Profissões de Fé - O Pai



“Fides omnium christianorum in Trinitate consistit – A fé de todos os cristãos consiste na Trindade.”
(CIC, § 232)
Boa noite filhos e filhas amados de Deus. Que nessa noite de formação, o Espírito Santo desça sobre os nossos corações, e nos inspire, a entender aquilo que Deus quer nos revelar nessa noite. Que Maria puríssima, santa Mãe de Deus e do Perpétuo Socorro interceda por nós ante ao seu Filho, que é rico e cheio de misericórdia. Amém!? Prosseguimos hoje com a nossa formação, que já vem caminhando há um certo tempo e nela falamos sobre as nossas profissões de fé e também a sua fundamentação. O texto de hoje, me fez muito lembrar de Padre Léo, pois ele é um convite ao que melhor Léo sabia fazer, mergulhar no mistério de Deus. Antes mesmo que você comece a ler, já te aviso, com olhos humanos você jamais conseguirá compreender o que está escrito aqui. Para mergulhar no mistério, é necessário abraçar-se com o Espírito de Deus, e pedir a Ele a revelação sobre tudo aquilo que será escrito hoje.
No texto de semana passada, nós falamos sobre a intimidade com Deus. Sobre o que é Deus, quem é Deus, como ele se revelou a nós, e falamos um pouco sobre a santíssima trindade, mas foi algo bem superficial. Inspirado por Deus, não aprofundei naquele momento. Se você abrir seu Catecismo lá no § 232, vai estar intitulado assim: “O Pai – Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” No título já somos convidados a entender o Pai, e mergulhar na intimidade com Ele. Quando falamos de Santíssima Trindade, somos chamados a entender algo que conduz toda a igreja em sua essência. Tudo, na Igreja Católica, gira em torno do dogma trinitário. Este é o mistério central de Fé da nossa igreja, é o próprio mistério de Deus, e a fonte e luz de todos os outros mistérios e dogmas. Outrossim, o ensinamento mais fundamental e mais essencial dentro de uma hierarquia dogmática. Entendam que, não que uma verdade seja “maior” que outra, mas que uma desencadeia outra, e que elas vem e brotam de algum lugar, por isso a Igreja, nos Concílios de Niceia e de Constantinopla instituí e reforça as verdades desse dogma. 
O Deus Pai, que nos criou, e todas as coisas visíveis e invisíveis. O Deus Filho, que encarna no seio da Virgem Maria, se fez homem, esteve conosco e habitou entre nós. E o Deus Espírito Santo que habita dentro de nós. Nos criou, esteve conosco e se nos proporcionou a reconciliação consigo mesmo, habitou dentro de nós e habita por toda eternidade. “Toda a história da salvação não é senão a história da via e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo mesmo e une a si os homens que se afastam pelo pecado.” Quando lemos, conseguimos separar bem cada pessoa, mas o mistério se revela ai, são três pessoas distintas, porém um único Deus. São diferentes, mas ao mesmo tempo um único Deus. É aqui nessa questão que mora todo o mistério deste dogma. “ Mas a intimidade de seu Ser  como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo.” Ou seja, esse mistério de como se dá é para além da compreensão humana e de tudo aquilo que a nossa razão alcança.
Quando destrinchamos a Santíssima Trindade, conseguimos compreender melhor a relação íntima entre as três pessoas e o mistério: Designamos Deus como o Pai, quando dizemos que Deus é o pai, admitimos que Ele é a origem primeira de todas as coisas e é a autoridade transcendente. Quando dizemos que Deus é o Pai, também podemos ligar a figura dos pais enquanto genitores, como a primeira referência de Deus para o homem. Mas, diferente dos homens Deus não é falível, Ele transcende a paternidade humana, embora Deus seja a origem da Paternidade, ninguém é Pai como Deus o é.
Mergulha agora no mistério comigo. Quando Jesus vem, Ele revela a segunda parte do mistério da Trindade. Primeiro Ele revela Deus como seu pai, não no sentido de criador, mas Pai em relação ao sentido de filho, e filho único. E lá no livro de Mateus, mora a revelação dessa parte “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o filho e aquele a quem o filho quiser revelar.” Meus irmãos é mistério de Deus. Cristo vem revelar, de fato a paternidade de Deus para conosco, e em especial para com Ele, e sendo Deus entre nós, se revela dizendo que Ele é o único caminho para chegar ao Pai, ao Deus que está nos céus. Só Cristo pode nos revelar a face de Deus, pois só Ele, de fato conhece o Pai, e, revelação do Espirito agora, só Maria pode nos revelar a face do Cristo. Jesus esse que os apóstolos reconhecem como Deus. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o verbo era Deus... [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele... Mas todos aqueles que o receberam aos que creem no seu nome, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.”  Toda essa passagem tá bem no início do livro de João no capítulo 1, aqui não temos só o reconhecimento de Jesus como filho de Deus, mas também Jesus como sendo o próprio Deus, que habitou entre nós. “o filho único de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao pai”  No ano de 381, no Concilio de Constantinopla foi instituído esse credo do qual tirei o trecho supracitado, nele também mora a revelação. Jesus é Deus, vem de Deus, é consubstancial a Deus.
E, pegando essa palavra – consubstancial – mergulhamos na terceira pessoa, o Espírito Santo. “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ele vos ensinará, as coisas que virão. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu e vo-lo anunciará.” (Jo 16, 12-15) Nessa passagem, o próprio Cristo revela a terceira pessoa da Trindade Santa, antes de sua crucificação. E quando aparece aos seus apóstolos, dias depois de ressuscitar, sopra o Espírito Santo sobre eles. Sobre nós, agora o Cristo, a essência divina, do Pai e do Filho habita em nós, nos nossos corações. Nos inspira e é pelo Espirito Santo que Deus conversa conosco.
 “No decurso dos primeiros séculos, a Igreja preocupou-se com formular mais explicitamente a sua fé trinitária, tanto para aprofundar a sua própria inteligência da fé, como para a defender contra os erros que a deformavam. Foi esse o trabalho dos primeiros concílios, ajudados pelo trabalho teológico dos Padres da Igreja e sustentados pelo sentido da fé do povo cristão. Para a formulação do dogma da Trindade, a Igreja teve de elaborar uma terminologia própria, com a ajuda de noções de origem filosófica: «substância», «pessoa» ou «hipóstase», «relação», etc. Ao fazer isto, a Igreja não sujeitou a fé a uma sabedoria humana, mas deu um sentido novo, inédito, a estes termos, chamados a exprimir também, desde então, um mistério inefável, «transcendendo infinitamente tudo quanto podemos conceber a nível humano» A Igreja utiliza o termo «substância» (às vezes também traduzido por «essência» ou «natureza») para designar o ser divino na sua unidade; o termo «pessoa» ou «hipóstase» para designar o Pai, o Filho e o Espírito Santo na distinção real entre Si; e o termo «relação» para designar o facto de que a sua distinção reside na referência recíproca de uns aos outros.” (CIC §251 e 252)
Por fim, para arrematarmos esse texto é necessário entendermos algumas coisas. A primeira delas é que Deus é Uno, não professamos três Deus, mas sim um mesmo Deus em três pessoas. Deus não se divide nas três pessoas, Ele é por inteiro. “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o filho, isto é, um só Deus por Natureza.” Também O pai não é o filho, nem vice versa, e o Espirito Santo não é os dois, são três pessoas distintas. Enfim gente, aqui mora a revelação. Aqui se limita o entendimento humano, para além disso só Deus consegue nos revelar, pois Ele é incompreensível. Deus abençoe todos vocês.
Agenor Ferraz – Minions Católicos

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