Como se constitui um Dogma?


Já parou para se perguntar o que é um Dogma? Muitos devem responder de bate pronto, um “Dogma é uma Verdade de Fé”. O que não está errado! Então vos pergunto? O que seria essa verdade? O que seria a Fé? Levemos em consideração que acreditar de forma plena, sem saber no que se acredita é seguir de forma serena e sim de forma cega!
Quando falamos da palavra “Verdade” ela se abra para muitos conceitos e interpretações. E para nós católicos a Verdade é aquela que age pelo Verbo Encarnado. A Verdade vem de Cristo: “a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-nos, por esta revelação, em Cristo”[1] e podemos ver isso quando Jesus diz: “ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo”[2].
Então todas as verdades que cremos foram ditas por Cristo? SIM, COM CERTEZA! A Verdade foi cumprida e promulgada pessoalmente por Ele, (deem uma conferida em II Cor. 1,20; 3,16-4,6)! E digo-vos mais por todos aqueles instruídos por Cristo a levar essa verdade: “Por isso, Cristo Senhor, em quem toda a revelação do Deus altíssimo se consuma, mandou aos Apóstolos que pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes, o Evangelho prometido e antes pelos profetas”[3].
Se já começamos a entender o que é essa Verdade, agora precisamos compreender o que é FÉ. E a carta aos Hebreus nos diz: “A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer as realidades que não se vêem” [4].
Bom a parte que fala em conhecer as realidades que não vemos é até fácil de aceitarmos, uma vez que não vemos Deus mas cremos nele... E como será isso de possuir algo que se espera, o possuir algo que não se tem.... Essa parte pode ser entendida diretamente com aquele trecho da oração do Pai Nosso, sabe? Esse Trecho: “Venha nós o vosso reino”. Difícil ainda? Imagina que você vai ganhar um presente e, você já sabe o que é, mas não chegou o dia de ganhar ainda, aí sua mãe coloca o presente em cima do guarda roupa, lá no alto! O presente é seu, você já o tem, só não pode abrir e usufruir ainda. Pois bem assim é a Fé: Acreditar no que não vejo e possuir algo que ainda não tenho!
E como se junta essa Verdade e essa Fé para constituir um Dogma? Então aquela mãe que guardou o presente... Essa MÃE é a IGREJA! “E assim, Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho; e o Espírito Santo - por quem ressoa a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo - introduz os crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo neles habite em toda a sua riqueza” [5].
Um Dogma quando Elaborado pela Igreja ele é alicerçado no tripé da nossa FÉ: A Bíblia, o Magistério e Tradição. A Igreja considera toda a verdade dita por Cristo inclusive aquelas “que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever” (Jo 21,26). E tudo aquilo que foi vivenciado pelos apóstolos. Exatamente por isso os nossos Dogmas contam com a Tradição: Escrita, Oral e Viva de todos os dois mil anos da Igreja. Da sabedoria do Magistério escrito e organizado por santos, padres e Papas. E da Graça da Sagrada Escritura.
Não é um caminho fácil. A Igreja quando Prima um Dogma, ela cria uma Verdade, Indiscutível, Imutável, Não Contraditório e Irrevogável. Ou seja, quando a Igreja Dita uma Verdade Dogmática ela NÃO pode ser desfeita. E nós enquanto católicos somos levados a aderir e professar essa verdade.[6] Por isso a Igreja leva em consideração, as palavras ditas por Cristo, as interpretações, comentários e inspirações (até musicais[7]) feitos pelos Santos. A Vida e a história dos Apóstolos e Discípulos de Cristo e os documentos da Igreja (cartas, Concílios, Cânones).
Como diz São João Damasceno: “Um Dogma é Esclarecido e Assumido” [8], e a Igreja leva algumas considerações para elaborá-lo: São Elas: “O sentido deve ser suficientemente manifestado como sendo uma autêntica verdade revelada por Deus; Essa verdade ou doutrina deve ser proposta e definida solenemente pela Igreja, Corpo de Cristo como um todo, como sendo verdade revelada e parte integrante da fé católica”[9]. Para tanto os nossos Dogmas tornam-se “luzes no caminho de nossa fé que o iluminam e o tornam seguro”[10].
E para facilitar nossos estudos e Compreensão os Dogmas são divididos em oito Categorias: Dogmas sobre Deus; Dogmas sobre Jesus Cristo (Cristológicos); Dogmas sobre a criação do mundo; Dogmas sobre o ser humano; Dogmas marianos; Dogmas sobre o Papa e a Igreja (Eclessia); Dogmas sobre os sacramentos; Dogmas sobre as últimas coisas.
Se ainda ficou muito complicado para entendermos o que é um Dogma e como ele é elaborado, vamos estudar e acima de tudo rezar e pedir “ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte a Deus o coração, abre os olhos do entendimento, e dá «a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade”[11]
Para que a compreensão seja sempre mais profunda, peçamos ao Espírito Santo aperfeiçoar sem cessar a nossa fé mediante os dons que ele nos concede! Pois desse modo o Espírito Santo através da Igreja nos explicitou o Dogma da Assunção de Maria, o último Dogma proclamado em 1950, pelo Papa Venerável PIO XII.
E para dar mais uma forcinha, vai aqui um trecho de uma oração que uso muito: “Concedei-me a agudeza de entender, A capacidade de reter, A sutileza de relevar, A facilidade de aprender, A graça abundante de falar e de escrever. Ensinai-me a começar, Regei-me no continuar e no perseverar até o término”. (Oração de Santo Tomás de Aquino para pedir a luz nos estudos)

(Derlei Andriotta – Minions Católicos)


[1](Dei Verbum)

[2](Mt 11:27)

[3](Agostinho, A Fé e o Símbolo)

[4](Hb 11:1 – Bíblia Edição Pastoral)

[5](Dei Verbum e Col 3:16)

[6](Catecismo da Igreja Católica, §88)

[7](Como o Canto “Ave Estella” de São Bernardo e os vários poemas de São Gregório de Nerek)

[8](São João Damasceno, Fontes de Conhecimento)

[9](Dei Filius)

[10](Catecismo da Igreja Católica, §89)

[11](Dei Verbum)


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