O Poder da Novena ou Fonte dos Desejos? O peço é atendido ou não?




Caros Correspondentes em Cristo, tudo bem com vocês?
Vamos conversar um pouco, sobre os nove meses com Maria e a nossa experiência com essa novena!
Antes de tudo vou falar de onde vem a novena? Como ela surgiu?
Novena é um tempo de preparação, um tempo de espera. E vemos esta espera já no começo do judaísmo. Em Êxodo 22: 19, Moisés, recebe a ordem do Senhor que no oitavo dia todo primogênito deveria ser dado ao Senhor.
Temos também diversos relatos na Bíblia onde grandes acontecimentos tinham uma preparação ou uma celebração de oito dias. Como a Circuncisão de Jesus Cristo (Lc 2, 21 – 23). Ou as bodas de Canã em João 2, 1 – 10.
E uma passagem muito importante que está no capitulo 1 até o capitulo 2, 1 – 3 dos Atos dos Apóstolos da ascensão do Senhor no oitavo dia. E o que seriam esse tempo de oito dias? Aliás estamos terminando esse tempo, tão importante para nós! Que tempo é esse? Será que é importante para nós?
Estamos vivendo o tempo Pascal! As oito semanas da Páscoa, para “completar em nós o sinal da nossa Fé” como ensina Santo Agostinho[i]! Que é o tempo entre a Ascenção e o Pentecostes!
É nesse misto de festa e de celebração em que se inspiram as novenas.
Rezamos oito dias refletindo, agradecendo, pedindo, colocando e apresentando os nossos desejos, aquilo que queremos alcançar nas mãos caridosas de Deus. E então no nono dia temos a certeza, ou melhor a esperança de sermos atendidos. Por isso no nono dia vamos celebrar e agradecer essa experiência de passar oito dias rezando.
Notem que há uma diferença em sermos atendidos e de ter nossos desejos realizados! E aí correspondentes faço uma pergunta muito importante quem tem ESPERANÇA?
Será que posso dar um Glória a Deus, para quem tem Esperança?
Toda vez que rezamos um Pai Nosso professamos a Esperança... “Venha nós o vosso Reino, seja Feita a sua Vontade”. Ou seja, dizemos com força “Senhor, eu ponho em vós minha esperança” (Sl 30:2)
E você que leu e respondeu com um “Afff” claro que tenho Esperança. Eu refaço a pergunta você sabe ESPERAR? Sim como diz o salmo: “Repousa no Senhor e espera nele!” (Sl 36:7)
Se você tem a Esperança como diz, pense se você sabe, consegue e gosta de esperar? Principalmente quando os pais falam, ou quando as coisas nos relacionamentos não vão bem? Em todos os relacionamentos: profissionais, afetivos, de amizade e principalmente pastorais? Quer um banho de água fria, quando você está com tanto entusiasmo e o padre ou outro coordenador te diz: “Calma, vamos esperar!”.
Pois bem caros correspondentes quem não consegue esperar... não consegue ter Esperança! E tenham bem em mente que Novena (assim como qualquer oração de súplica), não é uma fonte de desejos, ou um cometa que só de jogar moeda ou olhar para o céu teremos nossos desejos realizados!
Pois quando realizamos uma novena nós exercitamos uma antiga catequese dos primeiros bispos da nossa Igreja: “esperar o que já se vê? Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança (Rm 8,24-25). A esperança e esperar são necessárias para levarmos ao bom termo o que começamos a ser e para conseguirmos aquilo que, tendo-nos sido apresentado por Deus, esperamos e acreditamos” (São Cipriano)[ii]
Por isso nós rezamos a Deus e a Ele colocamos nossa oração, “Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria”[iii]. E se você reza assim com tanta fé porque Deus não te atende?
 O Catecismo da Igreja Católica responde de forma um tanto dura mas bem firme, vejam:
“Um fato deveria provocar admiração em nós. Quando louvamos a Deus ou lhe damos graças pelos benefícios em geral, pouco nos preocupamos em saber se nossa oração lhe é agradável. Entretanto, temos a pretensão de ver o resultado de nosso pedido. Qual é, pois, a imagem de Deus que nos motiva à oração? Um meio a utilizar ou o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo?[iv] Nós nem sabemos se estamos sendo justo com Deus e ainda reclamamos quando não somos atendidos?
O Catecismo ainda lembra que "nem sabemos o que convém pedir" (Rm 8,26)? Pedimos a Deus "os bens convenientes"? Nosso Pai sabe do que precisamos, antes de lhe pedirmos, mas espera nosso pedido porque a dignidade de seus filhos está precisamente em sua liberdade. Mas é preciso rezar com seu Espírito de liberdade para poder conhecer na verdade o seu desejo[v].
Ou seja, quando você está pedindo algo pense: é para o bem de quem? Vai me trazer oportunidade de pecar? Vou ser justo comigo e com os outros se meu pedido for atendido? Não serei vaidoso quando for atendido? Vou realizar um pedido, com o fim de gastardes nos vossos prazeres" (Tg 4,2-3)?[vi]
Queridos Correspondentes, Deus não é um balcão de negócios e por isso é importante termos consciência que rezamos sempre para agradecê-lo e louvá-lo e, vocês devem pensar então porque rezar, porque pedir a intercessão dos santos?
Bom todos os santos já estão com Deus "Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai”, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus[vii].
