“Minha alma glorifica ao Senhor, meu
espírito exulta de alegria, em Deus, meu Salvador, porque olhou para a
humilhação de sua serva” (Lc 1: 46-48).
Em um texto anterior partilhei a minha
experiência e devoção para com Nossa Senhora. Devo confessar que meus escritos
cada vez mais me conduzem a estudar sobre a vida desta mulher encantadora, que
se doou como nenhuma outra pelo projeto de Deus. Maria me atrai para si e,
assim, me conduz ao Amado. A cada dia que me proponho mais a conhecer sobre sua
trajetória de santidade, me apaixono ainda mais por Maria e, sinto seu carinho
de mãe e sua intercessão na minha vida.
A humildade perpassa pela nobreza da alma,
daqueles que não se envaidecem, mas sabem reconhecer sua pequenez diante de
Deus e experimentar de sua misericórdia. Maria tinha essencialmente um coração
humilde. Não esperava a recompensa de Deus em suas ações, mas buscava sempre a
vontade de Deus, sabendo se fazer pequena nas mais distintas situações e
permitindo o agir de Deus por meio dela. “Mas Ele olhou com amor para a humildade de seu coração e
n’Ela fez morada. Quem é verdadeiramente humilde não tem conhecimento dessa
virtude, pois, se souber que a possui, torna-se soberbo, ou seja, quem se
considera humilde tende a se envaidecer. Maria era verdadeiramente humilde por
natureza. E nesta alma santa Deus veio habitar: ‘E o Verbo se fez carne e
habitou entre nós, e nós vimos a sua glória (Jo 1,14)’” (Padre Flávio
Sobreiro).
Na humildade de Maria se
inicia o projeto de salvação de Deus. O Senhor reconhece o coração humilde
desta mulher e a escolhe para ser Mãe do seu Filho. A “cheia de graça” acolhe o anúncio do Anjo Gabriel e encontra a
alegria de servir a Deus por meio da humanidade. “Santo Tomas de Aquino
afirma na Suma Teológica: “A Bem-aventurada Virgem é o modelo e o exemplo de
todas as virtudes. Nela, achareis o modelo da humildade. Escutai suas palavras:
‘Eis a escrava do Senhor’ (Lc 1,38). E mais: ‘O Senhor olhou a humildade de sua
serva’ (Lc 1, 48)”. No ‘sim’ de Maria Santíssima estava impresso a nossa
salvação. Somente em um coração divinamente puro e humilde Nosso Senhor Jesus
Cristo poderia ser gerado” (Padre Flávio Sobreiro).
Em seu livro As alegrias de Maria, Emmir Nogueira,
co-fundadora da Comunidade Católica Shalom discorre de modo audacioso, como
sugere a própria autora, sobre doze alegrias de Maria que perpassam toda a sua
vida de santidade. Emmir retrata a alegria enquanto um verdadeiro dom do
Espírito, que nos possibilita experimentarmos de uma vida em comunhão com Deus.
Em suas exortações, São Paulo por vezes cita a expressão “Alegrai-vos no Senhor”, reafirmando que esta é uma graça que Deus
concede àqueles que sabem com humildade, assim como Maria, se abrir a sua
vontade.
A autora afirma que a quarta alegria de Maria está
expressa em uma alegria sem holofotes, silenciosa, por ter sido ela agraciada
em sua humildade e pequenez. Acrescenta ainda: “A razão de sua alegria é eminentemente porque é pequena, pobre,
impotente, pois dessa forma, o Todo-Poderoso pode fazer grandes coisas por ela.
O centro da alegria de Maria é sempre Deus, sempre Ele e seu amor” (NOGUEIRA,
2017, p. 39). Portanto, precisamos aprender com Maria a nos abandonarmos no
amor de Deus e, experimentarmos desta alegria silenciosa, que não necessita de
likes para ser experimentada, mas sim de humildade.
Diante disso podemos
perceber que, em todas as suas aparições “a
Virgem Maria escolheu pessoas simples e humildes, para lembrá-los dos
ensinamentos de seu amado Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Aquela que foi
eleita em sua humildade, escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador, também
escolheu os humildes para acolherem suas mensagens, que são um convite à
oração, à conversão e à paz. Somente os corações humildes estão abertos a
ouvirem a voz de Deus” (Padre Flávio Sobreiro).
Portanto, a principal
alegria de Maria está em fazer a vontade de Deus. Aprendamos, pois, com Nossa
Mãe, a não nos envaidecermos com os nossos dons, mas a fazemos a experiência de
termos um coração mais humilde, mais silencioso, mais desposado na vontade de
Deus, para que possamos experimentar da alegria enquanto um fruto do Espírito
Santo.
(Manuela Evangelista – Minions Católicos)
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