“Quanto
mais os membros da Igreja beberem na fonte do Evangelho e se deixarem moldar
pelos valores cristãos, menos bullying haverá”.[1]
Boa Tarde caros correspondentes em Cristo.
A Paz do Senhor dos Anjos, com suavidade do beijo de nossa Mãe Maria! Esse mês
faremos um segundo especial, marcando a transição do nosso ano litúrgico. O
Nosso primeiro especial foi sobre as sete virtudes – procure no blog pois foram
textos Maravilhosos. Nessa primeira semana do Advento iremos falar de temas
voltados para a Juventude. Nada melhor do que começar com aquilo que está
terminado: A Escola!
Sim para vocês que já passaram de ano e já
estão “saindo” de férias antecipadas, ou para os que estão fazendo todos os cálculos
até com números imaginários para ver se não vai ficar e nenhuma matéria. Ou ainda
implorar para o professor dar aquela arredondada nas vírgulas. Faltam poucos
dias para o término do ano letivo, seja nas escolas de ensino básico –
fundamental e médio – seja nas escolas de graduação – faculdades, universidades
e cursos tecnológicos.
Esse é o segundo post que trato sobre a
educação (no primeiro comentamos sobre o interesse pela educação e algumas de
nossas condutas e posturas). Hoje gostaria de falar com vocês um assunto mais
sério e, que está presente nos corredores, salas, banheiros e pátios de nossa
vida escolar e acadêmica. O Bullying e o Cyberbullynig.
Não se tratam de simples brincadeiras e
nem de um mimimi, pois no “tempo do meu
pai ninguém falava em Bullying e, ninguém sofreu como agora”, ou “no meu tempo eram brincadeiras, todo mundo
zoava, a molecada de hoje não aguenta”, ou “essa criançada leite com pera exagera e sofre de mais”. É muito
provável que vocês já devem ter ouvido essas pérolas de alguns adultos (até
muito próximos a você), de algum amigo e mesmo de algum professor ou gestor da
escola. Pois bem, saibam que mesmo aquelas pessoas de décadas atrás sem saber
da existência do termo/conceito do Bullying sofrem com isso até hoje!
Nas minhas atividades profissionais ouço
as pessoas tomadas por sofrimentos e angústias sofridas pelas dores de décadas
atrás. Dores essas que para muitas são tão profundas como uma queimadura de
terceiro grau, que mesmo com cicatrizes ficam sensíveis a qualquer toque e
qualquer lembrança. E muitos relatos e pedidos de ajuda que ouço são de pessoas
que já estão adultos, pais e avós, me emociono e não consigo deixar de pensar
nas palavras de dois salmos:
“Na minha angústia agito-me num vaivém, perturbo-me à voz do
inimigo, sob os gritos do pecador. Eles lançam o mal contra mim, e me perseguem
com furor. Palpita-me no peito o coração, invade-me um pavor de morte. Apoderam-se
de mim o terror e o medo, e o pavor me assalta. Digo-me, então: tivesse eu asas
como a pomba, voaria para um lugar de repouso; ir-me-ia bem longe morar no
deserto” (Sl 54/55, 3b – 8). E “Realmente, minha vida se consome em amargura, e
meus anos em gemidos. Minhas forças se esgotaram na aflição, mirraram-se os
meus ossos. Tornei-me objeto de opróbrio para todos os inimigos... sim, eu ouvi
o vozerio da multidão; em toda parte, o terror! Conspirando contra mim, tramam
como me tirar a vida (Sl 30/31, 11 – 12.
14).
As Palavras são fortes, pois a Aflição e angústia
que uma pessoa passa por essa violência também é muito forte. O Bullying não é
uma simples brincadeira. É uma violência[2] sim, um ato de violência
frequente que ocorre quase que diariamente, por uma pessoa ou por um grupo
contra outros alunos, e em geral são praticados ora em lugares isolados, ora em
lugares movimentados.
A vítima do Bullying passa por um processo
de subjetivação, onde ela não consegue sair dessa situação e tão pouco tem
forças para criar resistência ou enfretamentos[3] – nem os mais passivos que
é relatar o problema para alguém. Exposto isso, fica compreensível porque as
palavras desses dois Salmos refletem uma pessoa que é vítima da violência do
Bullying e do Cyberbulliyng.
O Bullying é uma prática de violência onde
os agressores escolhem as vítimas que eles tem “implicância”, que lhe são
diferentes[4], seja por questões
raciais, de vestuário, de habitação, financeiras, de trabalho ou profissão dos
pais, estéticas, religiosas, de gostos culturais, de gestos ou expressões e até
mesmo por sinais de deficiências físicas, locomotoras ou cognitivas[5].
