“Não por ter sabido de algo assim, entre vós, escrevo estas
palavras, mas desejo acautelar-vos, como a filhos meus muito caros.”[i]
Caros Correspondentes em Cristo,
que a Paixão de Cristo os Confortes!
Em uma série de Textos sobre os
documentos da Igreja (Aqui) comentei convosco sobre os escritos da Patrística,
também conhecido como primeiros padres, padres apostólicos ou patriarcas
católicos. Quem são eles?
O Papa Bento XVI assim define: “Padres
apostólicos, isto é, à primeira e à segunda geração na Igreja depois dos
Apóstolos. E assim podemos ver o início do caminho da Igreja na história”[ii]
e acrescenta que também “são mestres da fé também para nós hoje e testemunhas
da perene atualidade da fé cristã”[iii]
E o que faz muito sentido!
Compartilho convosco que durante um retiro no início do Advento de 2017, em um momento
de oração matinal, chamei uns amigos para prestar a atenção em um texto que
falava da natividade de Maria. O texto era tão rico, tão profundo e denso em
verdades da nossa Fé, que um dos meus amigos (e também padrinho) disse: “Nossa
que forte, não conhecia, quando foi escrito isso?”[iv]
Respondi no século IV, conversamos de como aquele texto era esclarecedor e nós
com tempo de caminhada ainda não conhecíamos.
Meus caros essa é a riqueza dos
textos desses primeiros padres e mestres da nossa fé. Que vão do Século I até meados
do Século VII. Essas figuras católicas têm uma experiência ímpar frente ao
desenvolvimento da Fé Cristã e Católica. E muito do que sabemos da
interpretação da Sagrada Escritura vem deles como aponta Bento XVI: “é
importante ler a Sagrada Escritura e ouvi-la na comunhão da Igreja, isto é, com
todas as grandes testemunhas desta Palavra, a começar dos primeiros Padres até
aos Santos de hoje e ao Magistério atual” [v]
Leão XIII no século XIX, também
diz: “Os Santos Padres sabiam tudo isso pelos estudos ou pela experiência
prática, e nunca deixam de exaltar a Sagrada Escritura e seus frutos. Em
inumeráveis trechos de seus escritos, nós os encontramos aplicando-lhe frases
como "um inesgotável tesouro da doutrina celestial”[vi].
Correspondentes se atentem que
essa frase de Leão XIII pois evidencia uma verdade muito grande, a que os Primeiros
Padres, estavam lá junto aos apóstolos e formam a Igreja Primitiva. Tanto que
alguns como São Clemente é justamente um dos primeiros Papas (3º). Outros foram discípulos e
sucessores dos Apóstolos. Ou seja, Sabe quando tem sempre alguém que quer falar
para você olha “Cristo não quis fundar uma religião” ou “a Igreja católica não
é a Igreja de Cristo”, pois faça como eu e “de zero para eles”!
Tanto do ponto de vista Histórico,
Sociológico e Teológico esses primeiros padres são Parte dessa Igreja Católica –
chamada de Igreja Primitiva e eles por CONVIVÊNCIA são testemunha de como a
Igreja vivia nesse período. Por exemplo hoje sabemos que Quando São João
apóstolo por diversas vezes em suas cartas diz: “Filhinhos” (1ºJo 1) ele
escrevia a destinados discípulos (e por extensão também a nós).
E quem eram esses Filhinhos? Um
deles é Santo Inácio de Antioquia um dos mais companheiros e assíduos
discípulos de João Evangelista[vii].
Quando São Pedro continua sua jornada até Roma ele entrega o episcopado de
Antioquia o qual regia para Inácio, que ali ficará até ser preso e enviado ao martírio.
A Constituição Dogmática Dei
Verbum, ainda destaca que: “Afirmações dos santos Padres testemunham a presença
vivificadora desta Tradição, cujas riquezas entram na prática e na vida da
Igreja crente e orante”[viii]. Portanto, muito do que compreendemos da Sagrada Escritura, do nosso Magistério e
da Tradição vem desses primeiros Padres, ou como o Papa Francisco reflete “nos
ajudam a compreender a luz”[ix]
São pelo menos 40 autores dos
quais destaco os que li: São Clemente, São Gregório Magno, São Leão Magno, São
Cirilo de Alexandria. São Gregório Naziziano, São Basílio, São Gregório de
Narek e os que eu mais leio e aprendo: Santo Inácio de Antioquia, São Irineu de
Leão e Santo Agostinho.
São Irineu de Leão considerado o
último dos apóstolos que teve contato com os primeiros apóstolos. Conta a
história da Igreja nos primeiros séculos – o que aconteceu com os discípulos
no seu cotidiano e que está depois da sagrada escritura, vejam só como ele
narra um episódio rotineiro de São João Evangelista: “João, o discípulo do Senhor, tendo ido, um dia, às termas de Éfeso
tendo notado Cerinto disse: ‘Vamos voar, para que até mesmo a casa de banho
venha abaixo, porque Cerinto, o inimigo da verdade está aí dentro!’”[x]
Viram que forte? Esses santos
também foram os grandes responsáveis por contribuírem para nosso entendimento das verdades contidas dos Dogmas da Igreja Católica. Afirmando a nossa Fé e respondendo frente a
diversas Heresias, como fez Leão Magno. Ou o Próprio Irineu de Leão e Basílio
de Cesárea que eram grandes Defensores do Papa e do Primado de Pedro, defendendo que Bispo de Roma procedia todos o bispos e patriarcas. São defensores
da pessoa do Papa e da hierarquia da nossa Igreja. Ambos escrevem narrando boa parte da História da nossa
Igreja nos cinco primeiros séculos.
