmos a pureza de coração, através da graça de Deus.
Logo, será possível obtermos a pureza de coração, mediante:
- A virtude
e o dom da castidade, pois a castidade nos permite amar com um coração reto e
indiviso;
- A pureza
de intenção, que consiste em visar o fim verdadeiro do homem, buscando assim,
realizar a vontade de Deus;
- A pureza
do olhar, exterior e interior, e também pela disciplina dos sentimentos e da
imaginação. Além, da recusa de toda complacência nos pensamentos impuros;
- A oração.
O Catecismo
nos ensina que a pureza exige o pudor. Este preserva a intimidade e está
ordenado à castidade, exprimindo sua delicadeza. Orienta olhares e gestos.
Pudor é modéstia, inspira o modo de vestir. Ele protege o mistério das pessoas.
Assim como existe o pudor de sentimentos, existe o pudor, também do corpo. “Conserva-te na simplicidade, na
inocência, e serás como as criancinhas, que ignoram o mal destruidor da vida
dos homens”.
Através da pureza, uma promessa é feita a
todos nós. Por ela, veremos a Deus. “A
expressão “puros de coração” designa aqueles que entregaram o coração e a
inteligência a Deus, principalmente em três campos: a caridade, a castidade, ou
a retidão sexual, o amor à verdade e à ortodoxia da fé. Existe um laço de união
entre a pureza do coração, do corpo e a fé” (CIC § 2518).
Que Nosso Senhor, em sua infinita bondade nos conceda a pureza de
coração, para que um dia alcancemos a imensurável graça de contemplar a Tua
Sagrada Face. Elevemos nosso pedido ao Senhor: “Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de
firmeza” (Sl 50,12).
“Eu
julgava que a continência dependia de minhas próprias forças... forças que eu
não conhecia em mim. E eu era tão insensato que não sabia que ninguém pode ser
continente, se vós não lho concedeis. E sem dúvida no teríeis concedido, se com
meus gemidos interiores vos ferisse os ouvidos e , com firme fé, depusesse em
vós minha preocupação” (Santo Agostinho)
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