Santa Rosa de Lima: amor e doação a Deus

“De certa forma, essa santa é uma personificação da Igreja da América Latina: imersa em sofrimentos, desprovida de meios materiais e de um poder significativos, porém, tomada pelo íntimo ardor e zelo causados pela proximidade de Jesus Cristo” (Papa Emérito Bento XVI)

Amados e amadas de Cristo, neste mês das vocações, temos nos lançado em distintas temáticas que nos permitem analisar o modo como Deus nos convida a vivermos o nosso chamado, de modo particular, segundo a sua vontade. Nesta semana, celebramos as vocações religiosas e, mergulhamos na história de Santa Rosa de Lima, enquanto exemplo de amor, serviço e doação a Deus.
Santa Rosa de Lima, primeira santa da América Latina, nasceu no ano de 1586, em Lima, capital do Peru. Seu nome de batismo era Isabel Mariana de Jesus Paredes Flores y Oliva, tendo descendência espanhola, para linhagem hereditária de seu pai. No entanto, uma criada índia que ajudava sua mãe nos serviços domésticos, chamada Mariana, em certo dia no qual estava servindo à família olhou para Isabel e exclamou: “Você é bonita como uma rosa!” Todos no recinto concordaram e reafirmaram a beleza da jovem que foi proferida com a frase e apelidaram-na de Rosa. “Uma jovem que, ainda menina, viu seu nome mudado por causa de sua grande beleza, fragilidade e meiguice” (João Sérgio Guimarães). Tempos depois, a menina disse como queria ser chamada: Rosa de Santa Maria.
“Desde pequena Rosa teve grande tendência para a oração e a meditação. Procurava ver na beleza das coisas criadas os reflexos da sabedoria, da bondade de Deus. E bem cedo ela deu mostras de ser uma alma predestinada: tornou-se grande devota de Nossa Senhora. A cada instante recorria à proteção certa da Santa Virgem Mãe de Deus” (João Sérgio Guimarães).  A jovem rezava diante de uma imagem de Nossa Senhora que tinha em seus braços o Menino Jesus e em um desses momentos de fervorosa oração, ouviu a seguinte frase: “Rosa, dedique a mim todo o seu amor…” Não teve dúvidas de que este era um chamado de Deus para a sua vida.
Sua beleza aliada a uma boa formação e por ser de família distinta, atraía muitos rapazes interessados em tê-la como esposa, no entanto, Rosa jamais esquecia do pedido de Deus e Dele desejava ser esposa por todos os dias da sua vida, buscando viver na intimidade da oração. Por isso, sempre dizia: “o prazer e a felicidade que o mundo pode me oferecer são simplesmente uma sombra em comparação com o que sinto”. Diante dessa certeza e temendo cair em tentação e ferir a afetividade de tantos outros, decidiu cortar os cabelos e passou a usar um véu sobre o rosto.
Durante a adolescência, Rosa precisou trabalhar muito para ajudar a família, que diante de um negócio mal sucedido ficara na pobreza. No entanto, não se distanciava de sua vida de oração, tampouco da visita aos mais necessitados. Em vida, experimentou de muitos prodígios e dons, devido aos quais a ela são atribuídos vários milagres pela sua intercessão; além disso, soube também sofrer o penar da Cruz, partilhando um pouco do sofrimento daquele que aceitara como seu esposo, Jesus. “As atitudes que tomava demonstravam que, por amor a Deus, ela tinha uma aceitação plena de tudo que lhe era oferecido pela Providencia Divina: — ‘Meu Deus, podes aumentar os sofrimentos, contanto que aumentes meu amor por ti’, dizia ela, enquanto rezava” (João Sérgio Guimarães).
Por muito lutar contra a vontade dos pais que a queriam ver casada, Rosa fez voto de castidade e escolheu uma ordem religiosa na qual se consagraria, porém no dia de sua admissão, rezando em frente a uma imagem de Nossa Senhora sentiu ao final de sua oração que perdera os movimentos e não conseguia se levantar, nem com ajuda. Entendeu que este seria um sinal de Deus e defronte a mesma imagem disse ao Senhor que queria servir onde fosse da sua vontade e sentiu voltar os movimentos; assim, todos os dias pedia por intercessão de Santa Catarina de Sena que lhe fosse mostrado a ordem na qual deveria servir e, em suas orações, sempre aparecia uma borboleta preta e branca, que voava sem dispersá-la, fazendo-a entender que este seria um sinal de que ela deveria ingressar na Ordem Terceira da Congregação de São Domingos, a mesma da qual fazia parte a santa de quem era devota, tendo seus hábitos nas cores preta e branca.
“Na simplicidade de vida de leiga que levava, foi modelo de vida de penitencia, de pureza ilibada, de oração perseverante e do contínuo serviço espiritual e material aos irmãos. Portava cilícios dolorosos e conta-se que utilizava muitas vezes um aro de prata semelhante a uma coroa de espinhos. Numa época em que isso não era comum, Rosa comungava diariamente. Ela conseguiu eliminar de sua vida todo orgulho, amor próprio e vaidade, tendo sido cumpridas nela as palavras de Cristo: ‘Quem se humilha será exaltado’. Meditava com frequência e ao olhar para o crucifixo dizia: – ‘Senhor, Vossa cruz é muito mais cruel que a minha’” (João Sérgio Guimarães).
E tu, o que tens feito com sua vocação? Já experimentastes discernir o chamado de Deus para sua vida ou tens resistido a isso? Seja qual tenha sido sua resposta a essas indagações, o Senhor te quer mais perto. A primeira decisão é, assim como Santa Rosa de Lima, lançar-se na vontade de Deus por meio da oração, permitindo que o Senhor nos mortifique a cada dia e faça reacender em nós os dons necessários para que possamos bem viver a nossa trajetória.
Assim, como Santa Rosa de Lima, saibamos nos aproximar de Maria, pois como bem disse São Luís Maria Grignion de Montfort: "A quem Deus quer fazer muito santo, o faz muito devoto da Virgem Maria”. Por isso, percebemos ao longo da vida desta santa um amor por Nossa Senhora por meio da oração. Saibamos também nós, acolher Maria como Mãe, já que no último domingo rememoramos sua Assunção, crendo que, sendo para nós exemplo de santidade e intercessão, nos conduz ao céu. Para isto, precisamos, assim como Santa Rosa, nos mortificarmos a cada dia de nossas vaidades, nosso orgulho, nossa prepotência e pretensões para melhor ouvirmos a vontade de Deus e nela nos lançarmos como oferta de nosso amor ao Amado que é Cristo.
Manuela Evangelista – Minions Católicos

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