E aí, meus queridos
amigos. Tudo bem com vocês? Espero que estejam todos bem e firmados no amor de
Deus.
A palavra que não sai da
boca dos jovens hoje em dia é: “RANÇO”. É a palavra do momento. Todos dizem
sentir ranço de algo ou de alguém por aí. Você mesmo que está lendo esse texto
pode estar sentindo ranço nesse exato momento. Ranço parece não ser somente a
palavra da moda, a gíria mais usada ou o termo mais popular atualmente. Na
verdade, o ranço é o sentimento que impera em nossos corações. Certamente,
muitos de nós sentem mais ranço do que amor. Somos mais movidos a ranço do que
à empatia e compaixão pelo próximo. É difícil amar alguém, mas é facinho,
facinho sentir ranço por aquela pessoa inconveniente que nos tira do sério seja
no trabalho, em casa, na escola ou qualquer outro lugar por aí.
Mas, afinal de contas, o
que é o ranço? Como podemos definir? Afinal de contas, muitos dizem que “um
ranço é um ranço, não é mesmo?”. Mas que diacho é ranço, minha gente?
Por definição original,
ranço é o nome dado a um alimento quando este apresenta uma alteração
significativa em seu sabor devido ao contato com substâncias gordurosas por
meio do ar. Nesse âmbito, o ranço é identificado pelo seu odor forte e
característico além de seu sabor amargo ou acre. Do ponto de vista científico,
o contato do alimento com gordura por muito tempo produz ácido butanoico no
alimento, fazendo com que haja o ranço, sendo que o alimento pode ser nomeado
também como rançoso.
Porém, o termo “ranço”
também pode ser empregado no uso corriqueiro da língua portuguesa, sendo que no
Brasil a gíria se tornou famosa através de muitos memes na internet. Porém, a
gíria é de origem relativamente antiga, sendo observada seu surgimento e
popularização no final dos anos de 1990. Porém, pela primeira vez, o uso do
termo ranço na forma popular a fim de designar uma pessoa antipática é
observada na obra “Dicionário brasileiro de insultos” de Altair Aranha no ano
de 2002.
Popularmente, de modo
figurativo, ranço quer dizer antipatia à determinada pessoa ou alguém,
sentimento de rancor, repúdio, desprezo ou até mesmo raiva. Pode ser muitas
vezes empregada como sinônimo de nojo e está ligado a algo ou alguém
desagradável.
O termo “ranço” foi
certamente a palavra do ano em 2017. Desde o mês de janeiro, quando a cantora
popular Anitta publicou em seu Twitter que “ranço é um caminho sem volta” o
termo foi empregado vastamente, sendo observado em memes, camisetas e,
obviamente, nas frases que ouvimos por aí.
A verdade é que o termo,
muito ouvido pelos jovens, inclusive dentro de nossas Igrejas faz-nos refletir
sobre a verdadeira caridade cristã e o amor pelo próximo.
Certamente que muitos de
nós temos ranço pelo nosso irmão, seja aquele que está junto de nós na
Pastoral, o nosso colega de grupo de oração, aquela pessoa que simplesmente
serve junto de nós ou seja aquela pessoa que vai à missa conosco. O ranço está
presente em todos os lugares, inclusive dentro da Igreja.
Porém, o que mais me
chama a atenção é o fato de que o sentimento de ranço que rola solto por aí nos
impede de sermos verdadeiros cristãos. Nós mais sentimos ranço pelo irmão do
que amor! Nós somos falsos, tal como os fariseus, pois na hora de nos
abraçarmos nos cumprimentos do grupo ou na Missa, fazendo com um sorriso falso,
mas por dentro, no nosso coração, há somente o ranço. Nós não praticamos o
verdadeiro amor mútuo, aquele que unia as primeiras comunidades cristãs, porque
o ranço nos impede!
A gente pega ranço do
padre, a gente pega ranço daquela pessoa que quer cantar mas a gente não gosta
da voz, a gente pega ranço com o coordenador pois achamos que é chato demais, a
gente pega ranço com aquelas “véia” porque dizemos que só querem rezar, a gente
pega ranço do povo que é da Acolhida porque a gente acha chato chegar e falar
“OI” pra todo mundo.... O sentimento que nos une é o ranço!
Mas será que o problema
está nos outros ou será que o problema está em nós mesmos? Será que a gente
sabe lidar e conviver com as diferenças entre as pessoas? Será que nós sabemos
lidar com aquelas pessoas antipáticas e desagradáveis? E o pior: será que nós a
amamos tal com Jesus ama?
A verdade é que não
devemos ser falsos, mas também não devemos maltratar as pessoas devido ao ranço
que sentimentos por elas. Devemos buscar rezar e pedir à Deus a sabedoria para
lidar com as diferenças, a amabilidade e a doçura para o bom convívio e pedir à
Deus que transforme o nosso coração para que saibamos amar verdadeiramente.
Exemplo disso é Santa
Teresinha do Menino Jesus. Havia uma pessoa dentro do convento a qual Santa
Teresinha tinha muitas dificuldades de convívio. Se fossemos usar os termos de
hoje poderíamos dizer que Santa Teresinha tinha até ranço dessa irmã. Porém, a
santa tratava esta irmã com tanta doçura que a mesma considerava Santa
Teresinha sua melhor amiga! A Santa a tratava com gestos de amor e delicadeza.
Através da oração, Santa
Teresinha desenvolveu a capacidade de tratar as pessoas com amor, embora não as
suportassem, chegando ao ponto das pessoas, de forma equivocada, pensarem que
Teresinha tinha um carinho especial com elas. Isso não é falsidade. Mas isso é
deixar Deus te transformar. Nós temos o ranço e esse ranço nos distancia do
irmão, nos afasta do convívio com a comunidade, nos deixa separados. Nós
escolhemos conviver somente com aqueles que são semelhante a nós.
Santa Teresinha nos
ensina e muito! A santa e doutora da Igreja nos aconselha que devemos aperfeiçoar
a nossa capacidade de amar. Segundo ela, o amor é uma escolha, uma atitude, não
sentimento. Disse Santa Teresinha: “Eu
tratava de prestar-lhe todos os serviços que eu podia. Quando sentia a tentação
de contestá-la de maneira desagradável, limitava-me a me dirigir a ela da
maneira mais encantadora possível: com meu sorriso”. Depois de certo tempo,
os sentimentos mudaram de verdade e o amor venceu!
Que sejamos vitoriosos no
amor. Que o ranço se transforme em amor pois o amor é uma escolha, uma decisão!
Vamos! Vamos provar para
Anitta que ela está errada. Que o ranço não é caminho sem volta não. Que tudo é
possível por meio do amor à aquele que crê (Marcos 9, 23).
(Wesley Fernandes Fonseca – Minions Católicos)
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