Por tanto, insultos, brigas por balas, brigas
por namoros, briga nos esportes, embora seja atos de violência, mesmo que
aconteçam vez ou outra e, não sejam uma postura de um aluno cristão católico
NÃO SÃO considerados Bullying. O Bullying é como dito um ato repetido de “discriminação
social contra os ‘diferentes”... Onde a Violência física “já a
veem sob o critério da normalidade e
reagem com indiferença diante de determinados casos”... Ou ainda por ameaças, “por
chantagens e pela cultura do medo, entre outras formas. Pela humilhação!”[6]. Assim a violência do
Bullying tanto isolada quanto exposta é para demonstrar força dos agressores
perante aos agredidos.
Em local de muita exposição (pátio,
corredores, quadras, portões), a violência do Bullying age não só como um
reforço para garantir que o Agressor possa enfrentar qualquer um – inclusive outras
figuras de autoridade como inspetores, professores e direção. E também atua no
psicológico dos demais alunos impondo um símbolo de autoridade, promovendo a
cumplicidade de um silêncio forçado e a omissão dos demais alunos. Por isso
muitos não fazem nada!
Em locais isolados (as salas de aula,
cantos e principalmente o banheiro) servem para edificar o terror e manter a
força rígida do agressor perante a vítima agredida. Colocando uma mordaça psíquica
onde impede que os agredidos formulem ou tomem qualquer iniciativa ou
estratégias para fugir dessa situação.
Classifico como duas as principais
práticas de Bullying: o Explícito e
o Velado:
·
Bullying Velado: desprezo;
indiferença; nojo; não convidar e excluir – Na
escola: jogos, grupos, brincadeiras. Fora
da escola: eventos, passeios
·
Bullying Explicito: Humilhar de forma física: força,
agilidade, velocidade, agressão. Humilhar
de forma Psíquica: deboches, apelidos, interromper a fala. Criar apelidos a
partir de deficiências físicas e cognitivas (gago, manco, torto, aleijado,
fanho), criar apelidos a partir de erros e com isso constranger com
brincadeiras físicas. Realizar zombarias, cantar e ou criar músicas que
constranjam o agredido. Esconder objetos; realizar peças e travessuras sempre
contra os mesmos indivíduos como, amarrar os sapatos na cadeira/carteira.
Derrubar/quebrar pertences do agredido. Passar rasteiras, Empurrar; Passar a mão
ou apalpar o corpo do agredido – inclusive com conotação e motivos sexuais. Colar
roupa ou pertences; desfazer da comida, impedir que o outro se alimente ou
contaminar o alimento.
E não
para por aí! Ainda temos o Cyberbullying que é: Viralizar (espalhar de forma
rápida e em grande quantidade) o motivo de constrangimento do outro. Insultar
ou criar post que visam insultar e humilhar determinado aluno. Sexualizar
contextos com o objetivo de diminuir e desprezar os agredidos. Falsear e
fabricar realidades com a finalidade de colocar a pessoa em desespero
psicológico. Enviar mensagens (e-mail, mensageiros; sms; ou por ligações
telefônicas) com ameaças aterrorizadoras, deboche, ridicularizarão e
humilhação. Criar páginas e ou tópicos em redes sociais com a finalidade de
depreciar, debochar e humilhar os alunos e as condições contextuais que vivem.
Caros
correspondentes espero que os que leem esse post seja pessoas que não praticam
esses atos, pois o Bullying e o Cyberbullying causam transtornos seríssimos que
geram um sofrimento enorme e que impedem que a pessoa consiga sentir a graça de
Deus. Vejamos: “Minha
alma está muito perturbada; vós, porém, Senhor, até quando?...Voltai, Senhor,
livrai minha alma; salvai-me, pela vossa bondade. Eu me esgoto gemendo; todas
as noites banho de pranto minha cama, com lágrimas inundo o meu leito. De
amargura meus olhos se turvam, esmorecem por causa dos que me oprimem. (Sl
6, 4 – 8). Portanto quando a outra pessoa passa por esse sofrimento ela não
consegue ouvir a Deus. Ela não consegue ouvir ninguém e se entrega a mais
sofrimentos.
Ah,
mas eu não prático nem o Bullying e nem o Cyberbullying... Certeza? Você não ri
dos deboches que fazem ao outro, você não acha graça quando abaixam a calça de
alguém no pátio ou na sala de aula. Você não se sente satisfeito quando o outro
é agredido porque é chato e merece? Torce o nariz para aquela pessoa que todos
na sala falam que cheira mal? Não filma e nem compartilha no whatts as brigas
na escola, os atos de humilhação ou mesmo os sexuais?
