“Lembro-me de tua afeição quando eras jovem,
de teu amor de noivado, no tempo em que me seguias no deserto” (Jr 2:2)
A epígrafe do texto
de hoje, retirada do livro do profeta Jeremias revela o quanto o coração de
Deus estava angustiado ao perceber a ingratidão do povo de Israel. A nação
israelita, após sua saída do Egito, tornou-se a noiva do Senhor e, em ocasião,
de terem se voltado contra Deus, feriam-no ao demonstrar que havia se distanciado
da experiência de amor, como uma noiva que se desposa diante daquele que ama.
Neste sentido, “o profeta Jeremias
expressou o comprazimento (afeto) de Deus pelo nosso amor” (Papa Francisco).
Portanto, esta
passagem nos remete ao Primeiro Amor. Recordo-me de um trecho do livro de Padre
Léo, Buscai as coisas do alto, quando ele questiona sobre um batismo no
Espírito estático, uma experiência de avivamento momentânea. Neste sentido, é
necessário nos questionarmos: onde deixei o meu avivamento? No início da minha
caminhada de fé? Assim, como o Senhor falou ao povo de Israel por meio do
profeta Jeremias, fala também a nós neste dia: “Lembro-me de tua afeição quando eras jovem” (Jr 2: 2). Será que
Deus não tem sentido falta do nosso fervor de quando estávamos no início da
caminhada? É preciso percebermos a necessidade de (re)vivermos o batismo no
Espírito todos os dias, de sermos reavivados e fazermos a experiência diária de
voltarmos ao Primeiro Amor.
Em sua homilia, na
última segunda-feira, dia 29, o Papa Francisco nos fala justamente da
necessidade de nos deixarmos inquietar pelo Espírito Santo. “Peço que me guie pelo caminho que devo
escolher na minha vida e também todos os dias? Peço que me dê a graça de
distinguir o bom do menos bom? Porque o bem do mal se distingue logo. Mas há
aquele mal escondido, que é o menos bom, mas esconde o mal. Peço essa graça?”
(Papa Francisco). É necessário, pois, pedirmos esse
verdadeiro discernimento ao Espírito Santo, para experienciarmos em sua
plenitude, a graça que é viver na vontade de Deus.
O
evangelho de São Mateus nos exorta: “Pedi
e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto” (Mt 7: 7). O
evangelista nos revela o amor e a misericórdia de um Pai que, jamais nega a um
filho àquilo que ele necessita para trilhar melhor a sua caminhada. Portanto,
não nos cansemos de pedir a graça de sermos incomodados pelo Espírito Santo.
Em
contrapartida, devemos também nos questionar em que momento da vida nos permitimos
distanciar as nossas atitudes da ação do Espírito Santo em nós. Muitas vezes,
queremos ser “Deus” de nós mesmos e, não permitimos ao Espírito Santo que
direcione nossa caminhada de fé. Mas por que clamar ao Espírito Santo? Porque,
Ele é o Espírito santificador. Por meio dos seus dons e carismas somos
encorajados nas nossas batalhas diárias.
Em versículos subsequentes, o profeta
Jeremias novamente evidencia a ingratidão do povo de Israel. “Abandonou-me, a mim, fonte de água viva,
para cavar cisternas, cisternas fendidas que não retêm a água” (Jr 2: 13). E
nós, onde temos buscado água? Nas coisas do mundo? Nestas cisternas fendidas
que não conseguem reter água? É imprescindível que busquemos esta água no local
certo. E clamemos: “Eu te peço desta água
que Tu tens. É agua viva, meu Senhor”, na certeza de que, quando pedimos,
queremos e abrimos o nosso coração, o Senhor derrama sobre nós o seu Espírito
Santo, pois sabemos que tu “És água viva,
és vida nova. E todo dia me batizas outra vez. Me fazes renascer, me fazes
reviver. Eu quero a água desta fonte de onde vens” (Eu te peço desta água que
Tu tens – Padre Zezinho).
Portanto, experimente neste momento
conversar com o Espírito Santo, se permitir ser incomodado e, dizendo a Ele
baixinho: “Espírito Santo estou aqui. Preciso da
Tua mão pra levantar, ficar de pé. Espírito
Santo quero recomeçar. Pois tentando ser
feliz eu Te feri, Te desprezei”(Ressuscita-me agora – Comunidade Católica
Shalom). E quantas vezes tentando encontrar a felicidade em cisternas
fendidas, ferimos o Espírito Santo que habita em nós? E em quantas situações
ferimos também o nosso irmão enquanto templo do Espírito Santo? Este é, pois, o
momento de nos reconhecermos enquanto miseráveis e necessitados do Espírito
Santo. De reconduzirmos a nossa trajetória de santidade por meio dos seus dons
e carismas. De nos reconciliarmos com Deus.
Onde quer que tenhamos
deixado o nosso avivamento na nossa caminhada de fé, reconheçamos a nossa
necessidade da água viva do Espírito e peçamos: “Recebe o meu coração arrependido. Pois só Tu
és minha esperança.” Sabemos sim Espírito Santo que só tu és nossa
esperança, por isso, vem em auxílio da nossa necessidade. Santifica-nos.
Faz-nos obra nova a cada dia. Vem sobre nós, sobre as nossas famílias, sobre a
nossa comunidade, sobre a nossa Igreja com o teu fogo abrasador, com a tua
brisa leve e reaviva-nos. E vem “Espírito
Santo vem com Tua glória. Ressuscita-me
agora; preciso de Ti” (Ressuscita-me agora – Comunidade Católica Shalom).
Peçamos, pois, àquela que é
a cheia
de graça, a Santíssima Virgem Maria, que soube se desposar diante do
Espírito Santo, que interceda por nós, para que também tenhamos a graça de
sermos cheios do Espírito Santo. Sendo cheios do Espírito Santo, seremos, pois
(re)avivados e impulsionados a (re)trilharmos a nossa trajetória de santidade,
buscando maior intimidade com Deus, na experiência diária com o Primeiro Amor.
Eu te vejo abandonado, perdido em ti mesmo
Com todo o meu amor, vou em busca de ti
Eu conheço tuas dores, o que diz o teu silêncio
Sou teu Deus, incapaz de desistir de ti
As montanhas podem mudar de lugar
As colinas podem até se abalar
Mas meu amor por ti não mudará
Minha aliança não acabará
Pois fiel é o meu amor pra sempre
Eu te amo
E farei o que for preciso para te ver feliz
Te provarei todo meu amor até que confie em mim
Pois te amo!!!
(Eu
te amo – Comunidade Católica Shalom)
(Manuela Evangelista – Minions Católicos)
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