(Por Evelly Karine)
Jesus quer evangelizadores que anunciem a Boa Nova, não só com
palavras, mas, sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de Deus.
(Papa Francisco)
Ao longo dessa semana
estudamos a exortação apostólica Evangelii
Gaudium do papa Francisco. Ele aborda todas as áreas de uma vida
missionária e como aprendemos nesse mês missionário: nós somos missionários,
logo essa exortação é para todos os cristãos católicos.
Com o passar do tempo
as coisas esfriam e logo vem o desânimo, é sobre isso que o papa Francisco fala
no último capítulo dessa exortação. Ele vem nos ensinar tudo àquilo que
precisamos para ter esse impulso missionário renovado. No inicio do capitulo
ele deixa claro que precisamos ser evangelizadores com espírito. Mas o que
seria isso? São aqueles evangelizadores que se abrem sem medo a ação do
Espírito Santo. Assim como em pentecostes o Espírito fortaleceu e encorajou os
discípulos, também acontece conosco, desde que estejamos apoiados na oração,
pois sem isso o anúncio se torna vão e Jesus quer pessoas transfiguradas pela
sua Presença.
As nossas ações
precisam partir de uma vida de oração, pois sem isso as atividades nos cansam,
é preciso cultivar sempre um espaço interior que dê sentido cristão ao compromisso
e à atividade. Sem momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a
Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, as tarefas facilmente se esvaziam de
significado, quebrantamo-nos com o cansaço e as dificuldades, e o ardor
apaga-se. Mas, precisa-se tomar cuidado para que não caiamos em uma falsa
espiritualidade, há o risco de que alguns momentos de oração se tornem uma
desculpa para evitar a dedicação à missão.
Aos lembrarmos-nos dos
santos vemos que alguns permaneceram firmes, transbordantes de alegria, cheios
de coragem e podemos cair na ilusão de achar que hoje é tudo mais difícil. O
nosso querido papa deixa bem claro que não existe isso de hoje é mais difícil,
ou antes, era mais difícil e sim que existem contextos diferentes. Em cada momento da história, estão presentes as
fraquezas humanas, a busca doentia de si mesmo, a comodidade egoísta e, enfim,
a concupiscência que nos ameaça a todos. Isto está sempre presente, sob uma
roupagem ou outra; deriva mais da limitação humana que das circunstâncias. Para
que possamos imitar os santos, o papa recupera algumas motivações.
O
encontro pessoal com o amor de Jesus que nos salva
A primeira motivação
para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus. Quando recebemos esse amor,
queremos amá-lo cada vez mais e quando nós amamos vivemos falando da pessoa
amada, não é? A mesma coisa quando nos encontramos com Jesus, sentimos a
necessidade de falar Dele. Se não sentimos o desejo intenso de comunicar Jesus,
precisamos de nos deter em oração para Lhe pedir que volte a cativar-nos. O
papa diz assim: A melhor motivação para
se decidir a comunicar o Evangelho é contemplá-lo com amor, é deter-se nas suas
páginas e lê-lo com o coração. Se o abordamos desta maneira, a sua beleza
deslumbra-nos, volta a cativar-nos vezes sem conta. Por isso, é urgente
recuperar um espírito contemplativo, que nos permita redescobrir, cada dia, que
somos depositários dum bem que humaniza que ajuda a levar uma vida nova. Não há
nada de melhor para transmitir aos outros.
Às vezes o entusiasmo
acaba porque esquecemos que o Evangelho dá respostas as necessidades mais
profundas do coração das pessoas. Quando conseguimos exprimir isso de forma
adequada o conteúdo essencial do Evangelho consegue alcançar os anseios mais
profundos do coração “o missionário está
convencido de que existe já, nas pessoas e nos povos, pela ação do Espírito,
uma ânsia – mesmo se inconsciente – de conhecer a verdade acerca de Deus, do
homem, do caminho que conduz à liberação do pecado e da morte. O entusiasmo
posto no anúncio de Cristo deriva da convicção de responder a tal ânsia”. E
só a partir dessa convicção conseguimos ficar entusiasmados.
“É
uma resposta que desce ao mais fundo do ser humano e pode sustentá-lo e
elevá-lo. É a verdade que não passa de moda, porque é capaz de penetrar onde
nada mais pode chegar. A nossa tristeza infinita só se cura com um amor
infinito”. Porém, para sustentar essa convicção é preciso uma
experiência pessoal, constantemente renovada, de saborear a sua amizade e sua
mensagem. Em resumo, o papa nos diz que precisamos conhecer Deus profundamente,
não se pode falar de alguém que não se conhece, só podemos falar daquilo que
conhecemos. Portanto, para conhecer Deus temos que ter uma vida de oração, a
partir disso renovamos o ardor missionário para assim dar glória ao Pai.
