“Naquele tempo, os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e
perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus
discípulos não?
Disse-lhe Jesus: Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto
enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio
deles. Então, sim, eles jejuarão” (Mt 9, 14-15)
Bom dia, meus irmãos! Estamos vivenciando o período quaresmal, que teve
início na quarta-feira de cinzas, um tempo favorável, o tempo da salvação, como
dizia a segunda leitura desta celebração.
E nesse tempo favorável, no qual, a Igreja nos convida ao jejum, à oração
e à esmola, vamos estar atentos e de coração aberto à Palavra do Senhor, que
tem muito a nos dizer.
A liturgia de hoje, não diferente da liturgia dos outros dias, está
belíssima! Quão rica é a Palavra que o Senhor prepara para nós! Na primeira
leitura, há uma advertência quanto à prática do jejum. Amados! Não adianta nos
abstermos de carne, ou deixar de comer algo que gostamos muito, ou então
largamos a TV ou a internet de lado, em sinal de penitência, se o nosso coração
está cheio de rancor e maldade. Não adianta deixar a coca-cola por um tempo, se
a nossa língua desfere grandes golpes contra o próximo. Em nada será
satisfatório não se deliciar com o chocolate, se o nosso dedo está apontado
para a face do outro.
Ah! Então que dizer que não preciso fazer nenhuma penitência? Não, não
foi isso que eu quis dizer, mas sim, que o nosso coração também deve estar
penitente, o nosso coração precisa estar aberto à conversão, estar sensível a
voz de Deus, que nos convida a mudar de direção, convergir com os caminhos do mundo,
para assim, vivermos a verdadeira metanoia.
“Acaso o jejum que prefiro não é outro:
quebrar as cadeias, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão
detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? Não é repartir o pão com o
faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu,
cobre-o, e não desprezes a tua carne” (Is 58, 6).
Irmãos! Somos chamados a viver a quaresma e a fazer nosso jejum com esse
espírito de caridade, e dessa forma, a glória do Senhor nos seguirá e Ele sempre
virá em nosso auxílio, conforme está escrito: “Então brilhará a tua luz como aurora e tua saúde há de recuperar-se
mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá.
Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: "Eis-me
aqui” (Is 58, 8).
Se ainda não estamos vivenciando verdadeiramente a quaresma, se o nosso
coração ainda está fechado por algum motivo, ainda dá tempo de voltarmos para o
Senhor, pois Ele recebe de bom grado um coração humilde e contrito, e o Salmo
Responsorial vem nos apresentar essa súplica do coração penitente: “Ó Senhor, não desprezeis um coração
arrependido”. E reafirmando o que a primeira leitura declara sobre a penitência, o salmo também nos exorta sobre ter esse coração voltado para o
Senhor, como forma de um sacrifício agradável aos Seus Olhos: “Pois não são de vosso agrado os
sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. Meu sacrifício é minha
alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!”.
O Evangelho vem selar de forma clara e objetiva a explicação sobre o
jejum. Os discípulos de João questionaram a Jesus o motivo, pelo qual eles e os
fariseus faziam jejum, mas os discípulos d’Ele não. E com a sabedoria que lhe
foi dada pelo Seu Pai, que está no céu, Jesus indaga se por um acaso, os amigos
do noivo podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles.
A respeito dessa passagem do Evangelho, o blog “O Cristão Católico,
utilizando como fonte a CNBB, esclarece: “As
práticas religiosas não podem ser simples ritualismos que cumprimos por costume
ou tradição. Os fariseus e os discípulos de João faziam jejum, cumprindo os
valores tradicionais da religiosidade de sua época, mas o cumprimento
desses valores não lhes foi suficiente
para que se tornassem capazes de reconhecer o tempo em que estavam vivendo e por quem foram
visitados, de modo que não puderam viver a alegria de quem tem o próprio Deus
presente em suas vidas e nem puderam usufruir de forma mais plena essa presença
de graça. Somente quem viver uma verdadeira religiosidade que seja capaz de
estabelecer um relacionamento profundo e maduro com Deus e perceber os seus
apelos nos dos sinais dos tempos pode colher os frutos dessa religiosidade” (CNBB).
Além disso, o mesmo site traz a visão do Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta,
sobre esse acontecimento: “Durante o
tempo da vida terrestre do Messias-esposo, não convinha jejuar, para que se
patenteasse a alegria de sua presença. Ao se concluir sua missão terrena e Jesus voltar
para o Pai, então, será tempo de jejuar auspiciando a sua nova vinda. A prática
cristã do jejum é uma forma de manter-se sempre atento, à espera do Messias que
vem. A intemperança no comer e no beber pode levar o cristão a olvidar-se do
caminho traçado pelo Senhor, e a buscar uma alegria efêmera. Só vale a pena festejar, quando se tem certeza
da presença de Jesus”.
E ao passar esses quarenta dias, que revivemos a tentação que Jesus
sofreu no deserto, sua Paixão e Morte,
vamos finalmente celebrar a sua Ressurreição, e nesse dia não teremos motivo
para jejuar, assim, como os discípulos, pois o Noivo estará vivo e estará no meio
de nós.
Irmãos! A Igreja nos oferece diversas práticas para vivermos bem esse
tempo quaresmal. Por nossas forças não conseguimos, mas pela ação divina que
age por meio do Espírito Santo, seremos revigorados e impulsionados a viver esse
período de forma santa.
Somos convidados a viver esses quarenta dias de recolhimento e sacrifício, para então, finalmente, vivermos a alegria da Ressurreição de Nosso
Senhor! O padre dizia na homilia de quarta, que esse é um tempo de graças,
então, vamos estar disponíveis à essas graças que serão derramadas sobre nossas
vidas.
Santa quaresma a todos!
(S. A – Minions Ctaólicos)
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