Certo,
você não faz nada disso e, faz o que? Se cala? Não conta, não quer ser
dedo-duro? E vai deixar o outro filho de Deus, que merece a redenção como você
sofrer? Se afastar de Deus? Jura que não vai e nem consegue praticar nenhuma
obra de misericórdia?
Como
nos ensina São Paulo: "Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação?
Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Mas, em tudo isso, somos
mais que vencedores, graças àquele que nos amou" (Rm 8,35.37) e, “vos
tornastes próximos, pelo sangue de Cristo. Ele, de fato, é a nossa paz: do que
era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro de
separação: a inimizade” (Ef. 2, 13 -14).
Não
há como estar próximo de Cristo, ser amigo do nosso senhor e tolerar a
violência, achar normal e não ter misericórdia com quem está na miséria.[7] A pessoa “que se deleita
com a verdade, se deleita com a felicidade, se deleita com a justiça, se
deleita com a vida sempiterna, com tudo isso que é Cristo”[8].
A
Gravidade desse assunto é tão urgente que ano que vem o tema da nossa Campanha
da Fraternidade será: “Fraternidade e superação da violência, tendo como lema
Em Cristo somos todos irmãos (Mt 23,8).
O
Vaticano também está agindo contra essa violência criada pelo próprio Papa
Francisco, a Fundação Pontificia Scholas Occurrentes, promoverá no primeiro
semestre de 2018 o primeiro encontro internacional das jovens vítimas de
“bullying” e “cyberbulling”. Atualmente presidida por José María del Corral diz
“Queremos realizar um projeto que combata o bullying e o cyberbullying, ...
prevemos a criação de um Observatório Mundial, a produção de material didático
de prevenção, a elaboração de um itinerário formativo com as escolas e a
promoção de comportamentos pró-sociais por meio da rede e das comunidades de
internautas”[9]
E
para aqueles que sofrem vos peço que tenham resistência, sejam pacientes e criem
forças para procurar alguém, seja da família ou da escola para lutar contra essas
violências e orem como nos ensina a Bíblia:
“Livrai-me, Senhor, do homem mau;
preservai-me do homem violento, daqueles que tramam o mal no coração, que
provocam discórdias diariamente, que aguçam a língua qual serpente, que ocultam
nos lábios veneno viperino. Salvai-me, Senhor, das mãos do ímpio; preservai-me
do homem violento, daqueles que tramam minha queda”. (Sl 139/140, 2 – 7).
“O Senhor não tarda a cumprir sua promessa,
como pensam alguns, achando que demora. Ele está usando de paciência para
convosco” (2ºPd 2:9)
Construtores da Paz:
Senhor, Deus de Paz, nós te damos graças
pelos desejos, pelos esforços e pelas realizações, que teu espírito de Paz tem
suscitado em nosso tempo. Abre ainda mais os nossos espíritos e o nosso coração
as exigências concretas do vosso amor de todos os nossos irmãos para que sempre
possamos ser sempre mais construtores da PAZ! (Beato Paulo VI)
Derlei Andriotta –
Minions Católico
[1] (D. João Justino de Medeiros) Pres.da
Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB, em << http://www.cnbbne1.org.br/noticias_detalhes.php?cod_secao=&cod_noticia=17747>>
[2] No TEXTO BASE da Campanha da
Fraternidade 2009 (Fraternidade e segurança pública), A CNBB elenca as formas
de violências: estrutural, física e simbólica, onde podem ser encontrados
elementos da violência do Bullying
[3] SANTANA, Edésio T. Bullying e Cyberbullying -
Agressões Dentro e Fora Das Escolas. São Paulo: Paulus, 2011.
[4] (ELIAS, Nobert; SCOTSON; J). Os
Estabelecidos & os Outsiders
[5] SANTANA, Edésio T. Bullying e Cyberbullying -
Agressões Dentro e Fora Das Escolas. São Paulo: Paulus, 2011.
[6] TEXTO BASE da Campanha da Fraternidade
2009. Fraternidade e segurança pública. CNBB, Brasília, Edições CNBB, 2008.
[7] (Papa Francisco) Misericórdia et
Misera, no término do Jubileu Extraordinário da Misericórdia
[8] (Sto Agostinho) Dos Tratados sobre
João, (Tract.26,4-6:CCL36,261-263)
[9] (José Maria Corral) Entrevista a
Rádio Vaticano em <http://www.radiovaticana.va/proxy/portuguese/noticiario/2017_11_21.html#Art_1350192>
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