Escravos de Jesus pelas mãos de Maria


(Por Mariana Neves)

“Esta devoção é um “caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Deus, na qual consiste a perfeição cristã” (TVD 152)

Olá, pessoal! Chegamos ao fim do mês vocacional. Espero que tenham gostado dos textos que preparamos para vocês. Nesse último dia do mês, vou falar um pouco com vocês sobre os leigos consagrados a Nossa Senhora.
Como vimos nos últimos textos, os leigos são todos aqueles que são batizados e que têm por missão anunciar o Evangelho de Cristo. Mas, e os leigos consagrados a Maria? O que difere eles dos demais leigos?
Um consagrado a Nossa Senhora é chamado a viver fielmente as promessas batismais, renunciando ao pecado e se dando inteiramente a Jesus pelas mãos de Maria. Entrega a Mãe da Igreja todos os bens materiais e também todos os bens espirituais. Além da entrega desses bens materiais e espirituais, a consagração à Virgem Maria exige práticas exteriores, que são as orações e boas obras; e práticas interiores, que são as atitudes interiores.  Dentre as práticas exteriores, podemos destacar a oração do Terço e do Rosário, e a utilização das cadeiazinhas e correntes. As práticas interiores se resumem em fazer todas as ações por Maria, com Maria, em Maria e para Maria, para as fazer de modo mais perfeito por Jesus, com Jesus, em Jesus e para Jesus (cf. TVD 257).
Natalino Ueda, do blog Todo de Maria, vai dizer que: “a consagração, ou escravidão de amor, é um caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Deus, na qual consiste a perfeição cristã: esta devoção é um caminho fácil, que Jesus Cristo abriu ao vir até nós, e onde não se encontra obstáculo algum para chegar até Ele; esta devoção a Santíssima Virgem é um caminho curto para encontrar Jesus Cristo, quer porque ninguém se perde nele, quer porque […] se avança por ele com mais alegria e facilidade e, portanto, com mais prontidão; a consagração é um caminho perfeito para ir a Jesus Cristo e para nos unir a Ele, porque Maria Santíssima é a mais perfeita e a mais santa das puras criaturas. O Filho de Deus escolheu o meio mais perfeito para vir até nós e podemos escolher este mesmo caminho para nos unir a Ele; a escravidão de amor é um meio seguro para ir a Jesus Cristo, primeiramente porque já é um caminho conhecido e bem-sucedido na Igreja Católica, pelo menos desde o início da Idade Média. Por fim, a consagração a Jesus por Maria é um caminho seguro também porque é próprio da Santíssima Virgem conduzir-nos com segurança a Ele, como é próprio de Jesus conduzir-nos seguramente ao Eterno Pai”.
Se você tem o desejo de se consagrar a Maria, a primeira coisa que deve fazer é conhecer o Tratado da Verdadeira Devoção escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort. É importante que se inicie a leitura do tratado antes da preparação da consagração para que se conheça a devoção da consagração total a Virgem Maria.  Depois da leitura do tratado, escolhe-se uma data para fazer a consagração, que costuma ser em um dia dedicado a Nossa Senhora. É importante ressaltar que a data escolhida não pode ser muito próxima, porque é necessário fazer uma preparação de 30 dias. Durante a preparação para a consagração temos um conhecimento de nós mesmo, das nossas fraquezas e misérias, o conhecimento de Nossa Senhora e o conhecimento de Jesus. Esta preparação pode ser feita somente recitando as orações indicadas no Tratado. Porém, recomenda-se também o uso de livros próprios para a preparação (exercícios espirituais para a consagração), e se faça as reflexões propostas para cada dia antes de fazer as orações. Perto do fim da preparação, é necessário fazer uma boa confissão. No dia da consagração, deve-se participar da Eucaristia e depois da comunhão se faz a consagração conforme a fórmula que está no Tratado. Caso não seja possível a participação da Santa Missa, pode-se fazer a consagração diante de uma imagem de Nossa Senhora. A fórmula da consagração deve ser escrita antes, de preferência de próprio punho. Depois da consagração, quem se consagrou assina a folha com a fórmula e, se houver um Sacerdote ou outra pessoa que possa ser testemunha, ele também deve assinar. São Luís Maria recomenda que a consagração seja renovada todo ano, na mesma data que foi feita pela primeira vez, com as mesmas orações preparatórias.
