(Por Mariana Neves)
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a
dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gên 3, 15)
Boa noite, pessoal! Vamos
dar continuidade ao nosso estudo sobre a carta apostólica Mulieris dignitatem? O nosso tema de hoje, basicamente, aborda as
consequências do pecado original para a dignidade e vocação da mulher. Vamos
lá?
Antes de tudo, precisamos
entender que o pecado é a negação daquilo que Deus é e daquilo que Ele quer,
desde o início e para sempre, para o homem. Deus nos fez, homens e mulheres, a
sua imagem e semelhança pois queria para nós a plenitude do bem, a felicidade
sobrenatural em participar da sua própria vida. O pecado das origens ocorreu
por causa do livre arbítrio e também por causa da influência diabólica. Dessa
forma, o pecado rompe a unidade originária (expliquei sobre ela no texto
passado).
Apesar de ter os papéis
divididos do homem e da mulher na descrição do pecado original, o primeiro
pecado é do gênero humano, dos primeiros pais, ao qual se prende o seu caráter
hereditário. Fomos criados a imagem e semelhança, porém no pecado encontramos a
não-semelhança em que se manifesta o mal presente na história do mundo. E por
isso, Deus como nosso Criador e Pai é atingido e ofendido.
Com o pecado original, o
homem trouxe para si consequências. Elas são descritas no capítulo 3 do livro
do Gênesis. Se antes o homem tinha tudo ao seu alcance, agora ele terá que
procurar meios para viver e com isso vem a fadiga (cf. Gên 3, 17-19); as
grandes “dores” em meio ás quais a mulher dará à luz aos seus filhos (cf. Gên
3, 16); e também a morte (cf. Gên 3, 19). Nossa imagem e semelhança a Deus não
foi destruída pelo pecado, ela foi ofuscada e diminuída, porque somente podemos
ser semelhantes a Deus se estamos em unidade com a lógica do mistério da
criação.
O ser humano é a única
criatura na terra que Deus quis por si mesma e ele só pode se encontrar
plenamente senão por um dom sincero de si e onde é descrito no livro de Gênesis
sobre as consequências do pecado do homem, podemos ver que também ali é
indicado “a perturbação da relação
original entre o homem e a mulher que corresponde à dignidade pessoal de cada
um deles” (MD).
“...
teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio”
(Gên 3, 16). Nesse trecho podemos ver a ruptura e uma
ameaça constante da “unidade dos dois”. Porém, essa ameaça é mais grave para a
mulher. Este “domínio” citado na passagem indica a perturbação e a perda da
estabilidade da igualdade fundamental que possuem o homem e a mulher. Mas ao
mesmo tempo que essa quebra de unidade é desfavorável para a mulher, ao mesmo
tempo diminui a verdadeira dignidade do homem.
O que é dito em Gênesis
3, 16 faz referência à relação entre o homem e mulher no matrimônio. Seria uma
analogia ao amor esponsal, onde o “dom sincero de si mesma” da parte da mulher
encontre complemento na reciprocidade do marido. Nesse sentido, a mulher não
pode se tornar objeto de domínio e de posse do homem. Porém, isso se torna uma
consequência do pecado original para o homem e mulher. Essa herança do pecado
faz com que homem e mulher carreguem em si a tendência de ferir a ordem moral:
a concupiscência. Além do matrimônio, essa passagem de Gênesis também pode
abranger situações em que a mulher permanece em desvantagem ou é discriminada
pelo fato de ser mulher.
Ouvimos falar tanto dos
direitos das mulheres, da busca da igualdade em relação aos homens, porém se
opor ao domínio do homem não pode fazer com que as mulheres se masculinizem,
fazendo com que elas fujam da sua originalidade feminina. As mulheres (e os
homens também) devem entender que a sua realização como pessoa, a sua dignidade
e vocação será encontrada na riqueza da sua feminilidade, que foi recebida no
dia da criação e é o que lhe faz ser imagem e semelhança de Deus.
Em Gênesis nos é mostrado
a origem do pecado e suas consequências de geração em geração, mas também nos é
anunciado a vitória sobre o mal. (Gên 3, 15). O redentor, o salvador do mundo
virá através da “mulher”. E aqui dois nomes convergem: Eva e Maria. “Eva, como ‘mãe de todos os viventes’, é
testemunha do ‘princípio’ bíblico, no qual estão contidas a verdade sobre a
criação do homem à imagem e semelhança de Deus e a verdade sobre o pecado
original. Maria é testemunha do novo ‘princípio’ e da ‘nova criatura’. Melhor, ela mesma, como a primeira
redimida na história da salvação, é ‘nova criatura’: é a ‘cheia de graça’” (MD).
No Antigo Testamento
podemos perceber que Deus se dirigia somente aos homens para estipular a sua a
Aliança. A novidade que o Evangelho traz é a Aliança se inicia com a “mulher”
na Anunciação de Nazaré. É através de Maria que se inicia a nova e definitiva Aliança
de Deus com a humanidade. E aqui podemos entender que “em Jesus Cristo não há
homem ou mulher” (Gál 3, 28), ou seja, a diferença entre homem e mulher, como
herança do pecado original, é superada: “pois todos vós sois um só, em Cristo
Jesus” (Gál 3, 28). A redenção devolve o bem que foi diminuído pelo pecado e
pela sua herança na história do homem. Dessa forma, “Maria é o novo princípio da dignidade e da vocação da mulher, de todas
e de cada uma das mulheres” (MD).
Que a cada dia, nós
possamos estar cada vez mais unidos a Deus, pois assim também nos uniremos cada
vez mais a Jesus Cristo e consequentemente a Maria. Não tem erro, Nossa Senhora
é um “caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Deus, na
qual consiste a perfeição cristã” (TVD 152). Em Maria nós descobrimos a
verdadeira dignidade da mulher, da humanidade feminina.
Tenham um santo e
abençoado resto de semana!
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