“Fizeste-nos, Senhor, para Ti e inquieto está nosso coração,
enquanto não repousa em Ti” (Santo Agostinho)
Olá, meus irmãos em
Cristo! A paz de Jesus e o amor de Maria estejam com todos vocês. Daqui uma
semana iniciaremos o mês das vocações. Eu acredito que quase todo mundo já
passou por algum tipo de crise por não saber qual é a sua vocação. Inclusive,
esse é um dos posts mais curtidos das nossas redes sociais.
Há uma semana mais ou
menos, a frase que eu coloquei embaixo da imagem do texto surgiu nas minhas
orações e eu tenho rezado com ela desde então. Decidi partilhar com vocês um pouco
do que Deus vem me falado sobre e o que eu conversei agora a pouco com meu
diretor espiritual. Mas você deve está aí se perguntando o que esse papo todo
tem a ver com a Teologia do Corpo, que é o tema que eu sempre abordo com vocês.
Bom, tudo!
São João Paulo diz que “o corpo, de fato, e só ele, é capaz de
tornar visível o que é invisível: o espiritual e o divino. Foi criado para
transferir para a realidade visível do mundo o mistério oculto desde a
eternidade em Deus, e assim ser sinal d’Ele”. Ou seja, somente a partir do
nosso corpo que podemos amar verdadeiramente, traduzir esse amor em gestos de
doação e entrega ao outro.
“Certo, Mari, mas o que
tudo isso tem a ver com as nossas crises vocacionais?”
Santo Agostinho nos diz
que só encontraremos a nossa paz quando repousarmos o nosso coração em Deus. Ou
seja, para bem vivermos as nossas vocações, nós devemos amar a Deus com toda a
nossa força, com todo nosso entendimento e toda nossa alma. A nossa sede só vai
ser saciada por Deus. Christopher West, um dos teólogos da TdC, diz em uma
formação que ele deu em uma universidade em Portugal que a dor que carregamos
em nossos corações é a nossa busca por um amor perfeito, mas esse amor perfeito
nós só podermos encontrar na Trindade. Nada nesse mundo vai ser capaz de
superar o amor de Deus.
Não vai ser um homem ou
uma mulher que vai fazer os vocacionados ao matrimonio plenos. Não vai ser uma
linda paróquia repleta de fieis que vai satisfazer o coração de um padre. Porém,
somente quando tivermos uma relação verdadeira com Deus, essas outras coisas farão
sentido para as nossas vocações. Pois quando amamos a Deus de verdade, conseguimos
amar o outro de forma verdadeira também, sem querer fazer dele uma fonte para o
meu prazer e satisfação.
Não está fazendo
sentido ainda?
Em um das minhas
direções, meu diretor me questionou sobre a minha vida de oração e quando eu
disse que estava de mal a pior, ele me disse uma frase que ainda ecoa na minha
cabeça: “existem mistérios sobre você que Deus quer te revelar através da sua
oração”. É através da oração que nós iremos ter intimidade com Deus,
que nós teremos autoconhecimento e, consequentemente, compreenderemos qual é a
vontade de Deus para nós. Ou seja, muitas crises vocacionais podem ser geradas
pela falta de oração pessoal sincera.
Outro ponto muito
importante: não deixemos que o nosso passado nos aterrorize e nos impeça de
viver o nosso chamado! “Até quando as
marcas da sua história serão maiores que a restauração que o Santíssimo
Sacramento pode fazer dentro de você?” (meu diretor). Deus
se fez carne para nos mostrar que é um Deus misericordioso!
Não entremos em crise,
mas busquemos estar atentos ao que o Senhor quer nos dizer através da nossa oração
pessoal!
Ah! Percebeu que
escrevo na primeira pessoa do plural? Pois bem, também estou aprendendo com
vocês!
Deus nos abençoe!
Grande és Tu, Senhor, e
sumamente louvável; grande é a Sua força, a Tua sabedoria não tem limites! Ora,
o homem, esta parcela da criação, quer Te louvar, este mesmo homem carregado
com sua condição mortal, carregado com o testemunho do seu pecado e como o
testemunho de que resistes aos soberbos. Ainda assim, quer louvar-Te o homem,
esta a parcela de Tua criação! Tu próprio o incitas para que sinta prazer em
louvar-Te. Fizeste-nos para Ti e inquieto está nosso coração, enquanto não
repousa em Ti.
Dá-me, Senhor, saber e
compreender o que vem primeiro: o invocar-Te? Começar por conhecer-Te ou por invocar-Te?
Mas quem Te invocará sem Te conhecer? Por ignorância, poderá invocar alguém em
lugar de outro. Será que é melhor Seres invocado, para Seres conhecido? Como,
porém, invocarão Aquele em que não creem? Ou como terão fé, sem anunciante?
Louvarão o Senhor
aqueles que O procuram. Quem O procura, encontra-O e tendo-O encontrado,
louva-O. Buscar-Te-ei, Senhor, invocando-Te; e invocar-Te-ei crendo em Ti. Tu
nos foste anunciado; invoca-Te, Senhor, a minha fé, aquela que me deste, que me
inspiraste pela humanidade de Teu Filho, pelo ministério de Teu pregador.
Invocarei o meu Deus, o meu Deus e Senhor: mas como? Porque ao invocá-Lo eu O
chamarei para dentro de mim.
Que lugar haverá em
mim, aonde o meu Deus possa vir? Aonde virá Deus em mim, o Deus que fez o céu e
a terra? Há então, Senhor, meu Deus, algo em mim que Te possa conter? O céu e a
terra, que fizeste e nos quais me fizeste, são eles capazes de Te conter? Ou,
se em Ti nada existiria de quanto existe, é porque tudo quanto existe Te contém?
Portanto eu, que também
existo, que venho de pedir Tua vinda em mim, em mim que não existiria se não
estivesses em mim? Ainda não estou nas profundezas da terra e, no entanto, ali
também estás. Pois mesmo que desças às profundezas da terra, ali estás. Não
existiria, pois, meu Deus, de forma alguma existiria, se não estivesse em mim.
Ou melhor, não existiria eu se não existisse em Ti, de quem tudo, por quem
tudo, em que todas as coisas existem? É assim Senhor, é assim mesmo.
Para onde Te chamo, se
já estou em Ti? Ou donde virás para mim? Para onde me afastarei, fora do céu e
da terra, para que lá venha a mim o meu Deus, que disse: Eu encho o céu e a
terra?
Quem me dera descansar
em Ti! Quem me dera vires a meu coração, inebriá-lo a ponto de esquecer os meus
males, e abraçar-Te, meu único bem! Quem
És para mim? Perdoa-me, se falo. Que sou eu a Teus olhos, para que me ordenes
amar-Te e, se não o fizer, Te indignares e ameaçares com imensas desventuras? É
acaso pequena desventura não Te amar?
Ai de mim! Dize-me, por
compaixão, Senhor meu Deus, o que és Tu pra mim? Dize à minha alma: Sou tua
salvação. Dize de forma a que ela Te escute. Os ouvidos do meu coração estão
diante de Ti, Senhor. Abre-os e dize à minha alma: Sou tua salvação. Correrei
atrás destas palavras e segurar-Te-ei. Não escondas de mim Tua face. Morra eu,
para que não morra, e assim possa contemplá-La!
(Santo Agostinho)
(Mariana
Neves – Minions Católicos)
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