Como fazemos para compreendermos o que Deus quer de nós?

Olá, queridos irmãos! Eu lembro que uma vez eu vi uma postagem na internet que dizia “não sei cantar, não sei cozinhar, não sou bonito... Deus não me jogou aqui à toa, não”. Alguma vez vocês pararam para pensar “o que eu estou fazendo aqui, Deus? ”? Eu já! Não vou mentir que essa pergunta sempre surge naqueles momentos de aflição ou desespero (kkk).
Cada um de nós é um ser único, não existe ninguém igual. Mesmo os irmãos idênticos, cada ser originado, embora seja fisicamente um clone natural do outro, há, em ambos, eus ou personalidades diversas, autônomas ou independentes uma da outra. No Compêndio da Doutrina Social da Igreja está escrito que “o homem existe como ser único e irrepetível, existe com « eu», capaz de autocompreender-se, de autopossuir-se, de autodeterminar-se” (DSI §131).
Muitas vezes falamos aqui sobre relacionamentos saudáveis, sobre doar-se para o outro, mas, para que tudo isso aconteça é muito importante que nós encontremos o sentido da nossa existência. E como conseguimos ter um autoconhecimento? Como fazemos para compreendermos o que Deus quer de nós?
Vamos analisar a seguinte passagem: “E o Senhor Deus disse: ‘Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda’” (Gen 2,18). Para essa solidão existem dois sentidos: um deriva do fato da relação entre homem-mulher que é evidente nessa narrativa, e o outro que simboliza a solidão de toda a humanidade em busca de sentido para sua existência, sentido que não se restringe a encontrar alguém que lhe seja complementar, mas se amplia à liberdade para se doar a Deus em total dedicação. E é aqui que está o ponto que eu quero chegar no texto de hoje.
Nos versículos seguintes, conseguimos compreender um pouco melhor: “Então o Senhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu, e apresentou-os ao homem para ver como os chamaria; cada ser vivo teria o nome que o homem lhe desse. E o homem deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens, mas não encontrou uma auxiliar que lhe correspondesse” (Gen 2,19-20). Nesse trecho, o homem compreende que não é semelhante a nenhuma criatura que o rodeia e encontra-se, desde o primeiro momento de sua existência, diante de Deus e em busca de sua própria “identidade”.
Quando o homem encontra uma auxiliar, ele adquire essa identidade. Porém, essa identidade não se resume somente a criação da mulher, pois a solidão original continua mesmo com a presença do sexo oposto. E querem saber o porquê? Porque a solidão original do homem (entenda-se homem ou mulher) está baseada no fato de que ele é essencialmente constituído em uma relação com o próprio Deus. Ou seja, o homem é criado com uma abertura a Deus, ele é capaz de Deus, ele precisa de Deus para preencher a solidão que habita dentro de si. É como Santo Agostinho disse: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti”.
Você deve estar pensando “o que tem a ver tudo isso com o sentido da minha existência? ”. Somente com uma profunda intimidade com Deus é que nós podemos ter consciência de quem somos e para que fomos criados. Tendo essa consciência da nossa identidade, nós teremos consciência da dignidade da vida.

"Há algo inspiradora sobre cada ser humano. Todos nós temos uma riqueza particular e único, uma vida interior, um eu interior, algo espiritual que mesmo os animais mais avançados não possuem. Reconhecer a 'inviolabilidade' de uma pessoa é reconhecer o mistério interior exclusivo dessa pessoa e comprometer-se a honrar isso " (Christopher West - Heaven's Song, p. 67)

Deus nos abençoe!


(Mariana Neves – Minions Católicos)

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