Pureza, lente que nos leva a enxergar a dignidade humana

“Acaso ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus? Ignorais que não pertenceis a vós mesmos? ” (I Cor 6, 19)

Olá, pessoal! Hoje, vou falar com vocês um pouco sobre a importância da pureza no nosso relacionamento com o próximo. Esse texto é baseado em algumas das catequeses de São João Paulo II, que integram a Teologia do Corpo.
Como diz na passagem que eu coloquei no começo do texto, o nosso corpo é templo do Espírito Santo e, portanto, precisamos trata-lo como. Para que possamos viver a virtude da pureza é necessário que tenhamos temperança e tenhamos domínio contra os nossos impulsos (cf. I Tes 4, 3-5) e nos tratemos com respeito mútuo (cf. I Cor 12, 18-25). São Paulo ainda vai nos dizer na primeira Carta aos Coríntios que devemos fugir de toda fornicação, porque quando praticamos a fornicação, estamos pecando contra o nosso próprio corpo, são os chamados “pecados carnais”. Esses pecados trazem consigo a profanação do corpo, privando o corpo do homem ou da mulher do respeito que se deve a ele, em virtude da dignidade da pessoa.
“Fostes comprados por um grande preço” (I Cor 6, 20): Através da redenção, recebemos de Deus quase novamente a nossa própria existência e o nosso próprio corpo, ou seja, uma nova dignidade. O Espírito Santo, fruto da redenção, habita em nosso corpo como num templo e nos santifica, fazendo assim com que recebamos novamente o próprio ser como dom de Deus. Dessa forma, São Paulo nos diz: “O corpo, porém, não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o corpo” (I Cor 6, 13), ou seja, devemos tratar o nosso corpo como esse templo, como um tabernáculo, sendo dever nosso “possuir o próprio corpo em santidade e honra”.
Essa pureza, que é a capacidade de manter o próprio corpo com santidade e respeito, aliada com o dom da piedade, realiza nele tal plenitude de dignidade nas relações interpessoais, que Deus mesmo é glorificado nisso. “A pureza é a glória do corpo humano diante de Deus. É a glória de Deus no corpo humano, através do qual se manifestam a masculinidade e feminilidade” (São João Paulo II) – e é essa pureza que faz brotar a beleza na convivência mútua dos homens e temos a expressão de simplicidade e a profundidade, a cordialidade e autenticidade irrepetível da confiança pessoa.
Na Sagrada Escritura encontramos muitos textos que podem nos ajudar em nossas orações. Um que eu gosto muito é o Salmo 50, o Miserere, que diz: “Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza”. Mas por que devemos rezar pedindo a pureza? São João Paulo II vai dizer que a pureza é condição para encontrarmos a sabedoria e para segui-la, porque a sabedoria faz com que tenhamos grandes progressos.
A pureza, de acordo com os livros sapiências, tem um duplo significado: como virtude e dom. Dessa forma, a virtude está ao serviço da sabedoria, e a sabedoria predispõe para acolher o dom que provém de Deus. Este dom fortifica a virtude e consente que se usufrua, na sabedoria, os frutos de um proceder e de uma vida que sejam puros.
No Sermão da Montanha (mais precisamente em Mt 5, 27-28), Jesus vai dizer: “Não cometerás adultério”, que não quer dizer somente o ato de trair o cônjuge, mas diz respeito na superação da nossa concupiscência da carne nos pensamentos e desejos. Isso é a pureza de coração, que nos liberta (homens e mulheres) do todo pecado ou da culpa e não só dos pecados que dizem respeito à “concupiscência da carne”.
Porém, a pureza não é só não cometer imoralidades, ou agir com temperança, mas é também abrir-se para uma descoberta cada vez mais perfeita da dignidade do corpo humano; que está relacionada com a liberdade do dom da pessoa na autenticidade integral da sua subjetividade pessoal. “Deste modo a pureza, no sentido de temperança, desenvolve-se no coração do homem que a cultiva e tende a descobrir e a afirmar o sentido esponsal do corpo na sua verdade integral” (São João Paulo II). Essa verdade deve ser conhecida em nosso interior, sentida em nossos corações, para que as relações recíprocas do homem e da mulher, mesmo um simples olhar, tenham novamente aquele valor esponsal autentico.
É através dessa pureza que nós viveremos como imagem e semelhança de Deus e enxergar que o próximo também é santuário de Deus, é templo do Espírito Santo. Que possamos ter a pureza no nosso olhar, aprendendo a encher que o outro é filho de Deus; a pureza no nosso pensamento, evitando pensamentos que alimentem a nossa fantasia e os nossos desejos; e a pureza de coração, sendo decidido e lutando contra as más tendências e paixões da carne. “A pureza do coração nos permitirá ver a Deus e nos permitirá, desde já, ver todas as coisas segundo Ele” (cf. CIC 2531).
Deus nos abençoes!


(Mariana Neves – Minions Católicos)

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