O tempo da preparação é um tempo que pode ser muito conturbado. Pode surgir a dúvida “devo ou não me consagrar? ”, além de várias situações como brigas, traições, quedas e outras que aumentam ainda mais a nossa dúvida. Deus permite que passemos por essas tentações para “ver a nossa luta contra o mal, o pecado e o Demônio; para que conheçamos o nosso ‘fundo mau’; para que reconheçamos a necessidade da consagração a Jesus e a Maria para a nossa santificação; para que nos fortaleçamos espiritualmente, preparando-nos para viver a consagração; e tantos outros motivos que não nos são revelados para que não atrapalhemos o nosso processo de santificação”. De fato, nós não estamos preparados para nos consagrarmos.
Muitas vezes esperamos estar preparados e ficamos adiando a consagração. A consagração não é para os santos, mas para aqueles que buscam um caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Deus. Como eu disse ali em cima, pode ser que a gente caia durante o tempo da preparação. Mesmo diante dessa situação, nós não devemos desistir da consagração e procuremos o mais rápido possível a confissão. Pode ser também que passemos por algumas tribulações, dificuldades e perdas, mas não podemos desistir nem mesmo diante dessas situações. Devemos combater as tentações e continuar nossa preparação porque a consagração é justamente um auxílio para os tempos difíceis.
Aqueles que se consagram a Nossa Senhora são chamados de escravos por amor. Escravos porque se dá integralmente ao seu Senhor, com tudo o que possui ou possa adquirir, sem nenhuma exceção, sem nenhuma exigência e para sempre (cf. TVD 71). Como escravos de amor, devemos fazer tudo por Maria. Fazer tudo por Maria significa obedecer-lhe em todas as coisas, deixar-nos conduzir pelo seu espírito, pelo impulso da graça que ela nos comunica. Fazer tudo por Maria também é servir-nos dela como medianeira para chegar a Jesus Cristo e nos unir mais perfeitamente a Ele. Fazer tudo por Maria é ainda fazer passar as nossas ofertas pelas mãos maternas de Nossa Senhora, apoiar-nos em sua intercessão, recorrer ao seu auxílio, para melhor conhecer e amar Jesus Cristo.
Sou consagrada a Maria há quase 3 anos. Eu já tinha ouvido falar sobre a consagração por causa de outros amigos que já eram consagrados e acabei me encantando. Aqui em Brasília tem um grupo que dá formações e auxilia na preparação para a consagração e eu fiz quase um ano de curso. Porém, perto dos 30 dias de preparação a minha vida virou um caos. Tive várias quedas, passei por alguns momentos complicados e não me sentia nem um pouco digna de me consagrar. Graças a um irmão de comunidade eu não desisti de me consagrar. Ele me incentivou a continuar tentando e me fez entender que a consagração não é para os perfeitos, mas para aqueles que querem chegar a santidade. E meu irmão me ensinou a rezar a jaculatória “Jesus, dai-me a graça de ter um coração igual ao de Nossa Senhora” nos momentos em que eu caísse ou me encontrasse diante de alguma situação complicada e que me levasse a me distanciar de Deus.
Como consagrados, devemos fazer tudo por Maria sem medo e sem reservas, pois ela não retém nada para si, mas entrega tudo ao seu Filho Jesus Cristo. E que possamos dizer de todo coração “Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt”, que quer dizer: “Eu sou todo teu, e tudo o que é meu te pertence”!
Que Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!

“Estava tão distante do teu aconchego, Mãe, mas voltei
Percebi que tudo que preciso está em ti
Me encontrei no teu olhar, no teu carinho e amor
Conduza-me, conduza-me
Toda tua, inteiramente tua, eu quero ser, ó Mãe
Tu és modelo, tu és força, me apresentando vida
E me leva ao caminho da cruz (3x)
Todo teu, inteiramente teu, eu quero ser, ó Mãe
Todo teu, inteiramente teu, eu quero ser ó Mãe”
(Toda Tua – Colo de Deus)

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