O Carisma Shalom no coração da Igreja (Parte 2): A Obra Nova


Amados, continuaremos essa semana a falar do Carisma Shalom e de sua contribuição para a nossa vivência cristã através dos Escritos da Comunidade, seguindo agora para o primeiro escrito: Obra Nova. Esse escrito em particular surge numa casa de formação da Comunidade Canção Nova no interior de São Paulo, onde Moysés se retirou com o incentivo de Pe. Jonas Abib para escreve-lo, juntamente com outros escritos e com as primeiras regras da Comunidade, sendo um dos primeiros momentos onde o então jovem de 25 anos se propõe a tentar pôr no papel aquilo que o Espírito Santo vinha cultivando em seu coração, esse novo de Deus para a Igreja e para a humanidade.
“Deus quer ardorosamente abrir uma nova vereda pelo deserto e assim formar um povo, um povo eleito, formado por suas mãos para atravessa-la, percorre-la, assumi-la em seu viver. Nós somos este povo”[1]
            A experiência com o Ressuscitado que Moysés teve (e que falamos no primeiro texto) o foi conduzindo a querer cada vez mais entregar a sua vida a Deus, a se ofertar pela Igreja e pelos homens, e o Espírito Santo, percebendo a abertura de coração daquele jovem, decidiu revelar um presente a humanidade na forma de um novo carisma, com dinâmicas novas, com um ânimo novo. Esse caminho (termologia que o Moysés usa para se referir ao carisma) é precisamente essa obra nova de Deus que já vai surgindo (cf. Is 43, 19-21), essa vereda no deserto da humanidade de onde Deus deseja fazer jorrar a água viva do seu amor e da sua misericórdia, mas é um caminho que precisa da nossa adesão a essa obra, necessita que nós decidamos por ser construtores. Sendo Igreja, com mais novidade que qualquer caminho tenha, seguimos sempre o caminho de Jesus que “exige coragem, sacrifício e renúncia, pois é o caminho da cruz para que a cada dia possamos colher a ressureição”, e a Obra Nova é precisamente essa dinâmica constante do seguimento de Deus, da adesão a sua vontade a cada dia.
            Nada por si só é novo, uma vez que ser novo é um conceito comparativo. Isso quer dizer que o novo de Deus estará sempre em contraste com aquilo que é velho em nós, que não está de acordo com o projeto original de Deus e com a sua vontade para nós. O caminho que o Moysés coloca com a obra nova é precisamente esse caminho que brota da oração profunda (pessoal e comunitária) que nos leva a contemplar quem é Deus e quem sou eu, permitindo que Deus me revele o seu novo e ilumine tudo em mim que é velho. Para trilhar esse caminho da Obra Nova, de adesão a santidade e ao desejo de Deus para nós “deveremos ter três grandes graças: CORAGEM, RENÚNCIA E DISPOSIÇÃO”. É preciso ter coragem para aderir a esse projeto tão ousado que Deus nos propõe na radicalidade do Evangelho, coragem de remar contra a corrente para ir rumo aquilo que Deus quer, coragem de dedicar meu tempo e minhas energias a oração e ao serviço, coragem de continuar seguindo após cada queda (pois só se deixa de cair quando se deixa de viver), coragem de renunciar a tudo, dentro e fora de nós, que nos afaste desse caminho de e para a felicidade que é esse novo de Deus. É preciso renúncia para ao olharmos aquilo dentro de nós que não se conforma com Deus, nos despojarmos, renúncia a todo tipo de comportamento, de pensamento, de relacionamento que não seja condizente com a verdade do Evangelho e com a santidade, é preciso renúncia muitas vezes até para podar coisas dentro de nós que muitas vezes julgamos como sendo nossa natureza as que não se conformam com o desígnio de Deus. É preciso disposição para deixar-se formar, para assumir uma postura de discípulo diante da beleza do desígnio que Deus vai revelando para nossas vidas, disposição para crescer a cada dia na virtude a aderir ao caminho de santidade que o Senhor estende a nossa frente, disposição de ser humilde e perceber que “se precisa ser podado em seus galhos velhos, ou até naqueles aparentemente verdes, mas que não dão frutos, para assim produzir os verdadeiros frutos”, e acima de tudo, disposição de perseverar na oração, pois “o plano de Deus só pode acontecer em nós, completar-se em nossas vidas, se estas estiverem enraizadas na oração profunda”.
            É importante ainda ressaltar uma coisa. A dinâmica da Obra Nova, partindo da passagem em Isaías 43, deixa claro que Deus não exclui o deserto, ou seja, será sempre um caminho marcados por batalhas, por provações, por um constante choque dialético entre a Água Viva que jorra e o ambiente árido que a circunda. Nós, enquanto habitarmos esta terra, estaremos envolvidos nessa luta por aderir ao novo de Deus com a nossa débil natureza.
            Apesar de o Moysés colocar a Obra Nova como uma dinâmica da vocação Shalom, eu acho que posso seguramente dizer que ela encerra em si uma aplicação universal dentro da Igreja, que representa a nossa luta pela santidade, pela adesão a vontade de Deus, ao novo de Deus, e ao decidir falar disso carrego justamente para vocês o convite a viver essa obra, a se permitir podar por Deus para viver a felicidade plena e verdadeira que só existe em sua vontade, a escolher por lutar essa batalha pelo novo e a não se acomodar naquilo que não condiz com os planos de Deus. Nós somos esse povo eleito, a Igreja de Cristo, e é necessário compreender que o nosso próprio coração jamais será feliz e realizado no velho, pois nascemos para Deus e ansiamos por viver esse novo, por trilhar esse caminho de e para a felicidade. Essa Obra Nova será a não de um momento, mas de uma vida, de uma vida amada por Cristo e decidida pela sua Santa Vontade, disposta a enfrentar todas as dificuldades e limitações na certeza de que a vitória e garantida pela força da Ressureição. Que com a coragem, renúncia e disposição, possamos abraçar com as nossas vidas o novo de Deus para nós!
Shalom!
“Não é uma tarefa fácil, mas se Deus nos chama, é a nossa alegria e felicidade. Com nossos corações cheios de desejo, devemos responder dizendo: Sim, Pai, não é fácil, mas eu desejo, eu quero, eu vou. Amém! ” Moysés Azevedo
“Novo dia surgiu
e o povo que andava nas trevas viu
uma intensa luz, teu clarão
tua glória... a resplandecer,
Novo povo a trilhar
um caminho aberto por tuas mãos
Obra nova enfim
já podemos ver, nova criação
Somos nos este povo alcançado por tua luz
fruto da tua obra na cruz
(Refrão)
O Senhor nosso Deus
que merece o louvor, todo nosso amor
É o Rei que venceu, ao Cordeiro
a vitória, o poder, honra e glória (2x)
Ressuscitou, ressuscitou
Um só povo, um só corpo, um só canto pra Teu louvor
Tua Igreja, tua esposa celebrar o Teu amor
Soberano, Majestoso, Glorioso, Vencedor
Todos juntos, povo em festa
num banquete que não findará”
Ressuscitou – Comunidade Católica Shalom

(R. D - Minions Católicos)




[1] Todas as citações presents foram extraídas do escrito Obra Nova, contido nos Escritos da Comunidade Católica Shalom.

Comentários