(Por Evelly Karine)
O livro dos Atos dos
Apóstolos foi escrito provavelmente entre 80 e 90 d.C. Seu autor é o mesmo do
terceiro evangelho; desde o século II, a tradição o identifica como Lucas, o
médico que acompanhou Paulo. (cf. Cl 4,14; Fm 24) E, particularmente, me
identifico bastante com a escrita de Lucas.
De fato, é a continuação
do Evangelho de Lucas. Ambos formam, segundo o autor, o caminho da salvação: o Evangelho apresenta o caminho de Jesus; o
livro dos Atos apresenta o caminho da Igreja, que prolonga o caminho de Jesus
“até os extremos da terra”. O relato que une as duas obras é a ascensão, que
coroa a vida de Jesus. (Lc 24, 51) e funda a missão universal da Igreja (At 1,
8). A atividade missionária da Igreja é representada como a grande viagem de
Jerusalém a Roma, centro do mundo na época. Por isso, a evangelização é vista
como caminhada e a vida cristã recebe o nome de Caminho (9,2; 19,9.23; 24,22).
Podemos dizer que o livro
dos Atos é o Evangelho do Espírito. Aí se conta que o Espírito Santo prometido
faz nascer a comunidade cristã e a impulsiona para o testemunho aberto e
corajoso do nome de Jesus, isto é, para anunciar a palavra e ação libertadora
de Jesus.
Esse testemunho provoca o
surgimento da grande novidade que tende a transformar pessoas, relações e
estruturas da sociedade, provocando alternativas que se chocam frontalmente com
os interesses sociais vigentes. A novidade desperta conflitos da Igreja e no
relacionamento desta com a sociedade. Dentro surge o conflito de tendências
(6,1-6) entre convertidos de diversas origens (15, 1-35) e entre o centro e a
periferia (15,1-2). Na relação da Igreja com a sociedade surge o conflito
frente ao poder político romano, conflito que perpassa o livro todo, de modo
velado e como que prolongado o conflito de Jesus com as estruturas políticas de
seu tempo; finalmente, um dos conflitos básicos é o econômico (5,1-11;
13,4-12.50-51; 16,16-24; 19,23-40). Pode-se dizer que Atos é o livro da
novidade e, portanto, também dos conflitos. Numa sociedade corroída pelo
interesse e o egoísmo, qualquer proposta de alternativa mais fraterna e
igualitária provoca oposições e confrontos.
Em Atos, a Igreja aparece
como dinamismo polarizado no testemunho e na missão. Livre do juridicismo, sua
estruturação é ainda bastante carismática e suas instituições só vão sendo
criadas à medida que se tornam meio eficazes para atender as necessidades
internas e exigências da missão (cf. 6, 1-6). Tanto pela vida comunitária como
pelo emprenho apostólico, a Igreja apresentada nos Atos é o modelo utópico;
frente a ele as comunidades de todos os tempos e lugares podem fazer uma
revisão, a fim de redescobrir sua própria identidade.
Portanto, como o próprio
nome do livro já diz: Atos dos apóstolos, relata o surgimento da Igreja, o
encorajamento dos apóstolos através do Espírito Santo para a missão
evangelizadora (At 2), dos conflitos que a Igreja enfrentou frente a sociedade
da época e deixa registrado como devemos nos comportar como membros do Corpo de
Cristo, a Igreja. Deixo o convite para que possam ler esse livro e conhecerem
mais sobre a origem da Igreja.
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