Eremitas, amantes da solidão com Deus

(Por Evelly Karine)

 Encerrando essa semana os textos sobre a vocação à vida religiosa, trago hoje um pouco sobre como é a vida eremítica. Primeiro precisamos entender o que é eremita. É aquele que é chamado por Deus para viver em solidão, numa vida de oração e penitência. Não necessariamente precisa viver fora da cidade, embora seja a decisão da grande maioria, mas há aqueles que moram na cidade pela facilidade de ir ao médico, ao mercado e não depender tanto da boa vontade das pessoas. Há que se recordar que o elemento principal da vida eremítica é a solidão para estar com Deus.  
Dentro da vida eremítica existem algumas divisões são elas: eremitismo autônomo, diocesano, monástico e recluso que é o mais raro. O eremita autônomo ou independente, geralmente são leigos solteiros ou viúvos que vivem os votos da castidade, pobreza e obediência, moram sozinho, sua moradia é financiada pelo seu próprio sustento. São orientados por diretores espirituais (padres ou pessoas consagradas a Deus), que direcionam a vida espiritual do eremita. Estes não emitem votos públicos, fazem promessas ou votos privados. Sobre isso o Catecismo diz que: "Os eremitas nem sempre fazem profissão pública dos três conselhos evangélicos; mas, por meio de um mais estrito apartamento do mundo, do silêncio na solidão, da oração assídua e da penitência, consagram a sua vida ao louvor de Deus e à salvação do mundo.” (CIC§ 920)
Já o diocesano é consagrado, professa os votos publicamente, vive na obediência do Bispo, mas também devem garantir seu próprio sustento. Quando são admitidos na diocese, moram em casas ou capelas que pertencem à diocese. Não precisam financiar a moradia, mas devem garantir todas as outras despesas. Os eremitas de um modo geral ganham seu sustento com trabalhos artesanais monásticos: imagens, velas, costura, paramentos litúrgicos, pintura em tecido, etc. 
A diferença entre os eremitas autônomos e diocesanos está no "status": São consagrados reconhecidos pela Igreja, enquanto os anteriores vivem uma consagração em dimensão oculta e espiritual. Não há nenhuma uniformidade no uso do hábito, alguns confeccionam um traje próprio, e outros para passarem despercebido preferem o uso de roupas comuns. Em algumas dioceses, pode-se usar o hábito, porém sem usar a touca. Cada eremita faz a sua própria regra de vida, como constituições particulares. Para ser um eremita diocesano, deve-se procurar o Bispo de sua diocese e seguir suas orientações.
Os eremitas monásticos são incorporados dentro de Ordens ou Congregações Religiosas Emitem votos Solenes e dependem do superior geral de sua Ordem ou Congregação. Observam normas próprias de seu Instituto. Geralmente ingressa-se no Mosteiro e o candidato faz todas as etapas de formação: postulantado, noviciado, profissão temporária e votos solenes ou perpétuos. Alguns só permitem a mudança à vida eremítica após os votos Solenes, outros até mesmo cinco anos depois dos votos solenes. Ex.: Os Camaldulenses.
E por fim, mas não menos importante os eremitas reclusos que são os mais raros. É a modalidade mais radical do eremitismo. Estes além da solidão se privam também de sair de suas celas e vivem em reclusão. Não é possível evitentemente viver essa modalidade da vida eremítica sem o auxílio de uma pessoa que traga na cela a comida ou outras coisas necessárias.  Permanecem sempre na Presença constante e ininterrupta de Deus, pela oração hesycasta: "Senhor Jesus, tem piedade de mim". Essa prece é interrompida apenas para os Ofícios Divinos ou quando saem da cela, para Santa Missa.
Para você saber se tem vocação para a vida eremítica precisa-se reconhecer algumas coisas, como a atração pela solidão, não a aversão as pessoas, mas o desejo de ficar sozinho com Deus em oração. Se tem amor a Deus e a salvação das almas, se estiver disposto (a) a viver as instabilidades dessa vocação como não ter a Eucaristia todos os dias (exceção dos diocesanos), se privar de confortos, se tem inclinação a uma vida mortificada e saúde necessária para viver sozinho.

Em resumo dessa semana dedicada à vida religiosa pode-se perceber que um desejo constante de entregar sua vida a Deus e aos outros, vivendo sempre a pobreza, a castidade e a obediência, ensinamentos deixados por São Francisco de Assis. 

Comentários