Amados, hoje já nos
aproximando de pentecostes, vamos novamente voltar o nosso olhar para Maria,
para ela que é a criatura que mais concreta e intensamente experimentou a força
transformadora do Espírito, para compreendermos um pouco do que é a caminhada que
faz a Igreja rumo à pentecostes e também no curso da história. São João Paulo
II na sua carta encíclica Redemptoris
Mater coloca Maria constantemente como aquela que precede, que vai à frente
da Igreja de Cristo, e por isso olhamos para ela, “em cujas pupilas enxergamos Jesus” (Moysés Azevedo).
Maria aparece na história da salvação na anunciação, no
mistério onde contemplamos o Espírito que introduz o verbo encarnado em seu
seio virginal, e desde esse momento ela já aparece como aquela que é movida
pelo Espírito. A caminhada de Maria nos mostra que o Espírito Santo é sempre
uma força dinâmica, que não suporta que fiquemos parados e gera em nós o
movimento do anúncio, do ir em direção ao outro. Mas se olharmos para o
pentecostes, particularmente prestando atenção aos primórdios da Igreja como
descritos nos Atos dos Apóstolos, vamos ver que esse Espírito, essa força de
saída, precisa vir até nós, e somente com a sua vinda é que as coisas serão
fecundas, darão os frutos que o Senhor deseja, e esse Espírito é atraído a nós
pela oração. Maria, aquela que guarda tudo no coração, é a alma orante por
excelência e creio que é por isso que São Lucas faz questão de salientar que
enquanto todos perseveravam na oração após a ascensão de Jesus, ela estava lá.
Enquanto a Igreja esperava, Maria fez questão de inserir a todos numa vida de
oração profunda que nos prepara para receber o Espírito com docilidade e assim
ter a disposição de aderir aos seus movimentos (cf. At 1, 14).
Amados, novamente Maria vem com a sua caminhada ordenar a
caminhada da nossa fé, mostrar-nos que o Espírito é precedido e acompanhado, e
precisa o ser sempre, por uma profunda vida de oração. Muitas vezes eu me
pergunto o porquê de termos uma ânsia tão grande pelo Espírito e não vivermos
uma vida de oração profunda. Queremos todos fazer os discernimentos corretos,
seguir a vontade de Deus, mas ao mesmo tempo não queremos dar tempo a Deus na
oração para que Ele nos fale e nos revele o seu querer. Que profunda
incongruência vivemos, irmãos (e eu me incluo nisso)! Irmãos, sem a oração, é
impossível a nós escutar a voz de Deus e assim seguir os movimentos do
Espírito. Sem o silêncio da oração a voz de Deus se confunde no meio de tantas
outras que existem nesse mundo, inclusive com a nossa mesma, e corremos o risco
de colocar o nome de “vontade de Deus” em tantas coisas que ouvimos por aí. A
vida dos apóstolos orientados por Maria nos mostra (ainda no livro dos Atos)
que a oração, o jejum, a escuta, SEMPRE precedem as ações da Igreja movida pelo
Espírito. Nossas ações, nossos discernimentos, para serem fecundos, para
receberem a essa força do Espírito que nos move ao outro, precisam ser tomadas
na oração, neste lugar para onde o Espírito é particularmente atraído como nos
indica Maria, e onde nós suplicamos pela sua vinda transformadora em nós, como
nos diz Moysés Azevedo “lembremo-nos que
a Igreja nascente, antes de partir em missão, parou, e, junto com Maria, orou e
suplicou o Espírito Santo”.
Esperemos o pentecostes com Maria, irmãos, num espírito
de oração profundo, no desejo de nos unir ao Senhor e assim receber esse
Espírito que deseja se derramar em nós, mas que precisa encontrar, na oração,
corações abertos e dispostos. Que nesse pentecostes recebamos a graça de ir ao
encontro do Senhor na oração e receber o seu Santo Espírito que vem fecundar a
nossa vida e nos impelir ao anúncio da boa nova!
Shalom!
(Rodrigo Damasio – Minions Católicos)
(Rodrigo Damasio – Minions Católicos)
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