(Por Ana Paula do Valle)
“(...) chamou seus
discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos.” (Lc
6, 13)
Bom dia, amadinhos de Jesus! Espero que estejam todos na Santa Paz do
Senhor!
No dia de hoje, nossa amada Mãe Igreja traz uma linda reflexão em sua
Liturgia. Gostaria de começar destacando que São Lucas afirma em seu Evangelho
que Jesus subiu a montanha e lá passou a noite toda em oração ao Pai. São
muitas as vezes em que podemos encontrar nos escritos bíblicos o relato de que
Cristo conversou com o Pai, mas o que há de importante nesse específico é que
Jesus teria passado uma noite inteira em oração, diálogo e comunhão com Deus
Pai e com Seu Santo Espírito. O Catecismo Jovem da Igreja Católica nos traz uma
explicação ampla e, ao mesmo tempo, simples sobre a Santíssima Trindade.
“Os cristãos não adoram três deuses diferentes, mas um único Ser que
desabrocha em três, permanecendo, contudo, um. Que Deus seja trinitário
sabemo-lo por Jesus Cristo: ele, o Filho, fala do Seu Pai que está no Céu. Ele
ora ao Pai e concede-nos o Espírito Santo, que é o amor do Pai e do Filho.” (YOUCAT,nº
35, p. 33-34).
Retornando, então, ao nosso Evangelho de hoje, Jesus, após orar ao Pai
durante a noite toda, desce a montanha ao amanhecer e vai chamar os seus doze
discípulos. Podemos entender essa linguagem usada pelo Evangelista também como
uma metáfora que quer nos dizer que, mesmo quando ainda era noite, ou seja, antes
sequer da luz ser feita no mundo, Jesus, aquele que é o Cristo, já era um com Deus
Pai e com o Espírito Santo.
Sendo assim, ao amanhecer, Jesus (que é o próprio Deus encarnado) desce a
nós e suscita em meio ao seu povo os doze discípulos (como outrora havia
suscitado os doze filhos de Jacó, as doze tribos de Israel...) que,
posteriormente, seriam chamados de apóstolos. Aqui, cabe a nós um breve, porém
importante, comentário: a palavra discípulo, nas escrituras, vem
relatar aqueles que são “aprendizes”
e seguidores do Mestre, enquanto que a palavra apóstolo refere-se
àqueles que, além de terem sido discípulos são escolhidos, ungidos e enviados
como Missionários da Boa Nova de Cristo ao mundo.
Isso quer dizer que, dentre todos aqueles que o seguiam ou que
eventualmente o encontraram em algum momento de suas vidas, alguns deles se
descatacaram para que fossem continuadores de sua obra, para que propagassem
por todo lado que Ele é o Criador, o Redentor, o Salvador de todo ser humano.
Ou seja, apóstolos são todos aqueles que, muito mais do que aprenderem com o
Mestre a Verdade por Ele revelada, vivenciam-na a ponto de dedicar suas vidas
inteiramente à mesma. São, portanto, os apóstolos de Jesus: “Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu
irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago,
filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; Judas, filho de Tiago, e Judas
Iscariotes, aquele que se tornou traidor” (Lc 6, 14-16).
Há aqui uma exceção quando a Saulo que, não tendo conhecido Jesus
pessoalmente e, após ter perseguido os seus apóstolos e discípulos, teve uma
experiência pessoal com o Ressuscitado (At 9, 1-9) e, convertendo-se, passou a
ser chamado de Paulo e a ser considerado com Apóstolo de Cristo, como ele mesmo
se intitula em algumas de suas cartas (como por exemplo em Gl 1, 1).
Amados, pretendo com esse texto chegar ao seguinte ponto: Jesus, que é um
com o Pai e o Espírito, suscita em meio aos seus muitos filhos, aqueles que vão
ser enviados a navegar em águas mais profundas (Lc 5, 1-11). Mais do que nos
relatar aquilo que há milhares de anos aconteceu com os primeiros apóstolos de
Jesus, a Sagrada Escritura traz para nós no dia de hoje o chamado de Cristo à
sua missão, ao seu amor e ao anúncio de sua Palavra. E, assim como outrora
chamou cada um dos seus pelo nome, ele hoje nos olha nos olhos, nos estende
suas mãos e nos chama pelo nosso nome. Ele nos quer em sua missão, Ele nos
chama a fazermos parte de sua comunhão com o Pai e o Espírito.
Que a intimidade com o nosso Mestre nos leve a sermos seus apóstolos a
partir do dia de hoje! Feliz e santa terça-feira a todos nós!
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