E o Poder deles? Bom muitos como
os apóstolos também faziam milagres e curavam. Entretanto o maior poder deles eram ser
humildes servos ao ouvido da sagrada escritura [xii] e assim interpreta-la e escrever
isso para nós[xii]. Entre tantas contribuições, muitos deles nos ajudaram a compreender o sinal da Paixão de Cristo e da Cruz. Eles são os responsáveis por esclarecer as Alianças, o sacrifício de Isaac e de Moisés e sua relação com o Cristo Imolado. São eles que vão dizer que o madeiro da cruz é a arvore da vida regada no preciosíssimo Sangue Eucarístico e na Água Batismal. E
como estamos no Tempo da Paixão do Senhor vou deixar para vocês correspondentes
algumas lindas frases desses primeiros padres:
“Tudo padeceu por
nós para alcançarmos a salvação; e padeceu de verdade, como também de verdade
ressuscitou a si mesmo”. (St Inácio de Antioquia)
“Eu também sei que,
depois da ressurreição, vive em seu corpo e creio estar ele ainda agora com seu
corpo”. (St Inácio de Antioquia)
“A bondade do Senhor
não nos abandonou. Nem mesmo pela estupidez com que desprezamos seus dons
conseguimos destruir seu amor em nós, embora desdenhássemos nosso benfeitor. Ao
contrário, fomos libertos da morte e chamados de novo à vida por nosso Senhor
Jesus Cristo”. (São Basilio Magno)
“Toda ação de Cristo
é glória da Igreja católica. Contudo, a glória das glórias é a cruz. Paulo,
muito bem instruído, disse: Longe de mim gloriar-me a não ser na cruz de
Cristo.” (São Cirilo)
“Pois bem; a glória
da cruz encheu de luz os que estavam cegos pela ignorância, libertou os cativos
do pecado, remiu o universo inteiro.” (São Cirilo)
“Não nos
envergonhemos da cruz do Salvador. Muito pelo contrário, dela tiremos glória”. (São
Cirilo)
“O Cordeiro não
entregou a vida coagido, nem foi imolado à força, mas por sua plena vontade.
Ouve o que ele disse: Tenho o poder de entregar minha vida; e tenho o poder de
retomá-la.” (São Cirilo)
“Ora, Isaac,
carregando a lenha para o próprio holocausto, é uma figura de Cristo carregando
sua cruz. No entanto levar a lenha para o holocausto é ofício de sacerdote.
Torna-se então ele mesmo a vítima e o sacerdote”. (Origines)
“Sirva, portanto, a
proclamação do santo Evangelho para confirmar a fé de todos, e ninguém se
envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido” (São Leão Magno)
“Porque, na verdade,
foi ao cair da tarde daquele dia, que o Senhor, voluntariamente, entregou na
cruz sua vida, para retomá-la em seguida.” (Santo Agostinho)
“Também aqui
estávamos representados. Com efeito, o que estava suspenso na cruz foi o que
ele assumiu da nossa natureza.” (Santo Agostinho)
“Como seria possível
que o Pai rejeitasse e abandonasse algum momento seu Filho Unigênito, sendo
ambos um só Deus?” (Santo Agostinho)
“Contudo, cravando
nossa frágil natureza na cruz, onde o nosso homem velho, como diz o Apóstolo,
foi crucificado com Cristo” (Santo Agostinho)
Derlei Andriotta – Minions Católicos
[i] (santo Inácio de
Antioquia) Carta aos Tralianos
[ii] (Bento XVI) São Clemente
Romano, audiência geral de 07 de março de 2007
[iii] (Bento XVI) Tertuliano, audiência
geral de 30 de maio de 2007
[iv] Diálogo entre o autor e
seu amigo Gabriel Gil Miguel no Retiro do Getsemâni dezembro de 2016
[v] (Bento XVI) Exortação
Apostólica Verbum Domini
[vi] (Leão XIII)
Providenticimus Deus
[vii] (São Basílio) História
Eclesial. Bento XVI faz um resumo desse capítulo na Audiência de 14 de março de
2007
[viii] (Beato Paulo VI)
Constituição Dogmática Dei Verbum
[ix] (Papa Francisco)
Meditações matutinas, “De onde vem a Luz”, 24 de novembro de 2014
[x] (São Irineu de Leão)
Contra as Heresias Livro 3
[xi] (Thomás de Kempis) A Imitação de Cristo
[xi] (Thomás de Kempis) A Imitação de Cristo
[xi] (Beato Paulo VI)
Constituição Dogmática Dei Verbum
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