“Mergulhai
no sangue de Jesus crucificado; banhai-vos nesse sangue, saciai-vos nesse
sangue, embriagai-vos desse sangue; cobri-vos com esse sangue; chorai por vós
nesse sangue, rejubilai-vos nesse sangue e fortificai-vos com esse sangue” (Santa
Catarina de Sena)
“Nenhuma folha
cai da árvore sem que seja da vontade se Deus”. Amados
irmãos, hoje a nossa Santa e Madre Igreja comemora o dia desta doutora – Santa
Catarina de Sena. Ela que teve a coragem de sair da sua zona de conforto e
anunciar a palavra de Deus. De fato a época era outra, a relação do povo com a
sua fé também possuía um outro pano de fundo, no entanto o que podemos
depreender da vivência cristã e da perseverança que esta mulher corajosa nos
mostra é uma mensagem de esperança, bem como a de João “Jovens, eu vos escrevi porque sois forte e a palavra de Deus permanece
em vós e vencestes o maligno” (1 João 2,14).
“Jovens, se
fores aquilo que Deus quer, colocareis fogo no mundo!”.
Catarina Benincasa desde muito cedo tomou nota do desejo de Deus para a
humanidade. Ela ainda era uma criança quando o surgiu o seu despertar
vocacional e sua sede de santidade. Muitas vezes nós pensamos: Poxa! Os santos desde pequenos já sabem o
que vão ser e já possuem uma certeza plena de que Cristo deve de ser o centro
de suas vidas e eu aqui... Sou um jovem e não sei ao certo qual minha vocação
ou como viver minha fé em plenitude. Será se Deus me chama também?? Irmão, acalma
o teu coração e confia no Senhor; a própria Catarina de Sena diz que Deus tem
diversas formas de chamar seus filhos, você só precisa manter uma oração
constante e pedir ao bom Deus a graça da sensibilidade para que reconheça a voz
d’Ele em meio ao barulho.
Catarina tinha somente sete anos (1354), mas seu
espírito já tinha amadurecido para o divino. Um fatídico dia ela se retirou em
um local isolado e após profunda oração e silêncio ela recitou em voz alta,
dirigindo-se a Virgem Maria, as seguintes palavras: “Bem-aventurada e santa Virgem, vós que sois a primeira entre todas as
mulheres, que consagrastes perpetuamente vossa virgindade ao Senhor, por graça
de quem vos tornastes a mãe de seu único filho, suplico vossa incomparável
clemência que, sem olhar meus méritos nem minha indignidade, dignai-vos
conceder-me a imensa graça de me dar por Esposo Aquele que desejo com todas as
forças de minha alma, vosso Santíssimo Filho, o único Senhor, Jesus Cristo. Eu
vos prometo, a ele e a vós, jamais escolher nenhum outro esposo e tudo fazer
para conservar intacta minha pureza”. Deste modo, consagra sua pureza e faz
voto de virgindade. Depois disso, Catarina se viu obstinada à santidade;
praticando mortificações e flagelos.
“[...] Um sonho
lhe mostrou o caminho que se abria diante dela. São Domingos de Gusmão
apareceu-lhe em pessoa durante o sono. Estava rodeado de outros fundadores de
outras ordens religiosas. Cada qual fazia o melhor possível para atrair para
sua congregação essa alma de elite. Mas foi Domingos quem a levou. Tendo à mão
um lírio de brancura radiante e, dobrado sob o braço o hábito das irmãs
dominicanas da penitência, bastante numerosas então em Sena, ele lhe disse: ‘
Minha doce filha, não percas a coragem: não deves temer nenhum obstáculo, pois,
segundo teu desejo, eu te asseguro que vestirás este hábito’” (Bernard
Sesé – Catarina de Sena, uma biografia). Santa Catarina, depois disso, não
relutou, comunicou a sua família o seu desejo de tornar-se freira, no entanto
eles se opuseram. Como castigo, colocaram-na para servir a todos da casa, como
uma doméstica, ela servia-os como se estivesse a servir a sagrada família e
todos os dias rezava para que compreendessem a sua vocação e deixassem que ela
a vivesse. Em um dia quando esta servia sua família, seu pai, Iacopo de
Benincasa, viu uma pomba branca voando em cima da cabeça de Catarina e por este
sinal compreendeu que não se tratava de um capricho, mas que o próprio Cristo a
havia escolhido. Com isso falou para seus filhos, irmãos de Catarina, e para a
mãe de Catarina, Lapa Piagenti, que ninguém mais se opusesse a sua decisão. “Deus quer que sejamos santos, tudo que
acontece convosco tem essa finalidade”.