Assim quando rezamos uma novena, contamos com a intercessão daqueles que serviram e seguiram com mérito o grande mediador com o Pai, Jesus. Quando rezamos uma novena seguimos cada passo de ação e de transformação desses santos junto a Deus. E isso nos é permitido para que entendamos que pessoas humanas conseguem não só chegar a santidade, mas também tiveram a esperança e a vontade deles fosse se transformando ao ponto de compreender e fazer a vontade de Deus.
E por isso que estamos (Carina e Derlei), rezando essa novena olhando para Maria, para Esperar com Ela “A Esperança no que há de vir” (Hb, 10, 23. 37). E durante esses nove meses nós vamos meditar com Maria como tudo começou. Vamos Esperar com ela, imaginar com ele, sentir cada contração de Jesus. Gestar Jesus em nosso Ser!
Quando nós rezamos os nove meses com Maria, nos colocamos com ela todas as dores, supressas, alegrias, medos e receios.
Muitas vezes nós sequer imaginamos o que Maria passou nesses nove meses.
Vejam precisou um anjo chegar a José e o avisar que era filho do altíssimo que Maria carregava.
E José e Maria foram morar juntos. O que era de Maria quando ela tinha que sair para as ruas? E povo já a via com ventre em formação – será que muitos não se pegavam contando e sussurrando e falando mal dela e de José, que não respeitaram a tradição?
Ás vezes parece difícil de imaginarmos essas coisas – coisas que praticamos e muito! Eu mesmo já pedi perdão por julgar as pessoas por maldade ou dar razão a fofocas.
É difícil imaginarmos alguém falando mal da Sagrada Família. Para nós hoje é inadmissível. Entretanto nós sabemos e reconhecemos Maria como mãe de Deus! E eles que estavam ao lado de Maria e de José não sabiam!
Por isso também é difícil imaginar que Maria perto do seu terceiro mês de gestação foi ajudar a Isabel que estava no oitavo mês – oitavo/nono – entenderam?
Tanto que teremos a festa da visitação daqui uns dias e segundo a nossa tradição Maria ficou com ela até o tempo de João Nascer.
Então Maria foi com quase três meses de gestação, visitar Isabel e, voltou com pouco mais de cinco meses. Sem carro, sem ônibus, no deserto, com vento de areia – que corta o rosto.
Quantas mulheres Maria e José não viram durante esses nove meses, mulheres que também podem ter sido apedrejadas, mulheres que perdiam e perderam seus filhos, mulheres que ficaram sozinhas – talvez seja por isso que Jesus era tão carinhoso com as viúvas e mulheres que perderam seus filhos (Lc 23, 28 – 29).
Quantos assaltos, roubos, espancamentos, flagelos e principalmente crucificação Maria não presenciou nesses nove meses.
Quando rezamos essa oração estamos nos colocando junto a todas essas experiências que Maria e São José passaram esperando Jesus. E souberam. Esperar e entregar.
Santo Anastácio diz “Compadecido da fraqueza do gênero humano, comovido pelo nosso estado de corrupção, não suportando ver-nos dominados pela morte, tomou um corpo semelhante ao nosso. Construiu no seio da Virgem um templo para si”[viii] – inclusive é um trecho muito bonito usado na oração Te Deum: “ousou tomar o corpo no corpo de uma virgem”.
Nós rezamos atualmente várias novenas e a maioria delas como a de Santo Inácio, Santo Anchieta e a de São João XXIII, mostram todos os passos da transformação dessas pessoas no caminho da Santidade, sempre acompanhado de leituras bíblicas e de como chegaram na plenitude de Deus. E geralmente no nono dia não se faz o pedido, mas o agradecimento. E nesses nove dias temos uma experiência de nos transformar e refletir se o que estou pedindo será realmente um fruto para nossa salvação e dos outros
Oração da gravidez de Maria
Deus Pai, que por obra do Espírito Santo fecundaste o seio virginal de Maria e a escolheste para ser a Mãe de Jesus, nosso Salvador, eu te louvo e te agradeço por teu amor incondicional por mim, por minha família e por toda a humanidade. Sei que minha vida é regida pela tua providência; da mesma forma que chamaste Maria para uma missão tão importante, também me chamas para cumprir teus desígnios. Quero ser fiel a ti, a exemplo de Maria que gerou o Verbo por nove meses; também quero gestar o teu Filho em meu coração até eu poder dizer como o apóstolo Paulo: Já não sou eu quem vivo é Cristo quem vive em mim. Nesta novena em que eu acompanho diariamente os nove meses da Virgem Imaculada grávida eu te peço a graça (...fazer o pedido...). Eu confio, amo e espero, assim como tua serva, Maria Santíssima, Mãe de Jesus. Amém.

E tenham certeza que Deus te prepara a esperar, a conseguir e a ter Esperança: “E agora, meu Senhor, que mais espero? Só em vós eu coloquei minha esperança! Espero em vosso nome, porque é bom, perante os vossos santos! ” (Sl 38/39, 8.11).
Derlei Andriotta - Minions Católicos


[i] (Santo Agostinho) Sermão 8 Oitavas da Páscoa
[ii] (São Cipriano) Do Tratado sobre o bem da paciência
[iii] (São João Paulo II) Catecismo da Igreja Católica 2559
[iv] (São João Paulo II) Catecismo da Igreja Católica 2735
[v] (São João Paulo II) Catecismo da Igreja Católica 2736
[vi] (São João Paulo II) Catecismo da Igreja Católica 2737
[vii] (São João Paulo II) Catecismo da Igreja Católica 956
[viii] (santo Anastácio)




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