Deserto espiritual: em busca de um oásis

“Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem te espantes de que ele te repreenda, porque o Senhor castiga aquele a quem ama, e pune o filho a quem muito estima” (Pr 3, 11-12).

Por vezes somos surpreendidos em nossa caminhada de fé por um momento de deserto espiritual. Não sentimos vontade de rezar. Tudo se torna um fardo, até mesmo ir a Santa Missa. Parece que o céu se tornou mais distante e que só conseguimos enxergar escuridão. Mas são destes momentos que o Senhor se utiliza para nos moldar e redirecionar nossos caminhos. Como bem é explicitado no livro dos Provérbios: “Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem te espantes de que ele te repreenda” (Pr 3, 11). Quantas vezes você já questionou a Deus por está em um momento de deserto? Quantas vezes você se voltou contra Deus e se distanciou ainda mais Dele porque sua capacidade humana não conseguia entender o momento pelo qual você estava passando?
Hoje, o Senhor nos convida a pensarmos nos momentos pelos quais passamos por uma aridez espiritual. O primeiro passo é questionar a si mesmo: quais motivos me conduziram a este estágio de deserto? É preciso verificar se este processo não foi ocasionado pela tibieza, por uma mornidão na vida espiritual que fez com que sua vida de oração fosse sendo colocada em segundo plano. Ou então, se essa aridez não foi desencadeada por algum pecado grave que, porventura, o tenha distanciado de um estado de graça.
“Muitas vezes, nos deleitamos nas orações gostosas, cheias de fervor sensível, como crianças quando comem doces. Mas quando vem a luta deixamos a oração” (Professor Felipe Aquino). Mas é justamente quando vem a escuridão na nossa vida de oração que precisamos aprender a perseverar. Não há vida de oração sem perseverança. Não há vida de oração se não aprendermos a viver o tempo de Deus em nós. “A vida de oração é uma conquista diária; e como nenhuma conquista é isenta de lutas, é preciso lutar para ser orante” (Dijanira Silva – Comunidade Canção Nova). Precisamos compreender que, a aridez espiritual nos faz trilhar um caminho de redenção. É no silêncio do deserto que percebemos a voz de Deus ecoando dentro de nós e, sentimos, de modo mais forte, o moldar, o podar d’Ele na nossa vida.
“Não podemos querer apenas o açúcar do pão e renegar o pão do sacrifício. Às vezes, a meditação é difícil, a oração é penosa, distraída, surgem às noites e as trevas. Nessas horas é preciso silêncio, abandono, paciência. O Esposo há de voltar logo. Em breve vai raiar a aurora e os fantasmas vão sumir” (Professor Felipe Aquino). E quais os fantasmas que tem te atormentado nestas noites escuras? Quais são as situações que tem te impedido de viver uma vida de oração? Independente do que seja, o Esposo há de voltar.
E são nestes momentos de deserto que precisamos clamar a Deus dizendo: “Sim, deixo-me podar; Deixo-me formar por Ti; Esvazia-me...” (Serei Teu – Comunidade Católica Shalom). O seu Sim representa o seu abandonar-se em Deus. Só Ele sabe o caminho que você deve trilhar para sair dessa frieza, mornidão, sentimento de auto piedade, confusão espiritual. É somente em Deus que você deve ancorar e silenciar. Ouça o que Deus tem a te dizer. O deserto te tornará mais forte.
“[...] não se preocupe porque o gosto de rezar sumiu e se tornou agora um sacrifício penoso. Fé não é sentimento e muito menos sentimentalismo; fé é adesão, com a mente, a Deus, às Suas verdades e às Suas determinações. Não se preocupe em estar ou não ‘sentindo’ fé ou devoção; apenas viva-a; vá à Missa, ao grupo de oração, ao terço, com ou sem vontade, com ou sem gosto, com ou sem sentimento. Assim, temos mais méritos ainda diante de Deus” (Professor Felipe Aquino). E assim, precisamos perseverar neste deserto. A confiança em Deus é fundamental. É necessário crermos que a aridez de uma caminhada no deserto nos reserva a descoberta de um belo oásis, com água cristalina e uma sombra para descansar. Esta água é a do Espírito e a sombra do nosso descanso é o colo de Deus.
 “Desejo que em cada amanhecer e também nas “noites escuras” você experimente pela oração o amor e a verdadeira felicidade, uma vez que esta consiste em amar e sentir-se amado. E ninguém nos ama tanto quanto Deus. Se alguma vez você perder a vontade de rezar, já sabe o que deve fazer: reze assim mesmo e seja feliz!” (Dijanira Silva – Comunidade Canção Nova). Portanto, faça do deserto pelo qual você está passando a mola propulsora para um redirecionamento da sua vida espiritual e de oração. Deus te espera no deserto. Ele quer ouvir tua voz. Ele te chamou. Não porque você é digno, mas porque Ele te ama. E esse amor o fez te escolher mesmo sendo tu um pecador.

Em Seu infinito amor o Pai quis escolher
Almas esposas para o Seu Divino Filho,
E para isto não escolheu as melhores, as mais belas,
Mas a fim de manifestar a Sua glória e o Seu poder
Resolveu escolher as mais pecadoras,
As mais fracas, os vasos de argila,
Para ai realizar Sua grande obra. Para ai realizar Sua grande obra.
Toda glória pertence assim Àquele que nelas tudo realizou.
(Infinito amor – Comunidade Católica Shalom)


(Manuela Evangelista – Minions Católicos)

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