Catarina passou a viver no convento dominicano, em
um quarto pequeno. Ela viveu no convento com muita sagacidade, silêncio
absoluto, reclusão, solidão, penitências, deserto e preces. Foi aí que começou
a viver os diálogos místicos com Cristo. Era como se fossem dois amigos que
conversavam sempre, caminhando juntos pelo quarto. Em uma das aparições que
Jesus fizera a Catarina, ele disse-lhe: “Catarina,
minha filha, vês o quanto eu sofri por ti? É preciso que também aceites sofrer
por mim”. “Senhor, onde estavas quando meu coração se atormentava de
tentações?” e o Senhor lhe respondeu: “Estava
em teu coração”. Então ela disse: “Senhor,
és toda a verdade, e venero tua majestade. Mas como posso crer que estavas em
meu coração se ele estava repleto de pensamentos imundos e repugnantes?”. O
Senhor lhe respondeu: “Esses pensamentos
ou essas tentações causavam em seu coração alegria ou dor? Prazer ou aversão?”.
“Uma grande dor e uma grande aversão” respondeu ela, e o Senhor lhe disse: “Quem senão eu te fazia sentir essa aversão,
pois que estava escondido em teu coração? Se eu não estivesse presente, esses
pensamentos teriam penetrado em teu coração e terias sentido grande prazer.
Minha presença em teu coração era a causa dessa aversão!”. Em um
determinado momento, Cristo mostrou-a um muro e disse à Catarina que seu lugar
era fora dos muros, lutando pelos pobres.
Em 1368 houve um grande marco em sua vida, o chamado
casamento místico. Catarina em sonho era despojada por Cristo e neste casamento
estavam presentes a Virgem Maria, que a conduzia até Cristo, e a corte celeste,
como São Domingos de Gusmão. “ Sons de
uma melodia inusitada ergueram-se da harpa de Davi, acompanhando a oficiante:
Virgem Maria que, em pessoa, pegou a mão de Catarina, apresentou-a a seu Filho,
convidando-o a entregar-se a ela como esposo na fé. Este consentiu em graça e,
pegando um anel de ouro com rebordo engastado de quatro pérolas e de um
maravilhoso diamante, colocou-o no dedo da jovem e lhe disse: ‘Eu, teu Criador
e Salvador, te esposo na fé. Guardarás sem mácula essa fé até chegares ao céu
para lá celebrares comigo as bodas eternas. De agora em diante, minha filha,
age com bravura e sem nenhuma hesitação diante de tudo o que, pela disposição
de minha providência, se apresentar a ti. Armada como estás com a força da fé’
A visão desapareceu.” (Bernard Sesé – Catarina de Sena, uma biografia).
Depois do casamento místico, em um determinado momento, Cristo mostrou-a um
muro e disse à Catarina que seu lugar era fora dos muros, lutando pelos pobres.
“Quais são as
pessoas que não se queimam no amor de Deus? São aquelas que diariamente renovam
suas promissórias com o diabo e não valorizam Jesus Cristo”. Catarina
passou a viver uma vida pública, ela deixou o convento e tornou-se uma leiga
consagrada. Cuidava dos pobres, mendigos, doentes não só de suas saúdes
físicas, mas de suas saúdes espirituais. Com o tempo muitas pessoas foram
atraídas por sua santidade e passaram a segui-la. Catarina caminhava a pé por
muitos lugares, sempre seguida por seus discípulos. Ela ditava cartas aos seus
discípulos, pois não sabia escrever, e as mandava para as pessoas que
necessitavam de exortação e da palavra de Deus. Ela escrevia às donas de casa,
ao Papa, aos familiares, aos desconhecidos, sempre com amor e cuidado. Ao todo
foram escritas 382 cartas.
