(Por Géssica
Gonçalves)
“Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu
queres! ” (Mt 15,28)
Irmãos e irmãs em Cristo,
bom dia!
Depois de Jesus ter andado a espalhar pela Galileia junto dos seus a
chegada do Reino dos Céus, ele decide-se a ir para terra estrangeira, para a
região de Tiro e Sidon que fica ao norte da Galileia, no atual Líbano, uma
terra estrangeira onde a maior parte das pessoas eram não-judias, ao contrário
da Galileia, onde quase todos eram judeus. Tiro é uma cidade com ambição de domínio e com
grande poder. Desde sua origem até o período romano, havia uma luta do povo
fenício sobre as terras da Galileia. Tiro pode ser considerada uma cidade rica
e economicamente estável. Mas, ao lado desta realidade, também há pobreza.
A mulher identificada nesse Evangelho é designada como Cananeia. Podemos
pensar que ela está tão profundamente angustiada que se humilha até invocar o
Messias dos israelitas. Seu amor de mãe pela sua filha a leva a quebrar as
possíveis fronteiras da sua tradição e das brigas dos povos na procura da saúde
de sua filha.
Mateus descreve com muito mais detalhes o gradativo clamor da mulher e
as diferentes reações de Jesus e dos discípulos. O grito da mulher pede a
compaixão de Jesus reconhecido como Filho de Davi. Ela tinha uma filha endemoniada. A mãe não
sabia mais o que fazer para livrar a pobre coitada daquele sofrimento. O
demônio não deixava a menina em paz em nenhum momento. A mãe da menina
aproveitou que Jesus estava por ali, chegou e gritou: “Jesus tenha pena de mim!
Minha filha está horrivelmente dominada por um demônio! ” Ela conhecia Jesus de
nome e sabia que Ele era muito bom e tinha poder para mandar embora os
demônios. Ao seu clamor que
expressa a solidariedade entre mãe e filha, Jesus fica em silêncio e nada
responde (Mt 15, 23). Será indiferença ou presença silenciosa e reflexiva? O
silêncio também faz parte da aproximação para um verdadeiro encontro, quando as
diferenças são muito grandes.
A mulher movida de uma fé que ultrapassa a dos discípulos grita a Jesus:
“Tem compaixão de mim, Senhor, filho de Davi! Minha filha tem uma doença
maligna”. Jesus não responde. Os discípulos, incomodados, dizem-lhe: “Manda-a
embora, pois vem gritando atrás de nós”.
A mulher, porém, jogou-se aos pés de Jesus: “Senhor, ajuda-me! ”. Jesus insiste em não querer envolver-se no
caso de uma estrangeira: “Não está certo
tirar o pão dos filhos, para jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela, porém, apesar
de reconhecer que não tem esse direito insiste na sua humilde “súplica”: “É verdade, Senhor, mas também os
cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”. Então,
Jesus respondeu: “Mulher, grande é a tua
fé! Seja feito como tu queres”. E, a partir daquela hora, a filha da Cananéia
ficou curada.
A insistência e ousadia da mulher Cananéia, fez com que Jesus atendesse
seu pedido e com isso provou para todos que em Deus não há diferença entre
cultura, cor, raça, credo ou região. Uma grande lição para levarmos para nossas
vidas é que precisamos ter uma fé teimosa, insistente, chata, daquelas que
chega a incomodar, que não desanima nunca, que não se frustra. Pois assim,
quando Deus provar a nossa fé, conseguiremos manter-nos firmes e fiéis. A
perseverança da fé dessa mulher deve nortear também a tua. Insista que Jesus
vai atender.
Mateus ensina para seus irmãos que a justiça de Deus não vê apenas os
judeus que perderam seu lugar de culto e sua casa. Mas todos os povos que, de
alguma forma, estão perdidos e necessitados. O Messias enviou seus discípulos a
todos os povos.
Deus é o Deus da libertação de todos os povos. Deus é o Deus de todos os
sofridos, injustiçados e oprimidos. Deus é o Deus dos necessitados, não
importando cor, raça, credo, cultura ou sangue.
Que nesse dia meus irmãos, possamos pedir ao
Senhor para que sejamos mais sensíveis ao sofrimento dos pobres desta terra, do
que aos “direitos adquiridos” dos sábios e entendidos! Que nas horas de
dificuldades possamos suplicar a Cristo e perseverar, confiando na misericórdia
de Deus.
Santo dia a todos.
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