(Por Stella Araújo)
“Ainda hoje, daqui a pouco, sereis ferida dolorosamente por uma
espada. Vereis uma lança cruel transpassar o lado de Vosso Filho, já sem vida.
E depois tereis de receber, em Vossos braços, Seu Corpo descido da cruz” (São
Afonso Maria de Ligório).
A terra
estava sob trevas, o sol escureceu-se, o véu do templo rasgou-se pelo meio,
Jesus expirou na cruz. Tudo estava consumado, o Filho de Deus estava morto! Seu
corpo flagelado já não podia ficar ali suspenso no madeiro romano, pois era dia
da Preparação, véspera do sábado, e os judeus temiam que os corpos ficassem
ali. Então, pediram à Pilatos que as pernas dos crucificados fossem quebradas,
para assim serem retirados da cruz. E
assim foi feito com os dois ladrões crucificados com Jesus. No entanto, Ele não
teve nenhum osso quebrado. Porém, Seu lado foi aberto por uma lança. E nesse momento, cumpriu-se a profecia de
Simeão: “E uma espada transpassará a tua
alma”. (Lc 235). Quando a lança abriu o Coração do Salvador, transpassou
com o mesmo golpe a alma da Virgem Dolorosa.
São Afonso
Maria de Ligório escreve: “A atribulada Senhora
receava, entretanto, que fizessem outras injúrias à Seu Amado Filho. Pediu a
José de Arimatéia que lhe obtivesse de Pilatos, o Corpo de Jesus, para que ao
menos depois de morto O pudesse preservar dos ultrajes dos judeus. Foi José ter com Pilatos, expô-lhes a dor e o
desejo da aflita Mãe. Segundo o Pseudo-Anselmo, Pilatos compadecendo-se da Mãe,
lhe concedeu o Corpo do Redentor”. José de Arimatéia, discípulo
secreto de Jesus, tirou-O da cruz e envolveu-O num pano de linho. Descido da
cruz, “ergue-se a Mãe, estende os braços
para o Filho, abraço-O e senta-se aos pés da cruz. Contempla-Lhe a boca aberta
e os olhos obscurecidos, examina Seu corpo rasgado pelas chagas e os ossos
descobertos. Tira-Lhe a coroa, e vê que horríveis chagas os espinhos fizera
naquela sagrada cabeça. Olha finalmente as mãos e os pés transpassados pelos
cravos e diz: Ah! Filho, a que extremos Vos reduziu Vosso amor pelos homens!
Que mal lhes fizeste para que assim Vos maltratassem? ”.
“Ó Virgem Sacrossanta, destes com tanto amor Vosso Filho ao mundo
e vede como Ele vo-Lo entrega! Por Deus, exclama a senhora, em que estado, ó mundo, Me entregas Meu Amado Filho! Era Ele
o Meu querido, claro e rosado (Ct 5, 10); e tu mO entregas negro pelas
contusões e rubro não pela cor, mas pelas chagas de que O cobristes?! Era belo e
ei-Lo agora desfigurado! Encantava com seu aspecto, mas causa horror agora a
que O vê! (São Afonso Maria de Ligório).
Maria que um
dia recebeu Jesus em seus braços, tão pequeno, tão frágil, tão cheio de vida,
agora tem em seus braços, o Corpo flagelado, ultrajado de Seu Filho. Aquele a
quem ela tanto amava, estava tão desfigurado, que havia perdido a aparência
humana. E no momento em que o Corpo de Jesus está em seus braços, Maria vive a
sua sexta dor. Todas as dores têm um caráter particular que lhes é próprio. E o
caráter da sexta dor de Nossa Senhora é uma nova e incompreensível aflição...
Aflição de um mal consumado. São Boaventura dizia: “Quantas espadas feriram a alma dessa Mãe quando em Seus braços
depuseram o Filho descido da cruz”. E a relação a essa dor de Maria, São
Afonso Maria de Ligório afirmava que contemplamos o indizível sofrimento de uma
mãe a vista do Seu Filho sem vida.
Assim como
Maria enfrentou todo o seu sofrimento apoiada em Deus, com extrema confiança,
também devemos nos ancorar no Senhor, pois só Nele podemos depositar nossa
esperança. E da mesma forma que a Mãe Piedosa
acolheu Jesus em seus braços, hoje também, ela deseja nos acolher. Maria nos
oferta sua maternidade, estende teus braços para tomar nossas almas ultrajadas,
nosso corpo sem vida por conta do pecado. A Nossa Mãe não é indiferente aos
nossos sofrimentos, ela nos fita com seu olhar misericordioso. Consagremos
nossas vidas à Ela! Que Nossa Senhora da Dores cuide e interceda pelas dores
que nos afligem e nos faça forte na tribulação. Amém!
Deixarei aqui
o link da canção “Colo de Mãe” da Comunidade Colo de Deus. Ao escutarmos essa
canção, vamos nos abandonando nos braços da Mãe, e nos deixando ser tocados
pelo teu amor.
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