Evangelho - Mt 22, 34-40

(Por Rodrigo Damasio)

"Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas" (Mt 22, 40)
"O amor de Deus por nós é fundamental para nossas vidas, e levanta questões importantes sobre quem é Deus e quem nós somos" (Bento XVI in Deus Caritas Est)

Amados, hoje venho refletir com vocês sobre o que poderíamos considerar como o núcleo da mensagem de Deus, o maior mandamento, o Amor. Jesus se depara com esse questionamento depois de ter calado os saduceus, novamente tentam pô-lo a prova, e Ele responde acerca do maior mandamento citando a própria Lei na passagem de Deuteronômio (6, 5), cuja centralidade reside no amor. Nisso quero mergulhar um pouco com vocês. Notem comigo que não se diz "obedecerás", "serás submisso" ou nem mesmo "seguirás" quando se fala da relação com Deus, o chamado do primeiro e maior dos mandamentos é ao amar. Nisso, Deus revela a sua essência no trato com o homem que posteriormente São João deixaria explícito: "Deus é amor" (1 Jo 4: 8).
Deus nos chama a amá-lo, inteiramente, apaixonadamente e incondicionalmente, em resumo, nos chama a amar como somos amados. Ao nos chamar a amar, Deus nos convida a fazer parte de um movimento que parte de seu próprio coração, pois Ele amou primeiro (1 Jo 4: 10), e nos oferece também, através do amor, a chave de compreensão de toda a Lei e da Sã Doutrina. Deus nos chama no primeiro mandamento a adentrarmos o movimento mais profundo e característico de seu coração e a nisso compreender todas as coisas e ecoar as palavras de João Paulo II "o Amor me ensinou tudo". Acho que de todas as mensagens que poderíamos tirar dessa passagem que temos hoje a que mais precisamos é essa: Deus nos chama a compreender e viver todas as coisas através do amor.
Trazendo isso para a realidade concreta, é possível ver no mundo de hoje uma sociedade que cada vez mais rejeita os mandamentos de Deus, rejeita a doutrina da Igreja, rejeita tudo que subtraía algo da sua busca incessante por prazeres imediatos, uma sociedade que se revela assim carente de amor verdadeiro. Você que trilha uma caminhada na Igreja, que livremente se submete ao jugo da Lei de Deus, tenho certeza que já foi chamado de alienado, submisso, antiquado, retrógrada ou qualquer outro adjetivo depreciativo que denuncia a linguagem de uma pessoa que não conhece o amor. Digo que não conhece o amor, porque certamente não conhece a Deus e não ama, e o apóstolo nos indica claramente que "aquele que não ama não conheceu a Deus" (1 Jo 4: 8).
Como dito acima, o amor é a chave de compreensão para a mensagem de Deus, é a sua linguagem, e quem não têm a consciência de ser amado por Deus tenta em vão compreender uma linguagem que nunca aprendeu, se debate e julga por não compreender. Essa rejeição que por vezes enfrentamos de partes externas em nossa caminhada e por vezes temos nos mesmos por certas partes da doutrina são sintomáticas da necessidade de um mergulho mais profundo no amor de Deus.
Eu quero lhe convidar hoje, refletindo nessa palavra, a olhar o seu coração e ver o que lhe parece de mais absurdo na doutrina, o que Deus lhe pede que você sente como mais difícil de cumprir. Não sei se é a castidade, a modéstia, a paciência, a misericórdia, mas se você se olhou no espelho e viu aquela parte que está destoando, eu lhe convido a expor isso diante de Deus e pedir uma experiência renovada com o amor, para que através do amor, nós possamos compreender tudo e reconhecer os desígnios de Deus como uma manifestação de amor que nos conduz ao conhecimento dEle e a vivência da nossa essência.
Notamos que o mandamento exposto posteriormente (Mt 22: 39) é, como todos os demais, diretamente dependente da consciência do amor, que é um movimento que parte de Deus e geram em mim a reação de amar. Portanto, amados, que façamos diariamente a experiência de sentir de maneira concreta o amor de Deus por nós, amor que nos faz sair de nós mesmos e nos capacita a amar. No mundo profundamente carente em que vivemos somos chamados a não somente ser conscientes do amor, mas sinais vivos e concretos de sua existência.
Que nossas vidas possam sempre se ofertar para ser um sinal do amor de Deus no mundo e assim conduzir aqueles que ainda não conhecem a Deus a consciência do amor que nos conduz a plenitude!
Shalom!

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