(Por Evelly Karine)
Em um único livro está
reunido milênios de história. Exortações,
parábolas, ensinamentos de sabedoria, rastros de culturas milenares. O livro
das lutas, desobediências e conquistas do povo escolhido. O livro da revelação. Apesar de ser um livro antiguíssimo, é
absolutamente atual. A Igreja acredita que Deus
é o autor da Sagrada Escritura. "As coisas divinamente reveladas, que se
encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura, foram consignadas
sob inspiração do Espírito Santo" "A santa Mãe Igreja, segundo a fé
apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo
como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob a
inspiração do Espírito Santo, eles têm Deus como autor e nesta sua qualidade
foram confiados à própria Igreja." (CIC§ 105)
Para falar do processo de
escrita da Sagrada Escritura precisamos entender que Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados. "Na redação
dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar
suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo Ele próprio neles
e por meio deles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele
próprio queria. ” (CIC§ 106). Deus usou esses homens como instrumento para
que deixassem por escrito a história de seu povo e que tivéssemos um “manual”
da vida.
A
história do povo de Deus começa com Abrãao. O que se passou com Abrãao e os
patriarcas, a princípio, começou a tomar corpo através da tradição oral, que
era muito valorizada na época, os filhos que ouviam dos pais as histórias de
seus antepassados. Moisés deve ter sido quem fez a primeira codificação das
Leis de Israel, por ordem de Deus, no séc. XIII a.C. Após Moisés, o bloco de
tradições foi enriquecido com novas leis devido às mudanças históricas e
sociais de Israel.
A partir de Salomão passou a existir na
corte dos reis, tanto de Judá quanto da Samaria um grupo de escritores que
zelavam pelas tradições de Israel, eram os escribas e sacerdotes. Do seu
trabalho surgiram quatro coleções de narrativas históricas que deram origem ao
Pentateuco:
1.
Coleção ou código Javista (J), onde predomina o nome Javé. Tem
estilo simbolista, dramático e vivo; mostra Deus muito perto do homem. Teve
origem no reino de Judá com Salomão (972 – 932).
2.
O código Eloista (E), predomina o nome Elohim (=Deus).
Foi redigido entre 850 e 750 a.C., no reino cismático da Samaria. Não usa tanto
a representação de Deus à semelhança do homem como no código Javista. Quando
houve a queda do reino da Samaria, em 722 para os Assírios, o código E foi
levado para o reino de Judá, onde ouve a fusão com o código J, dando origem a
um código JE.
3.
O código (D) Deuteronômio (= repetição da Lei, em grego).
Acredita-se que teve origem nos santuários do reino cismático da Samaria
repetindo a lei que se obedecia antes da separação das tribos. Após a queda da
Samaria (722) este código deve ter sido levado para o reino de Judá, e tudo
indica que tenha ficado guardado no Templo até o reinado de Josias (640 – 609
a.C.), como se vê em 2Rs 22. O código D sofreu modificações e a sua redação
final é do século V a.C., quando, então, na íntegra, foi anexado à Torá. A
característica forte do Deuteronômio é o estilo forte que lembra as exortações
e pregações dos sacerdotes ao povo.
4.
O código Sacerdotal (P) – provavelmente os sacerdotes
judeus durante o exílio da Babilônia (587 – 537a.C.) tenham redigido as
tradições de Israel para animar o povo no exílio. Este código contém dados
cronológicos e tabelas genealógicas, ligando o povo do exílio aos Patriarcas,
para mostrar-lhes que fora o próprio Deus quem escolheu Israel para ser uma
nação sacerdotal (Ex 19,5s). O código P enfatiza o Templo, a Arca, o
Tabernáculo, o ritual, a Aliança. Tudo indica que no século V a.C., um
sacerdote, talvez Esdras, tenha fundido os códigos JE e P, colocando como
apêndice o código D, formando assim o Pentateuco ou a Torá, como a temos hoje.
Depois de ter falado
aos profetas, Deus então se manifesta ao homem de forma ainda mais íntima e
direta, através do seu próprio Filho. Jesus deixa ao seu povo narrações muito
simples e seus discípulos transmitiram o testemunho de Sua vida no Evangelho.
Desde o segundo século, a tradição da Igreja atribuiu como verídico os textos
de Mateus, Marcos, Lucas e João.
Os monges
preservaram estes escritos até o advento da era moderna, quando iniciou o
processo de impressão que se deu através das adaptações que Johannes Gutenberg
fez da prensa que já existia na China e no Japão, possibilitando a impressão
gráfica de milhares de livros na Europa, mas o primeiro livro impresso foi a
Bíblia.
Se não fosse a Igreja Católica, não
existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 73 livros canônicos, isto é,
inspirados pelo Espírito Santo. Foi num longo processo de discernimento que a
Igreja, desde o tempo dos Apóstolos, foi “berçando” a Bíblia, e descobrindo os
livros inspirados.
“Só
amamos aquilo que conhecemos”. Espero que tenham gostado de conhecer mais
sobre a formação da Sagrada Escritura e continuamos no blog com textos
especiais sobre esse livro que tem muita importância para os cristãos.
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