Afinal, o que é essa tal de Ideologia de Gênero?

“Homem e mulher Deus os criou” (Gn 1,27)

Nos últimos tempos temos escutado muito a expressão “ideologia de gênero”, mas o que vem a ser isso e por que é um tema que envolve tanta polêmica? Quem está acompanhando os meus textos nos últimos meses, tem percebido que eu venho falando sobre os meios que a nossa sociedade vem utilizando para desconstruir o conceito de família. Bom, a ideologia de gênero é só mais uma maneira. Vamos a explicação.
A ideologia de gênero defende que ninguém nasce homem ou mulher, mas é ao longo da vida que o indivíduo vai construindo a sua própria identidade, escolhe o que ele quer ser. Segundo a ideologia de gênero, comportamentos e definições do ser homem ou mulher não são coisas dadas pela natureza e pela biologia, mas pela cultura e pela sociedade. Por exemplo, para a ideologia de gênero, o papel da mulher, particularmente no âmbito familiar, não passaria de uma convenção social e de uma opressão histórico-cultural, da qual ela se deveria libertar.
Para a ideologia de gênero, o sexo biológico não determina quem você é (homem ou mulher). Ou seja, é algo que pode ser tranquilamente modificado, como é o caso dos transgêneros. Porém, a história não é bem assim.
Em 1967, um casal procurou o médico Dr. John Money para reparar uma circuncisão mal feita em um dos seus filhos gêmeos, David Reimers. Money disse aos pais perturbados que a melhor maneira de garantir a felicidade de David era transformar cirurgicamente sua genitália masculina em feminina e cria-lo como menina, inclusive administrando hormônios femininos nele. Os pais seguiram a ordem do médico, e David tornou-se Brenda. Money garantiu aos pais que Brenda se adaptaria à vida como menina e que ela jamais saberia a diferença. Ele disse aos pais que eles deveriam manter segredo sobre isso, e assim o fizeram – ao menos durante um tempo. Porém, mesmo criado com mulher, Brenda nunca aceitou vestir roupas femininas e era uma criança deprimida. O segredo sobre a cirurgia foi revelado e aos 14 anos, David decidiu desfazer a mudança de sexo e viver como homem. Aos 35 anos, em 2000, tanto David quanto seu irmão Brian, divulgaram os abusos que o Dr. Money havia cometido contra os dois. Além de fotos deles nus, o médico forçou os meninos a realizarem atividades sexuais incestuosas. Resultado? Brian Reimers morreu de overdose provocada voluntariamente em 2003, e pouco tempo depois, David cometeu suicídio.
No começo do texto eu falei para vocês que um dos focos da ideologia de gênero é a desconstrução do conceito família. Segundo a ideologia, a família ser formada por pai, mãe e filhos é algo que foi criado pela cultura baseada na “opressão do homem sobre a mulher”. Com isso, a ideia tradicional de família se perde e até relações poliafetivas entram no conceito de família. Além também de uma superpromoção de fecundação in vitro.
E como tudo isso tem sido disseminado? A ideologia de gênero vem conquistando o seu espaço no âmbito educacional e também na mídia. A ideia é influenciar mais massivamente a opinião pública, enunciando os seus princípios como uma ideia avançada de liberdade e descrevendo os seus opositores como retrógrados perigosos, que, motivados por pura maldade, querem limitar a liberdade dos outros.
Durante a minha pesquisa para preparar esse texto (que já dura alguns meses, confesso), li muitos textos sobre o tema. Aqui não tem nem uma décima parte de tudo o que eu li, mas tem um que eu li no site Aleteia e que me chamou muita atenção. Nesse texto (leia aqui) é feita uma ligação entre o poder financeiro e esse ataque à constituição familiar: “É de interesse dessas corporações desintegrar os “organismos intermediários”, como a família, a fim de destruir paulatinamente os laços comunitários e de relacionamento, deixando o ser humano cada vez mais sozinho e sem vínculos. Quanto mais solitário for o indivíduo, mais frágil ele será, e essa fragilidade o torna um consumidor e um súdito perfeito: ele buscará na compulsão do consumo as tentativas de preencher o próprio vazio. Além disso, sem vínculos familiares, sociais e comunitários fortes, ele representa pouco ou nenhum perigo para a gigantesca indústria que governa o mundo”.
Sabe, pessoal, não tem como negar os aspectos biológicos do homem e da mulher. Não preciso nem aprofundar muito. É só olhar para os nossos corpos. Homem e mulher, cada um tem uma característica que não foi criada por causa da cultura, está no cromossomo de cada um. Não dá para ignorar isso. Tudo essa fere a dignidade humana, faz com que as pessoas percam a sua identidade.
É necessário que nós fiquemos mais atentos! É muito importante que nos preparemos para combater todo esse mal que está sendo imposto na nossa sociedade. É necessário estudo? Sim! É importante que saibamos contra o que precisamos lutar, mas é ainda mais importante que busquemos ter intimidade com Deus. É importante que estejamos em espírito de oração para que a nossa fé se fortaleça e para que estejamos atentos para realizar a vontade de Deus, seguir o projeto que Ele tem para cada um de nós.
Deus nos abençoe!

“Outro desafio surge de várias formas duma ideologia genericamente chamada gender, que ‘nega a diferença e a reciprocidade natural de homem e mulher. Prevê uma sociedade sem diferenças de sexo, e esvazia a base antropológica da família. Esta ideologia leva a projetos educativos e diretrizes legislativas que promovem uma identidade pessoal e uma intimidade afetiva radicalmente desvinculadas da diversidade biológica entre homem e mulher. A identidade humana é determinada por uma opção individualista, que também muda com o tempo’.  Preocupa o facto de algumas ideologias deste tipo, que pretendem dar resposta a certas aspirações por vezes compreensíveis, procurarem impor-se como pensamento único que determina até mesmo a educação das crianças. É preciso não esquecer que ‘sexo biológico (sex) e função sociocultural do sexo (gender) podem-se distinguir, mas não separar’. Por outro lado, ‘a revolução biotecnológica no campo da procriação humana introduziu a possibilidade de manipular o ato generativo, tornando-o independente da relação sexual entre homem e mulher. Assim, a vida humana bem como a paternidade e a maternidade tornaram-se realidades componíveis e decomponíveis, sujeitas de modo prevalecente aos desejos dos indivíduos ou dos casais’. Uma coisa é compreender a fragilidade humana ou a complexidade da vida, e outra é aceitar ideologias que pretendem dividir em dois os aspectos inseparáveis da realidade. Não caiamos no pecado de pretender substituir-nos ao Criador. Somos criaturas, não somos omnipotentes. A criação precede-nos e deve ser recebida como um dom. Ao mesmo tempo somos chamados a guardar a nossa humanidade, e isto significa, antes de tudo, aceitá-la e respeitá-la como ela foi criada”
(Papa Francisco – Amoris Laetitia, parágrafo 56)


(Mariana Neves – Minions Católicos)

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