Catarina passou os últimos dias de vida lutando
contra o cisma do oriente, em que a Igreja se dividia. Ela entregou-se por
inteiro para que a Igreja se reestabelecesse. Desde encontros com o Papa e
cartas de aconselhamento até jejuns e mortificações. Catarina de Sena morreu em
29 de abriu de 1380, após passar nove meses se alimentando somente de hóstia
consagrada que era uma forma de oferecer-se em sacrifício pela Igreja. Que esta
santa inspire a vós, assim como ela me inspira. Que tenhamos a graça de dizer
como ela: “La mia natura è fuoco!” (A
minha natureza é o fogo!). Permaneçam sob o amor de Jesus e com a
intercessão de Santa Catarina de Sena. Jesus doce, Jesus amor.
Paz e bem!!!
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Abraça Jesus crucificado, amante e
amado
CARTA 165
Querida irmã em Jesus. Eu, Catarina,
serva dos servos de Jesus, escrevo-te no seu precioso sangue, desejosa que te
alimentes do amor de Deus e que dele te nutras, como do seio de uma doce mãe.
Ninguém, de facto, pode viver sem este leite!
Quem possui o amor de Deus, nele
encontra tanta alegria que cada amargura se transforma em doçura e cada
grande peso se torna leve. E isto não nos deve surpreender porque, vivendo na
caridade, vive-se em Deus:
“Deus é amor; quem permanece no amor
habita em Deus e Deus habita nele”.
Vivendo em Deus, por conseguinte, não
se pode ter amargura alguma porque Deus é delícia, doçura e alegria infinita!
É esta a razão pela qual os amigos de
Deus são sempre felizes! Mesmo se doentes, necessitados, aflitos,
atribulados, perseguidos, nós estamos alegres.
Mesmo quando todas as línguas
caluniosas nos metessem em má luz, não nos preocuparemos, mas nos alegraremos
com tudo porque vivemos em Deus, nosso repouso, e saboreamos o leite do seu
amor. Como a criança suga o leite do seio da mãe assim nós, enamorados de
Deus, atingimos o amor de Jesus Crucificado, seguindo sempre as suas pegadas
e caminhando com ele pelo caminho das humilhações, das penas e das injúrias.
Não procuramos a alegria se não em
Jesus e fugimos de toda a glória que não seja aquela da cruz.
Abraça, portanto, Jesus Crucificado elevando a ele o olhar
do teu desejo! Toma em consideração o seu amor ardente por ti, que levou
Jesus a derramar sangue de todas as partes do seu corpo!
Abraça Jesus Crucificado, amante e
amado e nele encontrarás a verdadeira vida, porque ele é Deus que se fez
homem. Que o teu coração e a tua alma ardam pelo fogo do amor do qual foi
coberto Jesus cravado na cruz!
Tu deves, portanto, tornar-te amor, olhando para o amor de Deus,
que tanto te amou, não porque te devesse obrigação alguma, mas por um puro
dom, impelido somente pelo seu inefável amor.
Não terás outro desejo para além
daquele de seguir Jesus! E, como que inebriada do Amor, não farás caso se te encontras só ou acompanhada: não te
preocuparás com tantas coisas, mas somente de encontrar Jesus e segui-lo!
Corre, Bartolomea, e
não estejas a dormir, porque o tempo corre e não espera nem um
momento!
Permanece no doce amor de Deus.
Doce Jesus, amor Jesus."
(Das “Cartas” de Santa
Catarina de Sena (1347-1380) (carta n.165 a Bartolomea, esposa de
Salviato da Lucca)
(Kayron
Kaic - Minions Católicos)
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