“Não,
não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!
” São João Paulo II
Amados, na minha até então curta caminhada com
Deus pude perceber que uma das maneiras mais belas com a qual o Espírito Santo
escolhe agir na Igreja é através do ministério Pietrino, que é uma verdadeira
forja de santos, e por isso quero falar um pouco de um sucessor de Pedro em
específico que me é muito caro: São João Paulo II. Esta semana eu estava
olhando uma das minhas fotos da JMJ da Cracóvia e na porta da Igreja no
santuário de São João Paulo II estão gravadas estas palavras “Aperite Portas
Christo”, palavras com as quais João Paulo presenteou os fieis em 22 de outubro
de 1978 e que estão marcadas a fogo no coração da igreja, palavras que a luz da
vida desse Santo quero trazer para a nossa atualidade.
Abrir as portas para Cristo foi o
desafio lançado por João Paulo II naquele dia, mas que muito antes de ser
lançado, foi vivido. A humanidade de João Paulo II foi profundamente marcada
por essa abertura a Cristo que é consequentemente uma abertura ao outro, a toda
a humanidade. Desde a sua juventude, mesmo em meio aos sofrimentos de guerras e
da subsequente ocupação comunista na Polônia, a fé, a vivência dessa abertura
de vida a Deus, impulsionava o jovem Karol ao outro, seja pela beleza e
preservação da cultura que proporcionava nos seus teatros clandestinos, pelos
terços de jovens que organizava às escondidas, pelo diálogo com o intelecto e a
ciência nos seus anos como acadêmico e acima de tudo pela simples caridade que
exalava em sua vida. As portas de Karol abertas a Cristo, ou melhor, de Cristo
abertas para Karol, o levaram a Roma, e de lá as Igrejas do mundo, fizeram dele
peregrino, o levaram não só a Igrejas mas a sinagogas e mesquitas, a casa
branca e às Nações Unidas, sempre com um sorriso, com o Evangelho nas ações e
nas palavras cheias de ternura, sempre de portas abertas. João Paulo II não só
falou em abrir as portas a Cristo, ele às abriu em sua carne, e as palavras de
1978 são tão vivas hoje quanto eram naquele dia.
Abrir as portas a Cristo é não
somente uma medida pessoal, não somente algo que afeta a minha vida, mas algo
que eu acolho como um dom de serviço, como algo a ser consumido em favor da
humanidade porque eu reconheço que “O poder absoluto e ao mesmo tempo doce e
suave do Senhor corresponde a quanto é o mais — profundo do homem, às suas mais elevadas
aspirações da inteligência, da vontade e do coração.”. Ao reconhecer nas chagas
do Ressuscitado a linguagem que fala a cada coração, as portas abertas a Cristo
tornam-se portas pelas quais eu saio para o mundo, pelas quais eu vou ao encontro
desse homem que “muito frequentemente o homem não sabe o que traz no interior
de si mesmo, no profundo do seu ânimo e do seu coração, muito frequentemente se
encontra incerto acerca do sentido da sua vida sobre esta terra.”. A vida de
João Paulo II, do homem que perdoou o mesmo que o havia tentado assassinar,
mostra a amplitude da abertura dessas portas. As portas que eu abro a Cristo, e
consequentemente ao homem, não são portas seletivas, marcadas pelos meus
caprichos e conveniências, elas são e precisam ser abertas na totalidade,
abertas a todo homem que necessite que nós demonstremos a eles a razão da nossa
esperança (Cf. 1 Pd 3, 15). Abrir as portas a Cristo, escancara-las ao homem, é
um exercício acima de tudo, de reconhecimento, é reconhecer o amor que Cristo
tem por mim e livremente escolher corresponder a esse amor com tudo que eu
tenho e sou na escolha de amar, de manter essas portas abertas àqueles que Ele
mesmo amou e pelos quais deu a sua vida.
Abrir as portas a Cristo é permitir
que, como fez João Paulo II, nossos caminhos sejam conduzidos por Deus, é uma
adesão da totalidade da minha vida à infinidade do amor de Deus por mim e à Sua
vontade. Em sua juventude, provavelmente o jovem de Wadowice nem sequer
imaginava ser sacerdote, Papa, uma das figuras mais influentes da história do
seu país e do mundo, mas tinha um coração aberto, dócil a vontade de Deus e
violento na decisão de amar. As portas abertas que abrimos a Cristo abrem para
nós a possibilidade da felicidade em lugares onde talvez nem imaginássemos
antes, nos levam por vias tantas vezes desconhecidas, mas que são sempre amor.
As portas abertas nos lançam pela via do mundo sem a seletividade do nosso amor
humano mas com a totalidade do amor divino disposto a se doar a quem necessita.
As portas abertas nos lançam ao diálogo com tantas pessoas com opiniões
diversas e ao mesmo tempo nos dão a força para ancorados nas nossas convicções
agirmos com a caridade que é própria de Cristo. As portas que abro a Cristo são
o meio desejado por Deus para entrar na humanidade, é o lugar onde novamente o
Verbo se faz carne nas vidas ofertadas em amor, inflamadas por esse amor, e
assim toca a humanidade cética e secularizada, duvidosa e carente de amor e de sentido.
A humanidade progrediu em muitas
coisas desde aquele 22 de outubro de 78, mas o eco das palavras de João Paulo
II em San Pietro ainda ecoa, mais forte e mais necessário que nunca, ansiando
por ressoar em corações dispostos, dóceis e violentos que possam, de portas
abertas, trazer através da vivência radical do Evangelho a realidade do Deus
vivo e amante a essa humanidade ferida e carente. Termino, com as mesmas
palavras que esse santo amigo deixou naquele dia na esperança de que no meu
coração e no seu elas possam encontrar lugar e que possam nas nossas vidas se
tornar realidade.
“Permiti,
pois — peço-vos e imploro-vos com humildade e com confiança — permiti a Cristo
falar ao homem. Somente Ele tem palavras de vida; sim, de vida eterna.” São
João Paulo II
Shalom!
*todas
as citações não bíblicas desse texto foram extraídas de https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/1978/documents/hf_jp-ii_hom_19781022_inizio-pontificato.html.
Rodrigo Damásio – Minions Católicos
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