(Por Géssica Casimiro)
“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! (Lc 6,20)
Irmãos e irmãs em Cristo, bom dia!
Hoje no Evangelho, Jesus
anuncia aos apóstolos: “Bem-aventurados
vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós que agora
chorais, porque havereis de rir! Bem-aventurados sereis, quando os homens vos
odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome, por causa
do Filho do Homem! ”. (Lc 6, 21-22)
O evangelista Lucas, coloca
como eixo temático desse evangelho a nossa relação com Deus e a nossa relação
com os bens materiais. Em nossas comunidades há pobres egoístas, mas há também
ricos generosos. Se alguém é pobre no sentido material, mas se apega
egoisticamente ao pouco que tem, nesse evangelho ele é considerado rico.
Estas palavras foram vida
e missão para os apóstolos, e devem ser para nós também. É a nossa missão
tornar a sociedade atual, mais digna e capaz de amar a todos da mesma forma
como Cristo nos ama. As bem-aventuranças são um estado particular de felicidade
decorrente da comunhão com Deus.
Os Bem-Aventurados
citados por Jesus são os que souberam fazer a escolha certa, que anseiam por um
mundo melhor onde o Homem possa ser feliz por aquilo que ele é, não pelo que
tem.
Nesse evangelho, Jesus
nos revela que Deus vem ao encontro daqueles que são pobres, que passam fome,
que sofrem com as perseguições, que passam por diversas dificuldades. Se
quisermos viver de acordo com os valores do Reino de Deus, devemos ser capazes
de amar e, em nome do amor, buscar a felicidade, a satisfação e o bem-estar de
todos.
Não devemos ter dúvidas
de que Deus está acima de qualquer riqueza que o mundo nos oferece, algumas
vezes a nossa conduta, não condiz com essa verdade na qual cremos. A riqueza
está sempre de mãos dadas com o Poder, o prestígio e o sucesso, e nessa
condição de “todo poderoso”, o homem
começa a sentir o prazer de poder fazer tudo e o que quiser, ocupando então o
lugar que é de Deus. A posse de bens materiais cria no coração e na mente do
homem a ilusão de um Poder que vai além de Deus.
Ser pobre nesse sentido é
colocar somente em Deus toda sua confiança. Podemos notar que Jesus dirige-se
com frequência à multidão para adverti-la sobre o que está por vir. No
evangelho de hoje, não é diferente.
Todo cristão deve sentir
prazer e alegria nas perseguições pelo amor a verdade e justiça do reino. A
promessa é do próprio Jesus: “Felizes são
vocês quando os odiarem, rejeitarem, insultarem e disserem que vocês são maus
por serem seguidores do Filho do Homem. Fiquem felizes e muito alegres quando
isso acontecer, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês.” (Lc
6, 22-23)
Devemos sempre estar
preparados para o confronto, pois tudo o que contraria a Felicidade terrena
será repelido, rejeitado e até perseguido. Ser discípulo é navegar
continuamente contra a correnteza.
“Mas,
ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós que agora tendes
fartura, porque passareis fome! Ai de vós que agora rides, porque tereis luto e
lágrimas! Ai de vós quando todos vos elogiam! Era assim que os antepassados deles
tratavam os falsos profetas.” (Lc 6, 24-26) No polo oposto
aos bem-aventurados, estavam os que não contavam efetivamente com Deus e
julgavam poder construir sua salvação com as próprias mãos. Confiavam na
riqueza e viviam na fartura. Cuidavam de ser louvados e bem-vistos por todos.
A riqueza se
transformaria em privação, a fartura em fome, a alegria em luto e pranto, a
fama em opróbrio. Trata-se, de um projeto de vida do qual o discípulo deve
precaver-se sempre. O mundo está disposto a fazer-nos pensar e agir como os
ricos citados no Evangelho de hoje, que procuram o bem-estar de si mesmo, sem
pensar no próximo.
Que a luz desse
Evangelho, possamos nos colocar em comunhão com Deus, para assim alcançarmos a
vida eterna que o próprio Jesus nos garante: “Alegrai-vos e exultai, pois será grande a vossa recompensa no Céu”.
(Lc 6, 23) A expectativa de que um dia contemplaremos a Deus e alcançaremos
a plena felicidade, já é um motivo para que sejamos felizes aqui.
Partilho com vocês, uma
frase de Santa Teresa de Calcutá que me faz refletir muito no meu dia a dia. “A todos os que sofrem e estão sós, dai
sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados,
mas também o vosso coração”.
Santo dia a todos, Deus
os abençoe.
“Não precisamos realizar grandes obras a fim de mostrarmos um grande
amor por Deus e pelo próximo. É a intensidade do amor que colocamos em nossos
gestos que os torna algo especial para Deus e para os homens. ”
(Santa Teresa de Calcutá)
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