Evangelho - Lc 6, 20-26


(Por Géssica Casimiro)

“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! (Lc 6,20)

Irmãos e irmãs em Cristo, bom dia!
Hoje no Evangelho, Jesus anuncia aos apóstolos: “Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque havereis de rir! Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome, por causa do Filho do Homem! ”. (Lc 6, 21-22)
O evangelista Lucas, coloca como eixo temático desse evangelho a nossa relação com Deus e a nossa relação com os bens materiais. Em nossas comunidades há pobres egoístas, mas há também ricos generosos. Se alguém é pobre no sentido material, mas se apega egoisticamente ao pouco que tem, nesse evangelho ele é considerado rico.
Estas palavras foram vida e missão para os apóstolos, e devem ser para nós também. É a nossa missão tornar a sociedade atual, mais digna e capaz de amar a todos da mesma forma como Cristo nos ama. As bem-aventuranças são um estado particular de felicidade decorrente da comunhão com Deus. 
Os Bem-Aventurados citados por Jesus são os que souberam fazer a escolha certa, que anseiam por um mundo melhor onde o Homem possa ser feliz por aquilo que ele é, não pelo que tem.
Nesse evangelho, Jesus nos revela que Deus vem ao encontro daqueles que são pobres, que passam fome, que sofrem com as perseguições, que passam por diversas dificuldades. Se quisermos viver de acordo com os valores do Reino de Deus, devemos ser capazes de amar e, em nome do amor, buscar a felicidade, a satisfação e o bem-estar de todos.
Não devemos ter dúvidas de que Deus está acima de qualquer riqueza que o mundo nos oferece, algumas vezes a nossa conduta, não condiz com essa verdade na qual cremos. A riqueza está sempre de mãos dadas com o Poder, o prestígio e o sucesso, e nessa condição de “todo poderoso”, o homem começa a sentir o prazer de poder fazer tudo e o que quiser, ocupando então o lugar que é de Deus. A posse de bens materiais cria no coração e na mente do homem a ilusão de um Poder que vai além de Deus.
Ser pobre nesse sentido é colocar somente em Deus toda sua confiança. Podemos notar que Jesus dirige-se com frequência à multidão para adverti-la sobre o que está por vir. No evangelho de hoje, não é diferente.
Todo cristão deve sentir prazer e alegria nas perseguições pelo amor a verdade e justiça do reino. A promessa é do próprio Jesus: “Felizes são vocês quando os odiarem, rejeitarem, insultarem e disserem que vocês são maus por serem seguidores do Filho do Homem. Fiquem felizes e muito alegres quando isso acontecer, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês.” (Lc 6, 22-23)
Devemos sempre estar preparados para o confronto, pois tudo o que contraria a Felicidade terrena será repelido, rejeitado e até perseguido. Ser discípulo é navegar continuamente contra a correnteza.
“Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós que agora tendes fartura, porque passareis fome! Ai de vós que agora rides, porque tereis luto e lágrimas! Ai de vós quando todos vos elogiam! Era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas.” (Lc 6, 24-26) No polo oposto aos bem-aventurados, estavam os que não contavam efetivamente com Deus e julgavam poder construir sua salvação com as próprias mãos. Confiavam na riqueza e viviam na fartura. Cuidavam de ser louvados e bem-vistos por todos.
A riqueza se transformaria em privação, a fartura em fome, a alegria em luto e pranto, a fama em opróbrio. Trata-se, de um projeto de vida do qual o discípulo deve precaver-se sempre. O mundo está disposto a fazer-nos pensar e agir como os ricos citados no Evangelho de hoje, que procuram o bem-estar de si mesmo, sem pensar no próximo.
Que a luz desse Evangelho, possamos nos colocar em comunhão com Deus, para assim alcançarmos a vida eterna que o próprio Jesus nos garante: “Alegrai-vos e exultai, pois será grande a vossa recompensa no Céu”. (Lc 6, 23) A expectativa de que um dia contemplaremos a Deus e alcançaremos a plena felicidade, já é um motivo para que sejamos felizes aqui.
Partilho com vocês, uma frase de Santa Teresa de Calcutá que me faz refletir muito no meu dia a dia. “A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração”.
Santo dia a todos, Deus os abençoe.

“Não precisamos realizar grandes obras a fim de mostrarmos um grande amor por Deus e pelo próximo. É a intensidade do amor que colocamos em nossos gestos que os torna algo especial para Deus e para os homens. ”
(Santa Teresa de Calcutá)

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