Nossa missão é servir

(Por Stella Araújo)

“Assim todo leigo, em virtude dos dons que lhe foram conferidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja pela medida do dom de Cristo” (CIC § 913)

Boa tarde, galera! Que o Espírito Santo nos inspire a seguir a missão que Deus escolheu para cada um de nós! E para dar sequência ao tema sobre vocação leiga, o texto de hoje falará a respeito dos leigos não consagrados.
Primeiramente, é válido destacar a conotação da palavra “leigo”, assim como explanar sobre o seu papel na igreja, ao longo da história. Em relação ao seu significado, a palavra “leigo” é proveniente do grego “laikós” que provém da palavra“laos” que significa massa, multidão. No grego clássico, essa palavra representa um povo que é distinto de seus chefes. Mas graças ao Concílio Vaticano II essa compreensão foi superada. Assim na Constituição Dogmática sobre a Igreja “Luz dos Povos”, antes de falar da hierarquia e dos leigos, fala do povo de Deus. É a igreja em sua totalidade. Sendo assim, o Concílio superou a distância entre hierarquia e laicato, conferindo à vocação leiga a mesma dignidade dos sacerdotes e religiosos.
Na época dos apóstolos e dos primeiros mártires, os leigos eram chamados a participar ativamente da missão da Igreja. No entanto, na Idade Média, o leigo torna-se um mero ouvinte, silencioso. Hoje, o cenário mudou, o Concílio Vaticano II resgatou a atividade do leigo na Igreja. Sendo assim, “os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: graças a eles a Igreja é o princípio vital da sociedade humana. Por isso, especialmente eles devem ter uma consciência sempre mais clara não somente de pertencerem à Igreja, mas de serem Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a direção do chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja” (Papa Pio XII).
 O Catecismo afirma que o leigo recebe uma vocação admirável e recebe também os meios que permitem que o Espírito produza neles frutos sempre mais abundantes. “Assim, todas as suas obras, preces e iniciativas apostólicas, vida conjugal e familiar, trabalho cotidiano, descanso do corpo e da alma, se praticados no Espírito, e mesmo as provações da vida, pacientemente suportadas, se tornam ‘hóstias espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo’ (I Pd 2,5), hóstias que são piedosamente oferecidas ao pai com a oblação do Senhor na celebração da Eucaistia. É assim que os leigos consagram a Deus o próprio mundo, prestando a Ele em toda parte, na santidade de sua vida, um culto de adoração” (CIC § 901). Dessa forma, os leigos participam no múnus sacerdotal de Cristo. Os pais ao levarem uma vida conjugal com espírito cristão, zelando pela educação cristão de seus filhos, participam do múnus da santificação.
Além disso, os leigos quando atenderem as qualidades exigidas, podem ser admitidos aos ministérios de leitores, de acólitos. “Onde a necessidade da Igreja o aconselhar, podem também os leigos, na falta de ministros, mesmo não sendo leitores ou acólitos, suprir alguns de seus ofícios, a saber, exercer o ministério da palavra, presidir orações litúrgicas, administrar o Batismo e distribuir a sagrada comunhão de acordo com as prescrições do direito” (CIC 903).
“Os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios pastores no serviço da comunidade esclesial para o crescimento e a vida da mesma, exercendo ministérios bem diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor quiser depositar neles” (CIC § 910). Além disso, os leigos podem participar dos concílios particulares, sínodos, conselhos pastorais, tribunais eclesiásticos, etc...
Os leigos também podem exercer o múnus profético. “Os leigos exercem sua missão profética também pela evangelização, “isto é, o anúncio de Cristo feito pelo testemunho da vida e pela palavra”. Nos leigos, ‘esta evangelização... adquire características específicas e eficácia peculiar pelo fato de se realizar nas condições comuns do século: Este apostolado não consiste apenas no testemunho de vida: o verdadeiro Apóstolo procura ocasiões para anunciar a Cristo pela palavra, seja aos descrentes ... seja aos fiéis” (CIC §905).
Aqui podemos citar os catequistas. Pois os leigos que se formarem (existe uma formação para os catequistas) poderão colaborar na formação catequética, no ensino das ciências sagradas e atuar nos meios de comunicação social.
Eu sou catequista em minha paróquia e a cada dia descubro a importância dessa missão que o Senhor me confiou. É uma vocação, é um chamado, é levar a Pessoa de Cristo a cada criança que me escuta. É ser a figura do Bom Pastor que apascenta as suas ovelhas.
Em minhas debilidades e falhas, Deus me capacita e me permite ser, muitas vezes o único contato que aquelas crianças tem com Ele, não porque eu mereça ou seja digna, mas porque tentando ensinar, aprendo muito mais com toda aquela inocência e simplicidade que me rodeia. (Digo eu, mas exerço essa missão com outra catequista).
Irmãos, os leigos não consagrados, somos nós, que não pertencemos à comunidades  como Shalom, Canção Nova e tantas outras comunidades maravilhosas que existem em nosso meio,  ou até mesmo em institutos seculares, mas que pertencemos a Igreja, na qual podemos contribuir com  a evangelização a partir do nosso serviço, do nosso “sim” a Deus, em nossas paroquias, em nossas casas, em nossa faculdade, no trabalho (não que os leigos consagrados não façam  isso, pois eles também evangelizam de diversas formas e em vários lugares por meio de seus testemunhos de vida).  A questão é, sendo leigos consagrados ou não consagrados podemos chegar aonde o sacerdote não chega, como diz o Professor Felipe de Aquino. Tops, podemos anunciar a Cristo por tantos meios de comunicação em tantos lugares, podemos anunciar a Cristo por meio de nossas vidas, com os talentos que Deus confio a cada um de nós. Descubra seu dom, multiplique o talento que você recebeu, tome consciência da sua importância em sua paróquia, em sua pastoral, em seu ministério. Se você ainda não faz parte de nenhum movimento em sua paróquia, busque, participe, se doe, pois, a Nossa Missão é Servir!
No domingo, dia Nacional do Catequista, recebemos uma mensagem do Papa Francisco sobre o “Ser Catequista” (muito linda por sinal), e no envelope estava escrito: “Jesus disse: “Não temas; doravante serás pescador de homens! ”. Então, lancemos nossas redes! Vamos pescar almas para o Reino de Deus. As vezes sinto-me como Pedro, não vou negar, querendo voltar atrás, regredir. Mas não dá mais para recuar, a semente foi lançada, o talento foi entregue, a rede tem que ser lançada. Muitas pessoas precisam conhecer a Deus, e nós temos essa missão. E ao escutarmos essa canção, passamos refletir sobre nossa missão, sobre ser membro ativo do Corpo de Cristo.


“Os leigos são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação ... de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida por todos os homens e por toda a terra” (CIC 900)

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