Boa noite, meus irmãos!
Hoje começaremos uma série de textos baseados na obra intitulada Quem me roubou de mim?, de autoria do
Padre Fábio de Melo, para assim descobrirmos a beleza e os mistérios inerentes
a esse território vasto e encantador chamado: pessoa. No texto de hoje,
abordaremos a temática da subjetividade e suas inferências.
Para entendermos o que
é a subjetividade, recorreremos às considerações realizadas pelo padre.
Logo, pode-se deduzir que a
subjetividade “é toda estrutura que tem
referência direta ao sujeito particular. Ela é o que há de mais profundo e
irrenunciável na criatura humana. É o estatuto mais íntimo, o lugar onde o eu
sobrevive”. Ele nos explica que a definição do termo pode nos ajudar. E
para compreendermos melhor esse termo, depreende-se que a subjetividade “é caráter ou qualidade do subjetivo, e
subjetivo é tudo aquilo que é pertencente ou relativo ao sujeito”.
Para nos inteirar do
assunto, o padre recorre a uma explicação relacionada às regras gramaticais: “o sujeito é o ser que realiza a ação do
verbo. O sujeito é o que dá movimento às frases. Interessante. Sempre que age,
o sujeito age a partir do seu mundo, de sua história pessoal, de seus valores,
limites, possibilidades. Sua ação é sempre carregada de histórias, motivos,
razões”. E assim somos, nós, sujeitos inseridos em um contexto real, que
movimenta a vida, sempre trazendo uma história a ser descoberta. Diversos sentimentos, personalidades, trajetórias, elementos que diferenciam cada
pessoa, tornando-as únicas, sujeitos singulares.
Padre Fábio expressa
que a subjetividade engloba todas as particularidades inerentes à condição de
ser sujeito. Além disso, revela que “ser
sujeito extrapola os limites da corporeidade, que age, movimenta e cria fatos”.
Ainda em relação à explicação do que é ser sujeito, ele nos esclarece: “Um sujeito é um mosaico de desejos, temores,
paixões, sentimentos, angústias, sentidos, mistérios. Realidades que são
universais, mas que acontecem de maneira muito particular em cada um de nós.
Por isso, a subjetividade possui um caráter sacral, pois confere ao sujeito a
possibilidade de estar no mundo de maneira única e irrenunciável”.
Nas palavras do padre: “um objeto, por exemplo, pode ser repetido,
mas um sujeito nunca. Um objeto pode ser manuseado e ocasionalmente dispensado
como peça que perdeu a utilidade, mas um sujeito não. A sua subjetividade o
diferencia no mundo e o coloca como valor a ser respeitado” .
Somos únicos, Deus nos
criou a sua imagem e semelhança. Fomos pensados por Ele e gerados pelo seu
amor. Temos que ter consciência do nosso valor como pessoa. Para falar a
respeito da nossa singularidade, o padre explica que a vida é sempre plural e
singular, e que para sermos plural, devemos estar na posse da nossa
singularidade, caso contrário, a pluralidade nos esmaga. Entendo que isso
significa que convivemos com diversas pessoas, em diversos ambientes, mas
devemos sempre saber quem somos, a nossa identidade, a nossa essência, para
assim não nos perdermos de nós mesmos.
Mais uma vez,
recorrerei a bela explicação que o Padre Fábio tece em seu livro, e para tal, ele utiliza
a figura de um mosaico. “Observe o mosaico.
Nele há multiplicidade de peças, o mosaico é plural e só existe porque as peças saíram de sua singularidade. Só assim, ele pode ser formado. Mas, para dar
forma ao mosaico, as peças não precisaram abrir mão do que elas eram. Não foram
negadas, e sim passaram a compor um todo que jamais conseguiriam sozinhas”.
Não sei para vocês, mas para mim, é uma belíssima explicação. Todos nós fazemos
parte de um grande mosaico, o mundo, cada qual, com suas particularidades. No
entanto, juntos, podemos somar e fazer o mosaico ser o que ele é, fazer com que
ele torne-se essa linda arte, a arte da vida.
“A
subjetividade refere-se a esta capacidade que o ser humano tem de ser singular.
Antes de ser comunidade, o ser humano é pessoal, particular, reservado, privado, porque
segue a mesma regra do mosaico. Se junta aos outros para compor o todo, mas não
deixa de ser o que é”.
O padre diz que duas pessoas
que casualmente se conhecem são duas subjetividades que se esbarram. E caso cresçam no conhecimento, suas singularidades podem se pluralizarem, misturarem
e influenciarem. Em sua visão, essa fato é uma dinâmica maravilhosa. Ele ainda
nos fala, que a maioria dos nossos amigos chegaram a nossas vidas, a partir
desses encontros casuais. No entanto, diz que o contrário também é verdadeiro,
que os inimigos também chegam por meio desses encontros.
Para ele, a grande questão
é: “Nos encontros que realizamos, como é
que fazemos para não perder de vista o que somos? Como viver a dinâmica de um
mundo que é plural, se que nossa subjetividade corra o risco de ser sufocada,
sequestrada?”.
“O
desafio é constante. O risco é iminente. É muito fácil perder a liga
existencial, o cordão que nos costura a nós mesmos. É muito fácil a gente se perder na pluralidade do mundo. É muito
fácil entrar nos cativeiros dos que nos idealizam, dos que nos esmagam, dos que
nos desconsideram, dos que pensam que nos amam, dos que nos viciam, dos que
pensam por nós”.
Meu querido irmão,
agora direciono-me a você no singular, Deus te formou, te amou, te ama com
eterno amor. Ele te conheceu antes mesmo de você ser gerado no ventre de tua mãe.
Então, não esqueça o seu valor, tenha em mente a sua origem, a sua identidade. Você é o filho muito amado de Deus, a quem Ele colocou toda a sua afeição. Não
deixe que o mundo faça você se perder de si mesmo. Conheça-se, encontre-se, e
assim, sempre saberá que você é único, e
que no meio de todo plural, você é singular. E essas palavras também direciono
a mim, para que eu sempre me recorde do meu valor e que Deus me ama. E como
dizia Santa Clara: Não perca de vista o seu ponto de partida.
Paz e bem!
“Instigante. Ser o que somos requer cuidados. Não é possível ser
somente na solidão. O singular é tocado o tempo todo por outro singular e assim
nascem os encontros. Toda relação é um encontro de subjetividade. A vida é
feita desses encontros”
(Quem me roubou de mim? – Padre Fábio de Melo)
(S.A – Minions Católicos)
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