(Por
Rodrigo Damasio)
"Vigiai, portanto, porque não sabeis nem o dia
nem a hora" (Mt 25: 13)
Amados,
hoje nos deparamos no evangelho com uma das inúmeras vezes que Jesus fala do
Reino através de parábolas, sendo dessa vez a parábola das dez virgens.
Comecemos a nossa reflexão com um detalhe importante, sempre que Jesus fala do
Reino nós temos duas dimensões escatológicas envolvidas: uma escatologia
distante que se refere ao julgamento final e uma escatologia cumprida em Jesus
que foi anunciado pelos profetas e que simultaneamente prega o Reino e é o
Reino. Guardemos esse detalhe por um instante.
Na parábola
nós nos deparamos com os dois grupos de virgens envolvidas, as prudentes e as
insensatas, que podem ser vistas como analogias para a maneira como esperamos o
Reino de Deus. É importante ver que durante a espera o fardo das virgens
prudentes que traziam consigo suas ânforas de azeite era certamente mais
pesado, com certeza seu caminho na direção do noivo foi mais custoso, mas no
final, foram elas que se deleitaram no banquete, que foram dignas das núpcias.
Quanto as virgens insensatas, seu caminho certamente foi bastante mais
tranquilo, sem carregar nenhum peso extra e de certa maneira sem se preocupar
em como estariam suas lâmpadas, foram relaxadas de corpo e mente, e quando o
noivo chegou, não estavam prontas. A parábola nos indaga de maneira bem mais
direta do que tantas outras que Jesus fala: como estamos vivendo nosso hoje na
espera de Deus?
No mundo em
que vivemos, a situação das virgens imprudentes pode ser vista como algo
desejado por tantos: um fardo leve, um caminho fácil, um hoje que é vivido sem
qualquer olhar para a realidade do eterno. O resultado a própria parábola nos
deixa claro, não poderemos entrar no banquete. Pare um minuto e perceba como
isso é grave. Nós que somos católicos vivemos na expectativa da plenitude, do
banquete do cordeiro, tendo em vista a escatologia distante. Não poder viver
essa realidade seria infinitamente mais doloroso que todos os pesos terrenos.
Já a
situação das virgens prudentes é o oposto ao nosso mundo hedonista, ela
pressupõe sacrifício e cuidado, observação constante, pressupõe que aceitemos
desde já viver o Reino em nossos corações no cumprimento da vontade de Deus, no
carregar as nossas cruzes. A situação das virgens prudentes nos revela que
devemos viver o hoje em função do eterno, a escatologia realizada em função da
distante. A realidade dessas virgens revela também um profundo amor ao noivo,
amor que não se importa com os pesos a carregar ou com o caminho a trilhar, mas
somente em ir a direção ao noivo e chegar na realização do amor.
A questão
permanece: como estamos vivendo o nosso hoje? Será que hoje eu estou guardando
meu tempo necessário para a intimidade com Deus? Será que hoje eu estou sendo
sinal de Deus para as pessoas através da prática das virtudes? Todas são
questões válidas, e a resposta se renova a cada dia. Não sabemos quando será o
julgamento, mas podemos desde hoje viver na vontade (Reino) de Deus, podemos
sim nos dedicar inteiramente, apaixonadamente a seguir. Mas podemos também
deixar para lá, aceitar os fardos leves do mundo que nos impõe o fardo pesado
de perder a eternidade, podemos optar por viver dentro da zona de conforto e do
que nos agrada, mas correndo sempre o risco de nos faltar o azeita para a
chegada do noivo.
Amados, que
possamos sempre tomar nossos vasos de azeite e nossas lâmpadas e correr na
direção do Amado, cada dia novamente, dando sempre nosso sim a cruz, para que
quando Ele chegar possamos viver a aventura do amor pleno e eterno nas núpcias
do cordeiro.
Shalom!
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