As almas nos visitam


Durante esse mês dedicado às almas do purgatório, precisamos esclarecer algumas coisas e dentre essas coisas está à questão das aparições das almas. Um assunto cercado de superstições e crendices. Há quem não acredite, quem tenha medo, quem não queira falar do assunto e também quem acredita e já viu algumas aparições. É um assunto que diverge muitas opiniões.
Para começar a falar desse assunto é preciso ficar claro o que é aparição e como a Igreja se porta diante disso. Aparição é uma manifestação do outro mundo, de alguém que vem nos dizer o que se passa lá. Devo acreditar? Há dois extremos prejudiciais, o que acredita facilmente e o que não acredita em nada. O que acredita facilmente aceita qualquer aparição sem nenhum tipo de exame prévio, sem a prudência de estudar e consultar pessoas criteriosas, teólogos ou autoridades eclesiásticas e superiores, que possam discernir com segurança a veracidade de tal aparição. É uma leviandade.  O outro extremo são aqueles que mesmo com sinais de ser verdadeiro, rejeita fatos sobrenaturais. Seria muito ceticismo e prova de orgulho. Então o que fazer? É necessário um equilíbrio, uma alma humilde e obediente não se engana.
Mas, as almas podem voltar a terra quando quiserem? E se comunicar com os vivos? Não e não. Elas não decidem quando podem vir. Isto só acontece com uma especialíssima permissão de Deus, raras vezes, e por milagres para ensinamentos e confirmação da imortalidade da alma, para lição dos vivos ou para pedir socorros e sufrágios. Quando se morre a alma se separa do corpo, logo não se tem mais órgãos para se comunicar com as pessoas, é puro espírito. O corpo morreu, a alma já é entregue a Justiça Divina e vai ou para o céu, ou para o inferno, ou purgatório. Não se pode sem um milagre se comunicar com os vivos.
Há aparições verdadeiras e falsas e a Igreja é muito prudente diante disso, ela não admite aparições a menos que seja devidamente comprovada. Existem sinais dos quais podem nos ajudar a distinguir e livrar-nos dos enganos diabólicos. Apresento aqui as regras dadas no século XVII por Cardeal Bona:
1º- Toda aparição desejada ou provocada é suspeita- Ninguém deve desejar ver ou conversar com mortos, indagar a sorte do defunto, mesmo que o faça por caridade e para rezar por eles. Não se deve desejar aparição alguma de alma do purgatório. Seria temeridade e presunção.
2º- Se a aparição revela coisas ocultas que seria melhor silenciar sobre elas, faltas alheias, ensina coisas contrarias aos dogmas e ao Evangelho, tem horror a água benta, ao crucifixo, etc, está provado que se trata do demônio.
3º- As almas do purgatório aparecem para pedir orações, recomendar restituições, etc, E, feito isto, não voltam mais a não ser para agradecer e pronto. Mas se uma aparição se torna importuna dia e noite, ameaça, perturba a paz da pessoa, ou de uma família, ou comunidade, é sinal certo do demônio.
4º- Ninguém deve aceitar serviços prestados pelas almas do purgatório que se vem colocar a nossa disposição, morar conosco, etc. É pura ilusão isto ou coisa diabólica.
5º- Todos os bons teólogos e místicos ensinam que as aparições verdadeiras logo de inicio perturbam e assustam, mas depois lança a alma numa doce paz, aumenta a humildade, excita o amor de Deus e do próximo e produzem um grande desejo de perfeição. Quando alguém começa a se gabar das aparições, mostrar-se digno delas, perturbar-se em vão e encher-se de presunção, irritar quando os superiores não fazem caso das suas visões e desobedecerem, eis um sinal bem certo de engano.
6º- É necessário que as aparições sejam expostas singelamente a um bom diretor espiritual, sem exageros, nem diminuição da verdade. E depois ficar pelo que ele decidir e obedecê-lo cegamente.
Existem vários santos dos quais receberam visitas das almas do purgatório. Vou citar aqui o exemplo de Padre Pio que uma tarde estava em um quarto, localizado na parte baixa do convento, destinado para casa de hóspedes. Ele estava só e descansando sobre o sofá, quando de repente, apareceu um homem envolto em uma capa preta. O padre Pio, surpreso, ergueu-se e perguntou para o homem quem ele era e o que ele queria.
O estranho respondeu que era uma alma do Purgatório. "Eu sou Pietro Di Mauro". Disse-lhe então: "eu morri em um incêndio neste convento, em 18 de setembro de 1908. Na realidade esse convento, depois da desapropriação dos bens eclesiásticos, tinha sido transformado em uma casa de repouso para anciões. Eu morri entre as chamas quando eu estava dormindo, em meu colchão feito de palha, exatamente neste quarto. Eu venho do Purgatório: O bom Deus, deixou-me vir até aqui e lhe pedir que celebre para mim a santa missa de amanhã de manhã para o meu descanso eterno. Graças a esta Missa eu poderei entrar no Paraíso".
Padre Pio falou para o homem que ele teria a missa santa para a sua alma. O Padre Pio contou: "Eu, queria levá-lo até a porta do convento para me despedir quando repentinamente para minha surpresa ele desapareceu. Eu seguramente percebi que havia falado com uma pessoa morta, na realidade, tenho que admitir que eu reentrei no convento bastante amedrontado. O Padre Superior do convento, Monsenhor Paolino de Casacalenda, notou meu nervosismo, e então contei-lhe o que havia acontecido . Ai então lhe pedí a permissão para celebrar a Santa Missa da manhã seguinte em voto daquela alma necessitada.
Alguns dias depois, Padre Paolino, despertado pela curiosidade foi até o escritório de registro de óbitos da comunidade de St. Giovanni Rotondo, e pediu a permissão para consultar o livro de registro de óbitos do ano de 1908. Após a consulta ele pode então verificar que a história do Santo Padre Pío era verdadeira, pois no registro relacionado às mortes do mês de setembro, Padre Paolino achou o nome, o apelido e a razão da morte: No dia 18 de setembro de 1908, no incêndio da casa de repouso morreu o Sr. Pietro Di Mauro.

Entretanto, não só os santos receberam visitas dessas almas, hoje em dia muitas pessoas recebem visitas das almas do purgatório. E se você ainda duvidava, sim elas nos visitam e na maioria das vezes para solicitar orações para que possam finalmente entrar no céu e contemplar a face de Deus. Se você costuma rezar pelas almas do purgatório continue, se não, passe a rezar. Elas dependem das nossas orações.  

(E. K - Minions Católicos)

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