(Por Bruno Fachi)
“Lex orandi, lex credendi”
Boa tarde, amados! A Paz de nosso
Senhor Jesus Cristo esteja convosco. Hoje damos continuidade ao nosso estudo a
respeito da Sagrada Liturgia, focando hoje em suas Dimensões Teológicas.
Para uma profunda consciência de
liturgia, em sua visão geral, analisamos inicialmente as suas normas de fé, ou
seja, aquilo que oramos, é aquilo que cremos. Não apenas rezamos e cantamos na liturgia, rezamos e cantamos a liturgia. A liturgia é vivida na
celebração, não apenas discursada sem nenhum sentido de reflexão.
A palavra Liturgia como discutida
no texto de semana passada, significa ação do povo de Deus, serviço do povo.
Significa sempre a celebração de um povo enquanto assembleia que por Deus foram
convocados. A liturgia não é um discurso, pelo contrário é a prática da palavra
de Deus. A liturgia, portanto, sendo uma ação simbólica, serve de sinais
visíveis e invisíveis para apontar os mistérios insondáveis de Deus.
Como visto, a liturgia não é mera
devoção, ocasião de algum culto, ou uma simples catequese, é a ação de Jesus
Cristo que se faz visível para toda a sua igreja. Esta ação de levar o
verdadeiro sentido sacerdócio de Jesus Cristo, que é dedicada àquele que Jesus
se faz morada em seu batismo, que possuem um compromisso libertador e
missionário.
Focalizando nos princípios da
sagrada Liturgia, podemos dizer que ela é:
TRINITÁRIA: Neste princípio, Deus é a fonte de toda a liturgia; seu
filho Jesus Cristo, é o centro de toda a ação do povo de Deus; e o Espírito
Santo, sendo a sua alma, nos dá todo o sopro de vitalidade para o servir à
Deus. Cristo, pois, sendo o centro de toda a liturgia, a igreja nos mostra e
ensina que seu núcleo vital está edificado na sua eficácia redentora, nos
lembrando de seu Mistério Pascal, dando-se ênfase em toda a sua liturgia,
principalmente na grande doxologia: “Por
Cristo, com Cristo e em Cristo...”.
MISTÉRICA: A liturgia busca anunciar e viver o mistério divino na
espiritualidade do Evangelho, portanto, por consequência, ela também se torna
um mistério, escapando do conhecimento apenas racional. A função da liturgia
não é discursar o mistério, mas vive-lo e celebrá-lo na simplicidade dos
gestos, não se limitando no espaço temporal, mas celebrando eternamente até o
céu, e do céu é trazida por Jesus.
COMUNITÁRIA: É necessário enfatizar que a liturgia não é uma ação
individual, mas como o seu próprio significado diz, é uma ação comunitária, uma
ação do povo de Deus, principalmente em sua celebração Eucarística. Na
liturgia, o “eu” individual se dá lugar ao “nós” comunitário em verdadeira
participação, sem perder a nossa identidade pessoal.
BÍBLICA: Neste princípio a Palavra de Deus, e o sacrifício redentor
dão eficácia redentora às celebrações, portanto a Palavra de Deus não é apenas
lida, mas sim, proclamada.
HIERÁRQUICA: A natureza hierárquica litúrgica se assemelha à hierarquia
da própria igreja, pois é exercida em graus diversos, mas em uma unidade da
assembleia celebrante. Toda a hierarquia é prestação de serviço ao povo de Deus
e a Deus. A sua dimensão hierárquica possui um longo alcance, pois vai de
tempos litúrgicos, às próprias celebrações, aos cantos, aos ritos, etc.
ESCATOLÓGICA: “Pela Liturgia da terra participamos, por antecipação, na
Liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual nos
encaminhamos como peregrinos e onde Cristo está sentado à direita de Deus” (SC
8). Neste princípio o Concílio Vaticano II, nos ensina
antecipadamente no tempo, a glória futura dos filhos de Deus.
LAUDATÓRIA: A liturgia é o verdadeiro louvor a Deus que a igreja
celebra por séculos e séculos. É a viva expressão da Igreja sobre a comemoração
da comunhão sobrenatural, que é manifestação visível da comunhão invisível.
É importante lembrar que na
Antiguidade Cristã os componentes essenciais de um culto eram o sacrifício, o
altar e o templo. O seu espiritualismo no culto não pode ser visto no
cristianismo como uma simples reação ou uma resposta polêmica à liturgia
hebraica, cuja palavra, Liturgia, era muito contestada no Novo Testamento pela
força judaica, sendo readmitida na teologia cristã mais tarde.
A igreja primitiva teve que se
defender muito por acusações como “ateísmo” e de “impiedade”,
no sentido de irreligiosidade ou falta de culto, simplesmente por não terem
templos, nem cultos, nem ao menos sacrifícios, coisas das quais pudessem honrar
a Deus. Porém, para nós cristãos, estes termos possuem uma dimensão diferente,
pois para nós o culto mais agradável a Deus é a nossa Santidade Interior.
“e nos escolheu nele antes da
criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos.
No seu amor nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus
Cristo, segundo o beneplácito de sua livre vontade, para fazer resplandecer a
sua maravilhosa graça, que nos foi concedida por ele no Bem-amado. ” (Ef 1,
4-6). Estas palavras de são Paulo aos Efésios são palavras que
vem caracterizar todo o culto cristão. Desta maneira, o sacrifício não é mais
uma vítima animal, mas o próprio Cristo, que se ofereceu para a remissão dos
nossos pecados num sacrifício espiritual.
O Sacrifício assim como Cristo oferece o seu corpo,
nós também cristãos oferecemos nosso corpo como um sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus. Nesta dimensão de sacrifício, Paulo o dá um novo nome,
Liturgia. Em sua carta aos Fl 2, 17, e diz o seguinte: “Ainda que tenha de derramar o meu
sangue sobre o sacrifício em homenagem à vossa fé, eu me alegro e vos felicito.
” Este sacrifício se dá numa
expressão de ato de vontade interior, onde os cristãos ao oferecerem em Cristo
seu sacrifício de louvor, como único agradável a Deus.
Nesta nova teologia cultual cristã,
Santo Pai Agostinho nos explica: “verdadeiro sacrifício consiste em cada obra
que o cristão faz para se colocar em comunhão com Deus”. Sacrifício este que
pomos a serviço de Deus.
O Altar que é o próprio Cristo, é em seu culto
espiritual, o lugar onde os cristãos oferecem um sacrifício individual, mas que
é formado por todos os que estão unidos em oração.
O Templo no cristianismo toma uma nova posição,
diferente do culto judaico que era o seu elemento central. A tradição cristã
absorve o valor das declarações de Cristo a respeito da destruição dos antigos
templos que estão ligados às antigas espiritualidades do culto, para a
construção do novo Templo que será edificada em três dias, pois a mesma será
edificada na rocha que é o próprio Cristo.
Nesta visão da morte e ressurreição
de Cristo, podemos ver o verdadeiro poder do Cordeiro Imolado, que é o novo
templo da Nova Jerusalém. A iniciativa de Cristo que é continuada pela Igreja
Católica Apostólica Romana, foi desenvolvida contra o judaísmo e o
antipaganismo, para explicar e justificar o espiritualismo cristão em função de
uma nova Teologia do Culto, hoje chamada Sagrada Liturgia.
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