(Por Patrícia Lima e Rodrigo
Damasio)
"Vossa sou, pois me criastes,
Vossa, porque me remistes,
Vossa, porque me atraístes
E porque me suportastes;
Vossa porque me esperastes
E me salvastes, por fim:
Que mandais fazer de mim."
Amados, é com muita alegria que venho falar hoje sobre ela, santa, doutora da Igreja, reformadora do Carmelo, baluarte da vocação Shalom: Teresa d'Ávila! Conhecida por nós Shalom como Teresona, esta santa é um apoio sólido para todos nós, um caminho seguro para a amizade com Deus através dos seus ensinamentos. Nesse texto em particular quero ressaltar duas qualidades de santa Teresa: a esponsalidade e a decisão.
Santa Teresa, quando ainda menina costumava dizer uma frase às vezes pouco comum para uma criança; dizia ao seu pai "quero ver Deus". Esse desejo que era expressado pela menina Teresa amadureceu com ela e conduziu-a a vida religiosa, e dentro dessa levou-a sempre a querer mais, amar mais, dar mais. O desejo de conhecer a Deus conduziu Teresa ao caminho da esponsalidade. Teresa parecia entender, ainda que misteriosamente quando criança, que somente em Deus seu coração seria saciado, e quando O encontrou, se derramou em Deus, adentrou profundamente na verdade da sua identidade e no mistério de Deus, deixando que Ele a conduzisse pelos caminhos da contemplação. A esponsalidade de Teresa é fruto de um desejo ardente de conhecer e de uma abertura incondicional para ser conhecida, e isso tem muito a nos ensinar.
O nosso coração, por natureza, deseja conhecer um Outro, é impelido a esse encontro, tem necessidade da esponsalidade. Em Teresa, podemos ver que esse desejo por esse Outro é traduzido na oração, nesse lugar onde se encerra esse encontro de amor e de saciedade, nesse movimento de receptividade e doação. Teresa de Jesus nos conduz a compreensão de que a vida de oração é o caminho para o encontro, e que esse encontro nos permite não só conhecer e amar a Deus, mas a conhecer a nós mesmos. A vida de oração é o lugar onde Deus ao mesmo tempo se revela e nos revela a nós mesmos, permitindo assim que mergulhemos em águas profundas. No nosso mundo de hoje, onde tudo é imagem e superfície, onde cada vez mais existem barulhos e ruídos, onde nós mesmos preferimos nos distrair do que lidar com certas coisas, Teresa nos oferta a oração, o silêncio contemplativo e intimidade com Deus como um meio para chegar a esponsalidade com o Amado e assim traduzir em vida. Para nós, que desejamos ardentemente encontrar a Deus, ser almas esposas, é necessária a compreensão de que essas duas coisas não existem sem a vida de oração, não posso querer escutar a Deus sem dar a Ele a oportunidade de falar, não existe esponsalidade sem o diálogo da oração.
Outro ponto muito forte em Tereza e que nos deixa encantados
com ela é o aventurar-se na oração com “determinada determinação”. Ela nos
ensina nessa determinada determinação a termos uma decisão firme em nossa vida,
em nossa caminhada diária. Ela nos mostra que a decisão não pode ter vacilos e
nem podemos olhar ou voltar atrás mesmo que aconteça o pior. Mesmo que todos
estejam contra, mesmo que ninguém apoie você em suas decisões, necessitamos ter
a “determinada determinação” , ou como ela mesma fala “ainda que o mundo venha
abaixo” (Caminho 21,2). Quem escolhe ser modelado por Terezona vive
a radicalidade porém, sabe que o Amado estará a espera.
O “determinada determinação” é o modelo de Terezona mas que
deve ser usado por nós que buscamos a cada dia vivenciar a vontade de Deus e
não a nossa. Quando ela nos fala para sermos determinados em não olhar para
atrás, refere-se ao fato de o pecado ser sedutor e quando olhamos para trás,
lembramos o quanto o pecado nos seduzia e assim, podemos correr o risco de nos sentirmos seduzidos e virarmos
estátuas de sal.
Assim,
que possamos ter a determinação de “não voltar atrás”. Empreender o caminho da
oração decidido a não abandoná-lo nunca (Caminho de perfeição - Capítulo XXIII,
C 23, tít. e 1) e a decisão de reservar
para a oração um tempo do dia, dando-o a Deus, de todo, “com toda a
determinação de nunca jamais voltar a tomá-lo” (Caminho de perfeição - Capítulo
XXIII C 23, 2).
Lembremos que, dar a Deus o nosso tempo, não é tanto dar-Lhe
um tempo de relógio, mas um pedaço da nossa vida.
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