O
prazer espiritual de ser povo
Para evangelizar
precisamos desenvolver esse prazer de estar com o povo, estar próximo da vida
das pessoas até que descobrimos que essa proximidade é uma fonte de alegria.
Sendo a missão uma paixão por Cristo, logo é uma paixão pelo seu povo. Diante
de Jesus crucificado vemos todo o seu amor que nos dignifica e sustenta, e que
esse olhar afetuoso se dirige para as outras pessoas. “Lá descobrimos novamente que Ele quer servir-Se de nós para chegar
cada vez mais perto do seu povo amado. Toma-nos do meio do povo e envia-nos ao
povo, de tal modo que a nossa identidade não se compreende sem esta pertença.”
E o próprio Jesus é
esse modelo de presença no meio do povo, Ele que sempre se encontra com os mais
desprezados. Ficamos fascinados com este modelo e logo queremos nos inserir a
fundo na sociedade, partilhar a vida com todos, ouvir suas preocupações,
colaborar material e espiritualmente nas suas necessidades, alegramo-nos com os
que estão alegres, choramos com os que choram e comprometemo-nos na construção
de um mundo novo, lado a lado com os outros. Mas isso não é uma obrigação, nem
um peso que nos desgasta, mas uma opção pessoal que nos enche de alegria e nos
dá uma identidade, a certeza de pertencer a um povo.
Contudo, o papa nos
deixa claro que precisamos está sempre disposto a ajudar, a reconhecer no outro
a ternura infinita do Senhor. A vida do missionário só tem sentido nessa
constante doação aos outros, pois a felicidade está mais em dar do que em
receber (At 20, 35). E isso não é uma coisa que se vive em alguns momentos da
minha vida, é a essência do missionário da qual não se pode arrancar do seu
ser, pois assim estará se destruindo. “Eu
sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo.”
Pela carência de espiritualidade existem pessoas
que são pessimistas. Não se dedicam a missão por acreditarem que nada pode
mudar e segundo elas isso é inútil. Pensam: Para quê privar-me das minhas
comodidades e prazeres, se não vejo algum resultado importante? E dessa forma,
o papa nos diz que é impossível ser missionário. Isso não passa de uma desculpa
de quem não quer sair da comodidade da sua vida, da preguiça, do vazio egoísta.
“Trata-se de uma atitude autodestrutiva, porque o homem não pode viver sem esperança:
a sua vida, condenada à insignificância, tornar-se-ia insuportável.” É
salutar lembrar aqui de uma frase de Santa Teresa de Calcutá: Sei que meu
trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, o oceano seria menor.
No caso de se pensar que as coisas não irão mudar,
precisamos lembrar-nos de Jesus que triunfou sobre a morte e o pecado e possui
todo o poder. Jesus Cristo vive verdadeiramente. “Cristo ressuscitado e
glorioso é a fonte profunda da nossa esperança, e não nos faltará a sua ajuda
para cumprir a missão que nos confia.”
É verdade que existem dificuldades sim, mas sempre haverá uma semente
que brotará e dará frutos. Apesar das dificuldades precisamos de uma certeza interior, ou seja, da convicção de que Deus
pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos,
porque trazemos este tesouro em vasos de barro.
Para manter vivo o ardor missionário, é
necessária uma decidida confiança no Espírito Santo, porque Ele «vem em auxílio
da nossa fraqueza» (Rm 8, 26). Mas esta confiança generosa
tem de ser alimentada e, para isso, precisamos de O invocar constantemente. Ele
pode curar-nos de tudo o que nos faz esmorecer no compromisso missionário.
A
força missionária da intercessão
Existe uma oração da
qual nos incentiva a gastarmo-nos na evangelização e essa oração é a
intercessão. Essa atitude de interceder pelos outros se transforma num
agradecimento a Deus. Descobrimos, assim,
que interceder não nos afasta da verdadeira contemplação, porque a contemplação
que deixa de fora os outros é uma farsa.
Não
é um olhar incrédulo, negativo e sem esperança, mas uma visão espiritual, de fé
profunda, que reconhece aquilo que o próprio Deus faz neles. E,
simultaneamente, é a gratidão que brota de um coração verdadeiramente solícito
pelos outros. Deste modo, quando um evangelizador sai da oração, o seu coração
tornou-se mais generoso, libertou-se da consciência isolada e está ansioso por
fazer o bem e partilhar a vida com os outros.
Eis os motivos que
nosso querido papa nos passa. A partir disso, possamos sentir o ardor da
missão, da constante doação.
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