Amados,
continuaremos essa semana a falar do Carisma Shalom e de sua contribuição para
a nossa vivência cristã através dos Escritos da Comunidade, seguindo agora para
o primeiro escrito: Obra Nova. Esse escrito em particular surge numa casa de
formação da Comunidade Canção Nova no interior de São Paulo, onde Moysés se
retirou com o incentivo de Pe. Jonas Abib para escreve-lo, juntamente com
outros escritos e com as primeiras regras da Comunidade, sendo um dos primeiros
momentos onde o então jovem de 25 anos se propõe a tentar pôr no papel aquilo
que o Espírito Santo vinha cultivando em seu coração, esse novo de Deus para a
Igreja e para a humanidade.
“Deus quer
ardorosamente abrir uma nova vereda pelo deserto e assim formar um povo, um
povo eleito, formado por suas mãos para atravessa-la, percorre-la, assumi-la em
seu viver. Nós somos este povo”[1]
A experiência com o Ressuscitado que
Moysés teve (e que falamos no primeiro texto) o foi conduzindo a querer cada
vez mais entregar a sua vida a Deus, a se ofertar pela Igreja e pelos homens, e
o Espírito Santo, percebendo a abertura de coração daquele jovem, decidiu
revelar um presente a humanidade na forma de um novo carisma, com dinâmicas
novas, com um ânimo novo. Esse caminho (termologia que o Moysés usa para se referir
ao carisma) é precisamente essa obra nova de Deus que já vai surgindo (cf. Is
43, 19-21), essa vereda no deserto da humanidade de onde Deus deseja fazer
jorrar a água viva do seu amor e da sua misericórdia, mas é um caminho que
precisa da nossa adesão a essa obra, necessita que nós decidamos por ser
construtores. Sendo Igreja, com mais novidade que qualquer caminho tenha,
seguimos sempre o caminho de Jesus que “exige
coragem, sacrifício e renúncia, pois é o caminho da cruz para que a cada dia
possamos colher a ressureição”, e a Obra Nova é precisamente essa dinâmica
constante do seguimento de Deus, da adesão a sua vontade a cada dia.
Nada por si só é novo, uma vez que
ser novo é um conceito comparativo. Isso quer dizer que o novo de Deus estará sempre
em contraste com aquilo que é velho em nós, que não está de acordo com o
projeto original de Deus e com a sua vontade para nós. O caminho que o Moysés
coloca com a obra nova é precisamente esse caminho que brota da oração profunda
(pessoal e comunitária) que nos leva a contemplar quem é Deus e quem sou eu,
permitindo que Deus me revele o seu novo e ilumine tudo em mim que é velho.
Para trilhar esse caminho da Obra Nova, de adesão a santidade e ao desejo de
Deus para nós “deveremos ter três grandes
graças: CORAGEM, RENÚNCIA E DISPOSIÇÃO”. É preciso ter coragem para aderir
a esse projeto tão ousado que Deus nos propõe na radicalidade do Evangelho,
coragem de remar contra a corrente para ir rumo aquilo que Deus quer, coragem
de dedicar meu tempo e minhas energias a oração e ao serviço, coragem de
continuar seguindo após cada queda (pois só se deixa de cair quando se deixa de
viver), coragem de renunciar a tudo, dentro e fora de nós, que nos afaste desse
caminho de e para a felicidade que é esse novo de Deus. É preciso renúncia para
ao olharmos aquilo dentro de nós que não se conforma com Deus, nos despojarmos,
renúncia a todo tipo de comportamento, de pensamento, de relacionamento que não
seja condizente com a verdade do Evangelho e com a santidade, é preciso
renúncia muitas vezes até para podar coisas dentro de nós que muitas vezes
julgamos como sendo nossa natureza as que não se conformam com o desígnio de
Deus. É preciso disposição para deixar-se formar, para assumir uma postura de
discípulo diante da beleza do desígnio que Deus vai revelando para nossas
vidas, disposição para crescer a cada dia na virtude a aderir ao caminho de
santidade que o Senhor estende a nossa frente, disposição de ser humilde e
perceber que “se precisa ser podado em
seus galhos velhos, ou até naqueles aparentemente verdes, mas que não dão
frutos, para assim produzir os verdadeiros frutos”, e acima de tudo,
disposição de perseverar na oração, pois “o
plano de Deus só pode acontecer em nós, completar-se em nossas vidas, se estas
estiverem enraizadas na oração profunda”.
É importante ainda ressaltar uma
coisa. A dinâmica da Obra Nova, partindo da passagem em Isaías 43, deixa claro
que Deus não exclui o deserto, ou seja, será sempre um caminho marcados por
batalhas, por provações, por um constante choque dialético entre a Água Viva
que jorra e o ambiente árido que a circunda. Nós, enquanto habitarmos esta
terra, estaremos envolvidos nessa luta por aderir ao novo de Deus com a nossa
débil natureza.
Apesar de o Moysés colocar a Obra
Nova como uma dinâmica da vocação Shalom, eu acho que posso seguramente dizer
que ela encerra em si uma aplicação universal dentro da Igreja, que representa
a nossa luta pela santidade, pela adesão a vontade de Deus, ao novo de Deus, e
ao decidir falar disso carrego justamente para vocês o convite a viver essa
obra, a se permitir podar por Deus para viver a felicidade plena e verdadeira
que só existe em sua vontade, a escolher por lutar essa batalha pelo novo e a
não se acomodar naquilo que não condiz com os planos de Deus. Nós somos esse
povo eleito, a Igreja de Cristo, e é necessário compreender que o nosso próprio
coração jamais será feliz e realizado no velho, pois nascemos para Deus e
ansiamos por viver esse novo, por trilhar esse caminho de e para a felicidade.
Essa Obra Nova será a não de um momento, mas de uma vida, de uma vida amada por
Cristo e decidida pela sua Santa Vontade, disposta a enfrentar todas as
dificuldades e limitações na certeza de que a vitória e garantida pela força da
Ressureição. Que com a coragem, renúncia e disposição, possamos abraçar com as
nossas vidas o novo de Deus para nós!
Shalom!
“Não
é uma tarefa fácil, mas se Deus nos chama, é a nossa alegria e felicidade. Com
nossos corações cheios de desejo, devemos responder dizendo: Sim, Pai, não é
fácil, mas eu desejo, eu quero, eu vou. Amém! ” Moysés Azevedo
“Novo dia
surgiu
e o povo que
andava nas trevas viu
uma intensa
luz, teu clarão
tua glória...
a resplandecer,
Novo povo a
trilhar
um caminho
aberto por tuas mãos
Obra nova
enfim
já podemos
ver, nova criação
Somos nos
este povo alcançado por tua luz
fruto da tua
obra na cruz
(Refrão)
O Senhor
nosso Deus
que merece o
louvor, todo nosso amor
É o Rei que
venceu, ao Cordeiro
a vitória, o
poder, honra e glória (2x)
Ressuscitou, ressuscitou
Um só povo,
um só corpo, um só canto pra Teu louvor
Tua Igreja,
tua esposa celebrar o Teu amor
Soberano,
Majestoso, Glorioso, Vencedor
Todos juntos,
povo em festa
num banquete
que não findará”
Ressuscitou –
Comunidade Católica Shalom
(R. D - Minions Católicos)
[1] Todas as citações presents foram extraídas do
escrito Obra Nova, contido nos Escritos da Comunidade Católica Shalom.
Comentários
Postar um comentário
Fale conosco através do email: minionscatolicos@gmail.com